FOLHA DE SP - 17/01/12
O governador de São Paulo parece ser um daqueles que rezam pelas virtudes curativas do porrete da polícia. Não é de hoje que ele expõe a sociedade às "ações enérgicas das forças da ordem", mesmo que a eficácia de tais ações muitas vezes seja próxima de zero.
Há anos, sua polícia envolveu-se em uma operação para exterminar líderes do PCC, isso no caso conhecido como "Castelinho". "Estamos definitivamente livres do PCC", afirmava solenemente o secretário da Segurança. Anos depois, o mesmo PCC parou São Paulo em uma das mais impressionantes demonstrações de força do crime organizado.
Mais ou menos nessa época, militantes de direitos humanos se mobilizaram para exigir o afastamento de membros da polícia acusados de praticar tortura na ditadura. Expressiva maioria dessas demandas permaneceu letra morta.
Só nos anos de 2011 e 2012 vimos mais dois exemplos patéticos de atuação de uma polícia que sempre gostou de confundir segurança com demonstração histérica de força. A primeira ocorreu na USP.
Após a intervenção policial no desalojamento de estudantes que invadiram a reitoria, cresceram denúncias de maus-tratos praticados por policiais.
O último capítulo foi a recente e inacreditável cena de um policial com arma em punho ameaçando um estudante: prova cabal do despreparo de uma corporação acostumada a atirar primeiro e pensar depois. A sociedade deveria ler com mais calma os estudos que se avolumam nas universidades sobre violência policial.
Agora, fomos obrigados a assistir a uma incrível intervenção na chamada cracolândia.
Nada adianta a maioria dos profissionais de saúde mental insistir no absurdo que significa tratar uma questão de saúde pública como um problema de segurança. Nada adianta lembrar que a maioria das pessoas nessa região não são traficantes. São, na verdade, usuários, que devem ser tratados não a bala, mas em leitos de hospital. Afinal, há uma parcela da população que se excita quando vê a polícia "impondo a ordem", por mais teatral e ineficaz que seja tal imposição. Para tal parcela, a polícia é um fetiche que serve para embalar o sonho de uma sociedade de condomínio fechado.
Se tais pessoas, ao menos, se lembrassem de Philippe Pinel, o pai da psiquiatria moderna, talvez elas entendessem o valor nulo de tais ações policiais, assim como da defesa de políticas de "internação compulsória" de viciados.
Aquele que é vítima de sofrimento psíquico (e a drogadição é um deles) só será curado quando o terapeuta for capaz de criar uma aliança com a dimensão da vontade que luta por se conservar como autônoma. Não será à base de balas e internação forçada que tal aliança se construirá.
4 comentários:
Enquanto isso, o resto da sociedade, que trabalha diariamente, que paga impostos que paga pela segurança, faz o QUE?
Abre a porta de casa, dá ouvidos a um psquiatra ou a um (sic)""""filósofo""""", abre as posrtas de casa e oferece sopa quente aos bandidos e aos drogados?
Esses idealistas de esquerda, da laia do seu Safatle são bons na teoria, mas na prática são iguais a todos os outros.
É porque refletir dá trabalho mesmo, Sr. Anônimo...melhor deixar o Sr. Alckmin e a polícia fazerem o trabalho deles, né?! (Assim a gente fica na plateia, só assistindo...)
Vc se incomoda com o "seu Safatle", porque ele é uma pedra no caminho daqueles que, como vc, só pensa em si, em seu trabalho e em seus impostos pagos, e se recusam a enxergar que o problema é bem mais complexo...e de responsabilidade de um grupo bem maior do que se pensa...
É por isso que reflexões assim dá trabalho...melhor classificá-los de "bandidos e drogados" e deixar a polícia fazer seu trabalho (que por sinal é bem eficiente, né?!) E assim continuamos a dar murros em ponta de faca...
A meu ver, a ignorância e a má informação são o grande vírus, e se alastram mais que o crack!
Esse artigo anuncia , de forma precisa e acurada, um longo processo de controle que a cidade de São Paulo está sofrendo nessas últimas gestões públicas.
Vale lembra de mais um absurdo: dos 31 ou 32 subprefeitos na capital paulistana 30 são ex-coronéis de polícia.
Daqui a pouco teremos esses "bastardos inglórios" de volta ao comando do país.
E segue a minha pergunta:
Fazer o que com os drogados e com os bandidos?
Dar tratamento a pão-de-ló enquanto quem deixa 40% do salário de presente para o governo não tem segurança?
Ou usar a tática das "inteligências" esquerdistas no naipe uspiano do Safatle & cia limitada e fazer cada cidadão acolher um bandido ou um drogado e oferecer sopa quente toda noite além de dividir a cama.
Eu não duvido que alguns destes """"filósofos"""" proponha isso, propor é fácil mas são os primeiros a ter ojeriza a pobres, drogados e bandidos, desde que o problema seja em seus respectivos quintais.
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