FOLHA DE SP - 12/12/12
SÃO PAULO - O partido criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, surgiu como uma espécie de beijo da morte nas oposições. Disposto a acoplar-se aos ocupantes do poder nos Estados e no âmbito federal, o PSD disseminou o slogan subliminar de que não existe vida fora do governo.
Um dos pressupostos do programa "de facto" do PSD é o de que o ciclo político no Brasil, após o advento da reeleição, aumentou para oito anos. É perda de tempo e de cacife político, calculam seus dirigentes, confrontar-se com as forças governistas por um período tão longo.
Melhor é compor e aproveitar eventuais brechas no processo sucessório. Eis o raciocínio tático que, num ambiente de restrições judiciais à troca de partidos, culminou no sucesso, em termos de adesão, do PSD.
Mas o que será do mentor do projeto? Kassab quer ser candidato ao governo paulista. Seu peessedismo, porém, recomenda não confrontar-se com Geraldo Alckmin, primeiro (e único) na fila da candidatura de 2014 pela situação.
O Senado poderia ser uma alternativa, mas só haverá uma vaga em disputa, e o desafio será desbancar o petista Eduardo Suplicy.
Tudo somado, talvez reste a Kassab negociar uma vice-candidatura na chapa de Alckmin em 2014. Aí a coisa fecha: uma brecha poderá abrir-se no final de um hipotético -e provável- segundo mandato do tucano, em 2018. Kassab é novo, pode esperar etc. e tal.
Será que o prefeito paulistano chega lá? O Datafolha publicado ontem diz pouco sobre o prognóstico da eleição municipal de outubro do ano que vem. Mostra, contudo, uma claríssima deterioração da capacidade do atual prefeito de interferir na sua própria sucessão.
Se o legado político e administrativo de Kassab na capital for esterilizado no pleito de 2012, ele poderá acabar engolido pela mesma esperteza tática que animou a criação do PSD.
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