FOLHA DE SP - 22/12/11
A queda do ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, sexto integrante do primeiro escalão do governo abatido pela pesada artilharia da mídia, abastecida pela farta munição dos arsenais "amigos", deixa patente que, mesmo sem oposição relevante no cenário político e partidário, o bloco situacionista se mostra incapaz de sustentar nos cargos os nomes que emergiram da grande costura feita por Lula para eleger e dar governabilidade a Dilma. E suscita uma inquietante pergunta: até onde isso vai?
Nem bem caiu Lupi, após 28 dias de desgastante exposição na mídia, os canhões apontam na direção do ministro petista Fernando Pimentel, do círculo íntimo da Presidência. Mas também há metralhadoras atirando contra o ministro Mário Negromonte, do PP, indicado pelo governador da Bahia, Jaques Wagner.
E não faltam listas circulando na praça com os nomes que estariam na "fila" para ocupar as manchetes e fotos de capa clamando por degola. A imprensa cumpre o seu papel. Quem parece desatenta, ou mesmo inoperante, é a equipe de inteligência do governo. Falta quem informe e previna a presidente sobre a atuação do ministério em geral.
Onde houver indícios ou provas de malfeitos, que providências saneadoras sejam tomadas. Não é aceitável que Dilma e a nação sejam surpreendidas sistematicamente por denúncias que lançam "suspeitas de corrupção" que sempre acabam com a queda do ministro alvo.
Ministro ou funcionário graduado, de qualquer esfera de governo, tem o mesmo direito garantido a todos os brasileiros pela Constituição, onde está escrito que todos são inocentes até prova em contrário.
Sem tal garantia para o cidadão comum ou para o ministro, como evitar injustiças e linchamentos morais de qualquer acusado?
O Brasil merece mais que isso.
Como presidente da central sindical UGT - União Geral dos Trabalhadores, critico o fato de que nós, do movimento sindical, não fomos mais atuantes no suporte político às ações do Ministério do Trabalho e Emprego, contribuindo para o fortalecimento dos vínculos entre a pasta e o movimento. Esse ministério não pode perder a função de elo entre um governo de caráter popular e a classe trabalhadora.
O pior a fazer agora seria entrar em disputas sobre nomes para a sucessão de Lupi. Fundamental é que tal nome venha do movimento sindical. O Ministério do Trabalho e Emprego deve priorizar e assumir o comando de uma política nacional de qualificação de mão de obra, voltada para a formação de quadros técnicos e apontando para o aumento da competitividade nacional.
Mais importante que o príncipe é o princípio, já ensinava o poeta Torquato Neto. Um novo modelo de Ministério do Trabalho depende de nós. Faço esse desafio a todos os meus companheiros do movimento sindical, entendendo que tal tarefa também deve fazer parte da nossa agenda unitária.
Nenhum comentário:
Postar um comentário