Humores presidenciais
VALDO CRUZ
FOLHA DE SP - 28/08/11
BRASÍLIA - Dilma repete com insistência que o Brasil está mais forte do que em 2008 para enfrentar um agravamento da crise econômica. Tem boa dose de razão, só que poderíamos estar bem melhores.Não estamos por conta e obra do mesmo governo que faz questão de alardear nossa fortaleza na economia, mas se furta a adotar medidas estáveis de controle dos gastos públicos no médio e longo prazos.
Por enquanto, Dilma repete seu antecessor e faz o famoso ajuste fiscal na boca do caixa. Com bons resultados, é justo reconhecer, basta ver os últimos dados do Tesouro indicando que mais de 80% da meta de superavit já foi atingida.
Só que esse tipo de controle fica dependente dos humores presidenciais. Amanhã, diante de uma pressão aqui, uma eleição ali, basta uma ligação presidencial para que as torneiras sejam abertas.
O cenário fiscal seria muito mais previsível e seguro caso o governo adotasse medidas que sua equipe, inclusive, chegou a prometer, mas estão esquecidas nas gavetas.
O Palácio do Planalto não quer nem ouvir falar de reforma da Previdência, desistiu de trabalhar pela aprovação do projeto que reduz os gastos com pessoal e arquivou a ideia de fazer as despesas públicas crescerem menos que o PIB.
Não só isso. A presidente vetou medida aprovada no Congresso que proibia as despesas de custeio do setor público de crescerem mais que os investimentos.
Se tais projetos tivessem sido aprovados, dariam ao mercado e ao Banco Central garantia de que o país teria regras fixas e duradouras na área fiscal -tornando mais real o sonho presidencial de reduzir a taxa de juros a níveis civilizados ao final de seu mandato.
Mas tudo indica que, por falta de convicção no modelo já classificado pela própria presidente de rudimentar, tudo deve ficar como está. A não ser que surpresas sejam anunciadas. O pragmatismo da cadeira presidencial costuma fazer milagres. A conferir.
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