A síntese do aborto
PAULO SANT’ANA
ZERO HORA - 17/08/11
Preciso hoje expor minha ideia sobre o aborto, tema que tem atraído tanto a atenção dos pensadores.
Se o leitor ou a leitora não concordar comigo, peço que tolerem.
Sou completamente contrário à ideia de que a mulher grávida é dona do feto contido no seu ventre e pode fazer o que bem entender dele, inclusive abortá-lo.
Tanto não é dona do seu feto, que, geneticamente, o feto pertence a ela mas também ao pai que entrou com o espermatozoide nesse consórcio.
Penso até que a única exceção para o não direito da mulher de abortar seu feto é o caso do feto anencéfalo.
Se o feto não tem cérebro, concluo que não só a mulher grávida tem o direito de abortá-lo, mas esse direito também assiste ao Estado, que tem o dever de promover o aborto para evitar a tragédia de um ser vivo sem dominância cerebral.
A mulher grávida não é, como se diz, dona do seu corpo e pode fazer dele o que bem entender, inclusive abortar.
Ela não é dona do feto, ela é apenas hospedeira. E o feto é seu inquilino. Para ser despejado, terá esse ato que obedecer a várias leis jurídicas e morais.
O meu entender, portanto, é que a mulher não é dona do feto, faz apenas o papel de senhoria dele.
A saudação mais usada entre as pessoas, quando se encontram, não é “olá”. A saudação mais usual entre pessoas que se encontram é: “Tudo bem?”.
E, quando todos me perguntam se está tudo bem, respondo de forma surpreendente: “Tudo mal”.
Eles pedem explicação para minha resposta que lhes parece brutal e eu dou a explicação.
Não sei ser hipócrita, se não vou bem, como irei dizer que está tudo bem?
Nada disso. Vai tudo mal. Se tenho câncer e por isso não tenho saliva, não tenho apetite e nem paladar, como pode ir tudo bem? Vai tudo mal, sim, senhores.
Não sei mentir, nem para salvar conversas, diálogos ou formalidades.
O caso da juíza que foi assassinada no Rio de Janeiro com 21 tiros.
Agora na imprensa, há uma tentativa de desqualificar a vítima, alegando que ela tinha uma união estável com um cabo da PM e já vivera certa vez com um policial civil.
Ao tentarem, essas pessoas, desqualificar a vítima, não percebem que assim estão desculpando os assassinos.
E que crime ou desdouro comete uma juíza que é mulher de cabo de polícia e de investigador?
Pelo amor de Deus, o que tem de ser exaltado é a coragem e lucidez dessa juíza assassinada por ter condenado inúmeros policiais e milicianos de vida torta.
Mas que burrice!
Um comentário:
Prezado Paulo Sant'ana-
Evidentemente a Dra. Juiza tem o óbvio direito de se relacionar com quem achar melhor.
Porém o Sr. esqueceu que ela não era "dura" em todos os seus julgamentos. Nesta semana a UOL noticiou que em seu último julgamento ela "condenou" um Tenente da PM a "dura" pena de 1,4 ano de prisão, revertida em serviços comunitários pelo singelo motivo de o dito cujo Tenente acidentalmente ter dado 3 tiros na cabeça de um rapaz de 17 anos, por sua arma estar destravada.
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