Pré-sal
JORGE BASTOS MORENO - NHENHENHÉM
O GLOBO - 06/08/11
Cantada
No banheiro do aeroporto de Bogotá, Cabral vira-se para Lula: — Se a Dilma não tivesse escolhido o competente Celso Amorim, eu ia sugerir o nome do Dornelles. Toda vez que vaga um ministério, Dornelles se treme todo: “O Cabral tenta me fazer ministro a todo custo.”
Pânico foi quando Ideli saiu da Pesca.
Crise anunciada
Militar e diplomata nunca se entenderam. Não foi a briga com o então comandante do Exército, general Albuquerque, que derrubou Viegas do cargo. Foi a luta de classes. Escaldado, Amorim usou esse argumento quando foi convidado pela Dilma a tomar posse com ela. Para Amorim aceitar agora, sem titubear, de duas, três. Ou os militares mudaram ou foram os diplomatas. Ou, o que é mais provável, Amorim não suportou seis meses de ostracismo.
Fábula infantil
Antes de Jobim chegar ao Palácio, o pânico era geral: se ele desafiara a autoridade da Dilma em entrevista, imagine na hora da demissão. Alívio geral quando Bibi (Gabriel Rousseff) saiu de baixo da mesa da vovó cantando “Marcha, soldado/Cabeça de papel/ Se não marchar direito,/ vai preso pro quartel”. Jobim piou!
Jobim, um homem correto até para trair
Sou, certamente, um dos poucos que entendem Nelson Jobim. A imagem de arrogante não passa de um biombo para esconder um homem modesto e tímido. Tímido e corajoso. Convidado para integrar o Ministério de FH, o gaúcho de Santa Maria tratou logo de marcar posições: na primeira viagem ao Xingu, desnudou-se para mergulhar nas águas habitadas por candirus, aqueles peixinhos salientes que costumam entrar no corpo humano pelos orifícios, e saiu-se intacto. Foi o suficiente para achar que tinha o corpo totalmente fechado, capaz de resistir a qualquer entrevista sua. Mas não tinha e caiu. Caiu por ser sincero. Na primeira crise, senti-me o japonês da descarga, mas às avessas. Acredito ter desarmado a bomba da demissão quando contei à presidente o que Ulysses Guimarães pensava do Jobim, responsável pelo início da sua derrocada. Ulysses, já na planície política, tenta disputar com Ibsen Pinheiro a presidência da Câmara. Ganharia, se não surgissem mais candidatos. Mas surgiu. Jobim entra no seu gabinete e diz: “Se o senhor insistir em ser candidato, eu me lanço para eleger o Ibsen.” Ulysses desistiu, mas deixou esta máxima: — O Jobim me apunhalou pela frente. Dilma ouviu meu relato calada e muda permaneceu.
Saudades de Montoro
No encontro de governadores do Brasil e da Colômbia, organizado por Lula, Geraldo Alckmin começa o discurso: “Prezados colegas governadores do Brasil e daqui do México”.
Companhia
Terça, agora, Lula vai se reunir com todos os deputados e senadores da base aliada do Rio, no Laranjeiras, inclusive com “aquele”.
Política de emprego
Eu não vou entregar o nome do governador gozador que brincou com seus colegas e com Lula na viagem: — Como é impossível existir algum gestor que não tenha sido indiciado por causa de um poste ou banco de jardim, qualquer ministro da Dilma pode cair à primeira denúncia ou insinuação da mídia. Só ficarão os que têm ministérios como primeiro emprego. Faz sentido, Ancelmo?
Fina estampa
Com seu corpo de deusa e o rosto mais lindo do mundo, a atriz Carolina Dieckmann, na próxima novela, deverá enlouquecer o país muito mais do que o Jobim enlouqueceu a Dilma.
Cachos
É tanto ministro caindo que a ministra Helena não tem mais tempo de se preparar para anunciar as demissões. Por isso, comprou uma peruca que já vem com os cabelos cacheados.
Obrigado, Fernando
Durante turbulência num voo da ponte, Fernando de Barros e Silva, um dos maiores colunistas do país, conseguiu acalmar os passageiros gritando: “Avião com a Mariana Ximenes não cai!” Sábado passado, na mesma ponte, para não cair no mar, piloto arremeteu. Mariana e eu, em pânico, provamos que nem todos os colunistas erram ou mentem, como eu.
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