Irracionalidade
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 26/05/11
O governo transformou sua derrota no Código Florestal em uma crise com a Câmara e traduziu, na prática, o desprezo com o qual a presidente Dilma tem tratado deputados e senadores aliados. A base ficou indignada ao ouvir o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), dizer, na tribuna, que a presidente considerava uma “vergonha” a emenda do PMDB, aprovada por ampla maioria.
Sequelas
No calor da sessão, o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, foi tirar satisfação com o líder do PT, Paulo Teixeira (SP). Apoiador da emenda do PMDB, o PCdoB não gostou do discurso de Vaccarezza, nem dos ataques feitos por Teixeira ao relator, Aldo Rebelo (PCdoB-AL). “Vocês estão confundindo os papeis. Eu sou líder do PT. O Vaccarezza é líder do governo”, respondeu Teixeira, que não morre de amores por Vaccarezza. “A presidente nunca procurou o PCdoB para dizer que esse assunto era essencial ou que era uma vergonha. Esse tipo de posição joga a base contra o governo. O PCdoB não rompe acordo nem muda de lado em cima da hora”, reclamou o presidente do PCdoB.
"Foi um dos mais duros discursos contra o governo Dilma. Foi além da conta” — José Guimarães, deputado federal (PT-CE) e um dos vice-líderes do governo, sobre o líder do PMDB, Henrique Alves (RN)
ATROPELOS. Parte do PT e do Planalto atribui os atropelos do discurso do líder do governo, Cândido Vaccarezza (SP), na foto, à tentativa de dar uma resposta à altura ao líder do PMDB, Henrique Alves (RN). Mas há quem diga que o que faltou foi convicção, já que, pessoalmente, Vaccarezza era a favor da emenda do PMDB. O petista chegou a dizer que, quando o governo perde, quem sai enfraquecida é a Câmara.
Legitimação
Ao orientar a votação do Código Florestal contra o governo, o líder do PMDB, Henrique Alves (RN), fez um discurso de candidato à
presidência da Câmara. Ele optou por ficar ao lado da maioria e sua fala foi de afirmação da Casa.
Czarina
Integrantes da base aliada ficaram mais indignados ainda ao serem informados de que a presidente Dilma ficou “furiosa” com o resultado da votação do Código Florestal. Retrucavam dizendo que ela se portava como uma “czarina”.
Estado das coisas
Depois das reclamações despejadas ontem em cima do ex-presidente Lula pelos líderes do Senado, um aliado comentou: “Para a relação do Congresso com o governo ficar ruim, ainda tem que melhorar muito”. Um dos mais exaltados ao se queixar da falta de acesso aos ministros, principalmente Antonio Palocci, foi o líder do PR, Magno Malta (ES). “Não existe isso de cada ministro achar que
é um presidente. Aqui ninguém é nomeado, aqui só tem senador, que tem voto”, disse ele.
Dóceis
O ex-presidente Lula elogiou ontem a cautela da oposição no Senado em relação às acusações contra Antonio Palocci e citou especialmente o senador Aécio Neves (PSDB-MG), na conversa com senadores aliados. Comentou que não há mais a “truculência” dos ex-senadores Arthur Virgílio (PSDB-AM), Heráclito Fortes (DEM-PI) e Mão Santa (PSC-PI). “Aquilo não era oposição, aquilo era ódio”, afirmou Lula. Sobre Aécio, o ex-presidente disse que ele é muito “cordial”.
O DIRETOR de Segurança dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos será o ex-diretor da Polícia Federal Luiz Fernando Corrêa.
O MINISTRO Guido Mantega (Fazenda) interrompeu três vezes a reunião ontem com sindicalistas para atender telefonemas da presidente Dilma. Horas depois, a Receita Federal soltou nota rebatendo acusação contra o ministro Antonio Palocci.
● S.O.S. A presidente Dilma Rousseff vai reunir o conselho político, formado por líderes partidários, na próxima quarta-feira. Pauta oficial: Brasil Sem Miséria.
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