Desfechos previsíveis
RUY CASTRO
FOLHA DE SÃO PAULO - 12/03/11
RIO DE JANEIRO - O jogador Adriano, demitido pelo Roma, da Itália, volta ao Brasil tentando reconstruir uma carreira que podia ser brilhante e cujo desfecho, nada feliz, está mais à vista do que nunca. Nesta mesma semana, o ator Charlie Sheen, também demitido pela Warner e pela CBS, produtores de um seriado que ele estrelava, ainda não se deu conta de que sua carreira no cinema e na TV já foi para o abismo.
Adriano e Sheen têm problemas graves com substâncias de que são dependentes: o jogador, com o álcool; o ator, com o álcool e toda espécie de drogas ilegais.
Adriano, bem à brasileira, não se considera alcoólatra -ofende-se e se magoa quando o chamam assim. Aferra-se ao discurso de que quer apenas "ser feliz", e tem quem acredite ou queira acreditar no que ele diz. De propósito ou não, usa a seu favor a maciça ignorância nacional sobre o assunto, segundo a qual seu único problema é uma certa falta de "força de vontade".
Sheen, por sua vez, não esconde nada, nem isso é mais possível nos EUA nesse departamento. Ao contrário, gaba-se de usar todas as drogas e ser imune a elas ("Já fumei sete pedras de crack num só dia e continuei vivo. Sou diferente."). Agride a mulher, perde a guarda dos filhos, insulta os produtores de Hollywood e sai dando bananas para o mundo. Está no auge da prepotência. Não admira que já queiram filmar sua vida, com ele próprio no papel -provavelmente seu último.
Adriano se ilude com a ideia de que lhe basta treinar, entrar em forma e jogar. Sheen também acha que controla a situação e que a quantidade de tóxicos que consome está passando em branco por seu organismo.
Mas qualquer profissional com um mínimo de entendimento de dependências químicas sabe que a única esperança para eles é a internação -Adriano, por nunca menos de seis meses; Sheen, por pelo menos um ano.
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