Com ares de vencedor
ANA CLAÚDIA FONSECA
Revista Veja
Com armas mais modernas, mercenários experientes e bem pagos, dinheiro e a indecisão das potências ocidentais, Muamar Kadafi vira o jogo na Líbia e corta a iniciativa dos rebeldes
O diretor de inteligência nacional dos Estados Unidos, James Clapper, informou ao Senado americano na quinta-feira passada que seria perda de vidas, tempo e dinheiro tentar impor uma zona de exclusão aérea na Líbia como meio de apressar a queda do regime de Muamar Kadafi. Isso porque a força do ditador não está nos aviões, mas nos helicópteros que passariam despercebidos pelos radares e na lealdade total de três modernas e bem equipadas brigadas de infantaria blindada. A avaliação de Clapper foi inequívoca: “Os rebeldes líbios estão em um beco sem saída. A longo prazo, o regime de Kadafi prevalecerá”. Embora a reputação de aceno da inteligência americana não seja lá essas coisas, os fatos confirmam as afirmações.
Há duas semanas no controle do leste do país, os rebeldes chegaram a remar uma marcha sobre a capital, Trípoli, mas foram rechaçados a 30 quilômetros da cidade pelas forças de Kadafi. Depois desse fracasso, eles só perderam terreno. A bandeira verde, símbolo do regime do coronel Kadafi, foi hasteada nos prédios da cidade petrolífera de Zawiya. Os insurretos foram expulsos também de outras cidades. Na sexta-feira, as tropas de Kadafi avançaram sobre Ras Lanuf, a 615 quilômetros de Trípoli. A região é vital porque abriga um terminal de petróleo e poderia servir de base de lançamento de ataques contra Benghazi, a cidade no extremo leste da Líbia onde se originou a rebelião. “Tenho apenas duas palavras para nossos irmãos e irmãs do leste: estamos chegando”, ameaçou Seif al Islam, filho do ditador líbio e seu provável herdeiro.
A luta é desigual. Os rebeldes contam com a adesão de cerca de 6000 desertores do efetivo de 50000 regulares do Exército líbio. E quem são eles? São professores, estudantes e comerciantes com pouca ou nenhuma experiência de combate, unidos pela desilusão com o regime e recrutados por líderes religiosos muçulmanos e por antigos aliados de Kadafi que agora se apresentam como líderes de um governo de transição que, muito provavelmente, não tem futuro. Na semana passada, um deles, Muscafa Abdel Jalil, foi recebido por altos dirigentes franceses e obteve de Paris o reconhecimento de seu status como força de oposição legítima. Pode ter sido tarde demais. Com exceção do francês Nicolas Sarkozy, os chefes de estado europeus que se reuniram na semana passada para tratar do problema líbio não se entenderam quanto à forma de ajuda aos rebeldes. Os Estados Unidos também não estão dispostos a intervir militarmente no Oriente Médio, temerosos das repercussões negativas no mundo islâmico. Kadafi ficou certo de que não haverá a criação de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia e mais seguro ainda de que nenhuma nação estrangeira se oporá militarmente a seu movimento de retomada das áreas que haviam sido abandonadas por seus funcionários e, por causa disso, passaram a ser dominadas pelas forças rebeldes. Na semana passada, Kadafi revertou a maré da guerra interna que lhe era desfavorável. Seu triunfo é iminente.
Há duas semanas no controle do leste do país, os rebeldes chegaram a remar uma marcha sobre a capital, Trípoli, mas foram rechaçados a 30 quilômetros da cidade pelas forças de Kadafi. Depois desse fracasso, eles só perderam terreno. A bandeira verde, símbolo do regime do coronel Kadafi, foi hasteada nos prédios da cidade petrolífera de Zawiya. Os insurretos foram expulsos também de outras cidades. Na sexta-feira, as tropas de Kadafi avançaram sobre Ras Lanuf, a 615 quilômetros de Trípoli. A região é vital porque abriga um terminal de petróleo e poderia servir de base de lançamento de ataques contra Benghazi, a cidade no extremo leste da Líbia onde se originou a rebelião. “Tenho apenas duas palavras para nossos irmãos e irmãs do leste: estamos chegando”, ameaçou Seif al Islam, filho do ditador líbio e seu provável herdeiro.
A luta é desigual. Os rebeldes contam com a adesão de cerca de 6000 desertores do efetivo de 50000 regulares do Exército líbio. E quem são eles? São professores, estudantes e comerciantes com pouca ou nenhuma experiência de combate, unidos pela desilusão com o regime e recrutados por líderes religiosos muçulmanos e por antigos aliados de Kadafi que agora se apresentam como líderes de um governo de transição que, muito provavelmente, não tem futuro. Na semana passada, um deles, Muscafa Abdel Jalil, foi recebido por altos dirigentes franceses e obteve de Paris o reconhecimento de seu status como força de oposição legítima. Pode ter sido tarde demais. Com exceção do francês Nicolas Sarkozy, os chefes de estado europeus que se reuniram na semana passada para tratar do problema líbio não se entenderam quanto à forma de ajuda aos rebeldes. Os Estados Unidos também não estão dispostos a intervir militarmente no Oriente Médio, temerosos das repercussões negativas no mundo islâmico. Kadafi ficou certo de que não haverá a criação de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia e mais seguro ainda de que nenhuma nação estrangeira se oporá militarmente a seu movimento de retomada das áreas que haviam sido abandonadas por seus funcionários e, por causa disso, passaram a ser dominadas pelas forças rebeldes. Na semana passada, Kadafi revertou a maré da guerra interna que lhe era desfavorável. Seu triunfo é iminente.
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