segunda-feira, janeiro 17, 2011

MARCIA DESSEN

Você tem o poder de decidir o que fazer com seu dinheiro
MARCIA DESSEN

FOLHA DE SÃO PAULO - 17/01/11
"Será que o dólar vai continuar barato ou vai subir bem na hora que eu puder fazer aquela tão sonhada viagem ao exterior?" Difícil dizer, não temos controle sobre o nível da taxa de câmbio atual e como estará em um ou dois anos.
"A Bolsa de Valores decepcionou em 2010. Será que em 2011 ela oferece rentabilidade elevada para compensar a alegria que não veio?" Passam longe de nós a definição dos rumos da economia, o nível de investimento no setor produtivo e o preço das ações cotadas na Bolsa.
"A taxa de juros do financiamento imobiliário caiu, mas o preço dos imóveis não para de subir. Será que vale a pena esperar por uma possível queda nos preços antes de comprar minha casa própria?" Quem se atreve a arriscar um palpite? "A inflação surpreendeu em 2010, registrando elevação nos preços acima dos níveis esperados pelo governo. Tenho um financiamento corrigido pelo IGP-M cuja prestação subiu muito mais do que o meu salário." O que fazer?
São muitos os exemplos de situações sobre as quais não temos nenhum controle. Os principais indicadores econômicos que afetam diretamente a oferta de empregos, o nosso nível de renda e nosso poder de compra são definidos independentemente de nossa vontade.
Em breve você vai receber o primeiro salário do ano novo. E nesse caso é você, e ninguém mais, que decide o que fazer com ele.
Você tem o poder de decidir se vai gastar ou poupar. Quanto do seu salário está sendo destinado a despesas que geram benefício, conforto, segurança e prazer para você e sua família?
Se você ainda não faz um orçamento mensal, está na hora de começar. Se você já controla suas despesas, reveja suas anotações e identifique pontos de melhorias.
Faça algumas escolhas e veja onde cortar para criar espaço para outros objetivos mais construtivos e positivos para o seu bem-estar.
Quando o seu salário chegar, pague a você primeiro antes de pagar as contas. Ninguém mais do que você merece esse dinheiro.
Separe no mínimo 10% do seu salário e comece -ou continue- a poupar recursos para realizar aquele sonho antigo; está na hora de transformar o sonho em realidade.
Antes de realizar sonhos de consumo, crie uma boa reserva financeira, suficiente para pagar três ou quatro meses das despesas do seu orçamento mensal. O sossego de saber que tem dinheiro para atravessar uma fase difícil é sono tranquilo garantido.
Reduza ou elimine as dívidas e mantenha somente as que ajudam a construir patrimônio. Estabeleça um limite para os gastos voluntários, aqueles que são prazerosos, mas não ajudam a construir um futuro melhor.
Em relação aos juros, inverta o sinal e comece a receber juros ao invés de pagar. Coloque o dinheiro para trabalhar para você.
Com uma economia de R$ 300 por mês, ao longo de cinco anos e juros de 0,6% ao mês, você terá cerca de R$ 21.600. Desse montante, R$ 18 mil saíram do seu bolso e R$ 3.600 são juros creditados.
Em dez anos, o montante sobe para R$ 52.500, dos quais R$ 36 mil são fruto do seu esforço de poupança e R$ 16.500, juros recebidos.
Parece ser um bom começo para um novo ano.

MARCIA DESSEN, Certified Financial Planner, é sócia e diretora-executiva do BMI Brazilian Management Institute, professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.

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