Acertando o passo
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 25/12/10
Em almoço recente, empresários manifestaram ao futuro ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel (PT-MG), sua preocupação com o futuro do financiamento do comércio exterior, hoje sob controle do BNDES e subordinado à pasta que ele vai dirigir.
No início de 2010, discutiu-se no governo a criação de uma nova agência para financiar as exportações, nos moldes dos Eximbanks que existem em outros países. Suspenso no calor da campanha eleitoral, esse debate deve ser retomado depois da posse de Dilma Rousseff. Pimentel já procurou Guido Mantega, que continuará na Fazenda, para falar sobre o assunto.
Círculo próximo No governo Dilma, o Ministério do Desenvolvimento terá força política inédita, aposta um executivo do setor privado. Pimentel é amigo de décadas da presidente eleita. O futuro secretário-executivo, Alessandro Teixeira, conheceu-a ainda no Rio Grande do Sul.
Reciclagem Pelo menos dois integrantes da equipe do atual ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, fazem planos para voltar ao setor privado em janeiro. Nenhum deles espera ser aproveitado no time de Pimentel.
Agora vai? Com a ida de Aloizio Mercadante para o Ministério da Ciência e Tecnologia, muita gente no meio acadêmico voltou a sonhar com a transformação da Finep, braço financeiro da pasta, numa agência de fomento reforçada, com maior capacidade de oferecer crédito a empresas privadas. A Fazenda e o Banco Central sempre torceram o nariz para a ideia.
Longa data O economista Márcio Holland, que assumirá a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, conheceu Dilma Rousseff em 1998, ano em que ela frequentou as aulas do doutorado da Unicamp. A petista abandonou o curso e os dois nunca mais se viram.
Deixa quieto Dois economistas do BNDES recalcularam o subsídio implícito nas operações feitas pelo governo para turbinar os empréstimos do banco nos últimos anos. Faz três semanas que o estudo está sob análise da cúpula da instituição, que não tem interesse em reavivar a controvérsia alimentada por essas operações durante a campanha eleitoral.
Herança Primeiro na linha de sucessão no PMDB de São Paulo, o deputado Jorge Caruso é o líder do motim peemedebista que pede mais espaço no governo de Geraldo Alckmin e já obstruiu votações de interesse dos tucanos na Assembleia Legislativa. Com a morte de Orestes Quércia, ganha poder no partido contra o grupo do secretário-geral, Airton Sandoval, fiel escudeiro quercista e alinhado ao governador eleito.
Sucursal Para escapar do assédio dos aliados na sede da equipe de transição, Alckmin tem preferido fazer algumas reuniões em seu antigo escritório político, na avenida Nove de Julho.
Só para... Às vésperas da visita que o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, fez ao país em novembro, um diplomata brasileiro disse a um representante da Embaixada dos EUA em Brasília que o presidente Lula planejava aproveitar o encontro para discutir a situação dos dissidentes perseguidos pelo regime iraniano.
...americano ver Mas o funcionário do Itamaraty avisou o colega que o professor Marco Aurélio Garcia, assessor especial de Lula, certamente entraria em campo para tirar o assunto da pauta dos dois presidentes, diz um telegrama diplomático dos EUA obtido pelo WikiLeaks.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI
tiroteio
"Ao pagar o motel com a verba do gabinete, Pedro Novais só estava interessado em promover o turismo e mostrar como entende a natureza do patronato político brasileiro."
DO ECONOMISTA MARCOS FERNANDES GONÇALVES, da FGV, sobre as revelações que atingiram o deputado do PMDB, indicado para o Ministério do Turismo.
contraponto
Vale por um bifinho
Em discurso no evento natalino com os catadores de papel em São Paulo, na quinta-feira, Lula fez referência à medida provisória que dá incentivos a quem comprar material reciclado por essas pessoas.
-Eu ia assinar, mas tinha cinco vetos...
A plateia silenciou e o presidente resolveu fazer graça com os ministros da Fazenda e do Planejamento:
-Vocês sabem que o Guidinho e o Paulinho Bernardo pedem sempre um vetinho. Mas fiquem tranquilos, que eu vou assinar na semana que vem!
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