Um ou dois murrinhos
LUIZ GARCIA
O GLOBO - 27/08/10
Por tudo que a gente tem lido nos jornais a disputa pela Presidência da República até parece que já acabou, ou estaria perto disso.
Não faz muito tempo, não era o que se via.
Afinal de contas, o Serra vem de governar o estado mais rico do país — a riqueza não tem nada a ver com os ibopes da vida, mas a opinião pública presta mais atenção em São Paulo do que — pelo amor de Deus, sem desdouro — no Piauí ou no Amapá.
Serra fez bom governo e tem tarimba; faz política desde o tempo de estudante.
Já Dilma, por mais que o Lula a elogie, não tem sua imagem ligada, de forma ostensiva e direta, a nenhum dos carroschefes do governo. Seu grande trunfo, para valer mesmo, é o fato de que o presidente mais popular da história recente do país garante que ela fará um governo igualzinho ao dele. E tem uma porção de gente acreditando nisso. Os macacos velhos da arquibancada sabem que nunca é bem assim. Há quem diga, por exemplo, que a moça pode ter sido tudo que Lula diz — mas quem garante que a Dilma terá uma Dilma para ajudá-la? Pelo menos em parte, o título de herdeira caiu-lhe nas mãos porque, ao longo dos últimos oito anos, a maioria dos petistas históricos saiu do páreo por ter ficado com nome sujo na praça. Se os chamados quadros históricos do partido tivessem se comportado melhor, é bem possível que ela não estaria hoje nos palanques que tem frequentado.
Tudo bem, eleição é assim mesmo.
Vale a biografia — ou , em alguns casos, a folha corrida —, mas muitas vezes é tudo uma questão de estar no lugar certo na hora certa.
No momento, a candidata do PT parece ter possibilidades reais de ganhar o páreo já no primeiro turno. Em parte, graças à popularidade do padrinho.
Também porque ela não deu, pelo menos até agora, qualquer passo em falso.
E há outro fator, que ninguém parecia esperar: como é ruinzinha a campanha de Serra! Ou, como preferem os cérebros de sua propaganda, o Zé, coisa que ele nunca foi. Inclusive porque não tem a menor cara de Zé. O apelido inventado cai sobre seus ombros com o peso de um cobertor encharcado. Pesa muito e não tem calor algum.
Há quem ache que Dilma pode até ganhar no primeiro turno. São os que gostam dela e serristas pessimistas, que preferem abreviar o sofrimento. Na verdade mesmo, a coisa talvez ainda não esteja tão feia quanto parece. Serra pode ficar um pouco menos bonzinho e um tanto mais enfático — o que não é o mesmo que falar alto e dar murro na mesa — tanto na propaganda quanto nos debates que faltam antes do primeiro turno. Enfim, mais Serra e menos Zé. Pensando bem, um, dois murrinhos na mesa podem não fazer mal algum.
E há um dado que o candidato não pode esquecer: há enorme diferença entre primeiro e segundo turnos. Se ele sobreviver à primeira votação, isso obviamente terá peso considerável no desempenho da oposição em todas as eleições regionais. E, na briga do segundo turno, tudo pode ser diferente.
Não faz muito tempo, não era o que se via.
Afinal de contas, o Serra vem de governar o estado mais rico do país — a riqueza não tem nada a ver com os ibopes da vida, mas a opinião pública presta mais atenção em São Paulo do que — pelo amor de Deus, sem desdouro — no Piauí ou no Amapá.
Serra fez bom governo e tem tarimba; faz política desde o tempo de estudante.
Já Dilma, por mais que o Lula a elogie, não tem sua imagem ligada, de forma ostensiva e direta, a nenhum dos carroschefes do governo. Seu grande trunfo, para valer mesmo, é o fato de que o presidente mais popular da história recente do país garante que ela fará um governo igualzinho ao dele. E tem uma porção de gente acreditando nisso. Os macacos velhos da arquibancada sabem que nunca é bem assim. Há quem diga, por exemplo, que a moça pode ter sido tudo que Lula diz — mas quem garante que a Dilma terá uma Dilma para ajudá-la? Pelo menos em parte, o título de herdeira caiu-lhe nas mãos porque, ao longo dos últimos oito anos, a maioria dos petistas históricos saiu do páreo por ter ficado com nome sujo na praça. Se os chamados quadros históricos do partido tivessem se comportado melhor, é bem possível que ela não estaria hoje nos palanques que tem frequentado.
Tudo bem, eleição é assim mesmo.
Vale a biografia — ou , em alguns casos, a folha corrida —, mas muitas vezes é tudo uma questão de estar no lugar certo na hora certa.
No momento, a candidata do PT parece ter possibilidades reais de ganhar o páreo já no primeiro turno. Em parte, graças à popularidade do padrinho.
Também porque ela não deu, pelo menos até agora, qualquer passo em falso.
E há outro fator, que ninguém parecia esperar: como é ruinzinha a campanha de Serra! Ou, como preferem os cérebros de sua propaganda, o Zé, coisa que ele nunca foi. Inclusive porque não tem a menor cara de Zé. O apelido inventado cai sobre seus ombros com o peso de um cobertor encharcado. Pesa muito e não tem calor algum.
Há quem ache que Dilma pode até ganhar no primeiro turno. São os que gostam dela e serristas pessimistas, que preferem abreviar o sofrimento. Na verdade mesmo, a coisa talvez ainda não esteja tão feia quanto parece. Serra pode ficar um pouco menos bonzinho e um tanto mais enfático — o que não é o mesmo que falar alto e dar murro na mesa — tanto na propaganda quanto nos debates que faltam antes do primeiro turno. Enfim, mais Serra e menos Zé. Pensando bem, um, dois murrinhos na mesa podem não fazer mal algum.
E há um dado que o candidato não pode esquecer: há enorme diferença entre primeiro e segundo turnos. Se ele sobreviver à primeira votação, isso obviamente terá peso considerável no desempenho da oposição em todas as eleições regionais. E, na briga do segundo turno, tudo pode ser diferente.
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