Farrapo de desculpa
LUIZ GARCIA
O GLOBO - 17/08/10
Faz parte da munição usada pela oposição, em qualquer governo, a denúncia de escândalos na máquina administrativa. Não é raro que desmandos e malandragens sejam inchados no esforço de convencer os cidadãos de que escolheram mal nas últimas eleições — e de que não devem esquecer-se disso nas próximas.
A mais recente história de terror a propósito de comportamento peculiar de membros do governo Lula, para usar a definição mais branda do vocabulário, é singular nesse aspecto. Não vem sendo contada por políticos da oposição, e sim áridos e circunspectos relatórios do Tribunal de Contas da União.
O qual sequer botou sua discreta boca no trombone, inclusive porque não é esse o seu papel. Foi preciso que repórteres do GLOBO escarafunchassem (lindo verbo, não?) quase 400 relatórios do Tribunal, para descobrir que contratos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, de um ano e meio para cá, continham os feios pecados do sobrepreço e do superfaturamento, além de outras irregularidades.
O custo para a bolsa da Viúva seria de um bilhão de reais e mais uns trocados, sem a vigilância do TCU. Não se calculou quanto desse dinheirão poderá ser recuperado.
Esse Dnit é o velho Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, que o governo Fernando Henrique extinguiu por ser corrupto demais. Pelo visto, a corrupção não dependia do nome da repartição.
Fontes ligadas ao Governo Lula garantem que a atual administração colocou gente séria no comando do Dnit em Brasília.
Parece que foi como botar esparadrapo em fratura exposta: a corrupção detectada pelo TCU, pelo visto, não existe na matriz e sim nas filiais, e um bilhão de reais é muito dinheiro de qualquer maneira.
O TCU fez e faz o seu papel. Pode punir, mas não evitar a corrupção em áreas de repartições federais. Isso é problema exclusivo do Poder Executivo. Nessa área, só o Dnit se manifestou. Reconheceu que o TCU cumpre o seu papel , mas não admitiu que o tamanho do rombo indique a necessidade de políticas e medidas destinadas a impedir que a roubalheira continue. Diz que segue “metodologia definida pelos ministérios do Planejamento e dos Transportes”.
É desculpa esfarrapada demais. Se os métodos usados não impedem a corrupção, o bom administrador troca os métodos.
Enquanto não o fizer, é cúmplice da ladroagem. Mesmo que não ganhe um tostão com isso.
A mais recente história de terror a propósito de comportamento peculiar de membros do governo Lula, para usar a definição mais branda do vocabulário, é singular nesse aspecto. Não vem sendo contada por políticos da oposição, e sim áridos e circunspectos relatórios do Tribunal de Contas da União.
O qual sequer botou sua discreta boca no trombone, inclusive porque não é esse o seu papel. Foi preciso que repórteres do GLOBO escarafunchassem (lindo verbo, não?) quase 400 relatórios do Tribunal, para descobrir que contratos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, de um ano e meio para cá, continham os feios pecados do sobrepreço e do superfaturamento, além de outras irregularidades.
O custo para a bolsa da Viúva seria de um bilhão de reais e mais uns trocados, sem a vigilância do TCU. Não se calculou quanto desse dinheirão poderá ser recuperado.
Esse Dnit é o velho Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, que o governo Fernando Henrique extinguiu por ser corrupto demais. Pelo visto, a corrupção não dependia do nome da repartição.
Fontes ligadas ao Governo Lula garantem que a atual administração colocou gente séria no comando do Dnit em Brasília.
Parece que foi como botar esparadrapo em fratura exposta: a corrupção detectada pelo TCU, pelo visto, não existe na matriz e sim nas filiais, e um bilhão de reais é muito dinheiro de qualquer maneira.
O TCU fez e faz o seu papel. Pode punir, mas não evitar a corrupção em áreas de repartições federais. Isso é problema exclusivo do Poder Executivo. Nessa área, só o Dnit se manifestou. Reconheceu que o TCU cumpre o seu papel , mas não admitiu que o tamanho do rombo indique a necessidade de políticas e medidas destinadas a impedir que a roubalheira continue. Diz que segue “metodologia definida pelos ministérios do Planejamento e dos Transportes”.
É desculpa esfarrapada demais. Se os métodos usados não impedem a corrupção, o bom administrador troca os métodos.
Enquanto não o fizer, é cúmplice da ladroagem. Mesmo que não ganhe um tostão com isso.
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