Mais Plínio
LUIZ GARCIA
O GLOBO - 10/08/10
Os debates públicos entre candidatos são uma parte importante do processo democrático que leva o eleitor a decidir quem merece o seu voto. Podem mostrar, por exemplo, quem tem sangue-frio e conhecimento dos fatos. Por outro lado, talvez prejudiquem alguém perfeitamente apto a governar um país, mas pouco treinado em bate-bocas.
Convém ao eleitor indeciso, por isso mesmo, não esquecer que o comportamento do debatedor não assegura o seu desempenho como governante. Um candidato bom de bate-boca não será necessariamente um presidente eficiente. Inclusive porque, uma vez eleito, a eloquência, embora tenha óbvia importância em diversos momentos, não será o fator que decidirá êxito ou fracasso de sua administração. Diferentemente do que acontece com a sua fidelidade a compromissos assumidos.
Os debates são obviamente necessários.
Talvez menos por influenciarem a opção do eleitor, e mais por amarrarem o candidato às suas promessas. Mas podem ser enganosos. Na primeira vez que se candidatou a presidente, Lula virou peteca nas mãos de Fernando Collor. Aconteceu em parte porque lhe faltava preparo para discutir problemas nacionais, e em parte porque temia que o rival recorresse a um dossiê que mantinha sobre a bancada, supostamente com revelações desagradáveis sobre sua vida particular. Nunca se soube, de fato, sobre o conteúdo do tal dossiê. Mas Lula nunca achou o caminho de casa durante o debate. E perdeu a eleição.
Nada de tão sinistro aconteceu no primeiro debate deste ano. Ficou a impressão de que Dilma, Serra e Marina jogavam para não perder pontos. Nenhuma promessa nova ou significativa, nenhum ataque mortal ou apenas incômodo. Suas intervenções não foram, quase nunca, diferentes do que dizem na propaganda diária.
Como candidata da situação, Dilma era a mais vulnerável, e Serra se aproveitou disso, em dois ou três momentos. A temperatura do debate nunca foi além do que se poderia esperar de um chá tépido.
Exceto, claro, pelo desempenho do veterano Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL, que se comportou com o entusiasmo e a energia de quem nada tem a perder.
Mas ele está, digamos assim, no andar térreo das pesquisas. Nenhum dos dois moradores da cobertura deu-se ao trabalho de contestá-lo. Decidiram que não precisavam. O eleitor talvez tenha outra opinião.
Mais adiante no processo eleitoral, Dilma e Serra vão se enfrentar, cabeça com cabeça. Desconfio que ganhará o que for mais Plínio que o outro.
Convém ao eleitor indeciso, por isso mesmo, não esquecer que o comportamento do debatedor não assegura o seu desempenho como governante. Um candidato bom de bate-boca não será necessariamente um presidente eficiente. Inclusive porque, uma vez eleito, a eloquência, embora tenha óbvia importância em diversos momentos, não será o fator que decidirá êxito ou fracasso de sua administração. Diferentemente do que acontece com a sua fidelidade a compromissos assumidos.
Os debates são obviamente necessários.
Talvez menos por influenciarem a opção do eleitor, e mais por amarrarem o candidato às suas promessas. Mas podem ser enganosos. Na primeira vez que se candidatou a presidente, Lula virou peteca nas mãos de Fernando Collor. Aconteceu em parte porque lhe faltava preparo para discutir problemas nacionais, e em parte porque temia que o rival recorresse a um dossiê que mantinha sobre a bancada, supostamente com revelações desagradáveis sobre sua vida particular. Nunca se soube, de fato, sobre o conteúdo do tal dossiê. Mas Lula nunca achou o caminho de casa durante o debate. E perdeu a eleição.
Nada de tão sinistro aconteceu no primeiro debate deste ano. Ficou a impressão de que Dilma, Serra e Marina jogavam para não perder pontos. Nenhuma promessa nova ou significativa, nenhum ataque mortal ou apenas incômodo. Suas intervenções não foram, quase nunca, diferentes do que dizem na propaganda diária.
Como candidata da situação, Dilma era a mais vulnerável, e Serra se aproveitou disso, em dois ou três momentos. A temperatura do debate nunca foi além do que se poderia esperar de um chá tépido.
Exceto, claro, pelo desempenho do veterano Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL, que se comportou com o entusiasmo e a energia de quem nada tem a perder.
Mas ele está, digamos assim, no andar térreo das pesquisas. Nenhum dos dois moradores da cobertura deu-se ao trabalho de contestá-lo. Decidiram que não precisavam. O eleitor talvez tenha outra opinião.
Mais adiante no processo eleitoral, Dilma e Serra vão se enfrentar, cabeça com cabeça. Desconfio que ganhará o que for mais Plínio que o outro.
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