Operação dissidência
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO
Vice na chapa de Dilma Rousseff (PT), o peemedebista Michel Temer fará ofensiva sobre a ala dissidente do partido, sobretudo no Sul, região onde a candidata petista obtém seu pior resultado, no Datafolha, em relação a José Serra (PSDB). Temer deve ir ao Rio Grande do Sul, onde José Fogaça (PMDB) declarou neutralidade na disputa presidencial. Fora da região, ele também visitará Mato Grosso do Sul, onde André Puccinelli (PMDB) dá palanque a Serra.
E o detalhamento da pesquisa Datafolha traz ainda uma curiosidade. Dilma vai mal entre os 7% que assinalaram o PMDB como partido de preferência: 30% das intenções de voto contra 51% de Serra.
Mutirão O assédio da campanha petista sobre os "neutros" não se resume ao PMDB. Em Santa Catarina, o PT pressiona o aliado PDT a levar para o barco dilmista a candidata ao governo Ângela Amin (PP), que tem o PDT como vice de sua chapa.
Saia justa Dilma e Lula estarão em campanha em Porto Alegre na próxima quinta-feira. Como o ato está sendo organizado pelo PT, cujo candidato no Estado é Tarso Genro, Temer não deverá se integrar nessa ocasião à comitiva. Tudo para não melindrar Fogaça.
Pedras A nova pesquisa Datafolha em Minas, apontando vantagem de 26 pontos de Hélio Costa (PMDB) sobre Antonio Anastasia (PSDB), este o candidato de Aécio Neves, reforçou ainda mais a falta de esperança de alguns tucanos em relação à "mobilização" pró-Serra do ex-governador. A lógica, defendem, é que cada vez mais a (única) preocupação de Aécio será tentar fazer Anastasia deslanchar.
Miúdos A pesquisa mostra que a dianteira de Costa não está ligada ao apoio de Lula: 74% dos entrevistados disseram não saber quem é o candidato que o presidente da República apoia.
Pelas beiradas Integrantes da cúpula do PSDB dizem ter informações de que o vice-presidente-executivo do partido, Eduardo Jorge Caldas Pereira, não foi o único alvo de vazamentos de dados da Receita Federal. Daí o próprio Serra ter subido o tom contra o PT, acusando o ex-prefeito Fernando Pimentel (PT-MG) de coordenar a produção do dossiê.
Lipoaspiração Ficou claro na primeira reunião de programa de governo dos partidos aliados a Dilma, na quinta-feira, que as críticas à imprensa não sobreviverão à versão final do documento, que deve se concentrar na divulgação de 13 diretrizes para o eventual governo.
Fica combinado O tom da reunião foi assim resumido por um dos presentes: "No texto final, não entrará tudo o que cada um quer, mas também nada que cause repulsa a alguém".
Cofre O PT distribuiu aos candidatos petistas e aliados cartilha com orientações sobre a movimentação de dinheiro na campanha presidencial. O texto diz que "para vencer uma eleição presidencial, não basta ter uma ótima candidata, um projeto aprovado por 80% do povo brasileiro e uma militância engajada". "É preciso também que todos os partidos da coligação e seus candidatos consigam arrecadar recursos suficientes para fazer uma campanha eficiente."
Papagaio Entre as orientações, está a de que todo gasto de campanha precisa ser aprovado previamente pelo comitê financeiro nacional sob pena de não ser reconhecido posteriormente.
Revisão A campanha petista agora diz que houve amadorismo na organização do primeiro comício de Lula com Dilma, no Rio, sobretudo em relação à estimativa de público para lá de otimista divulgada pelo partido. Agora, os petistas reconhecem que dificilmente antes do início da propaganda na TV, em 17 de agosto, conseguirão mobilizar grandes massas nos eventos de rua.
com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER
tiroteio
"O Brasil inteiro sabe que o especialista em dossiê é o próprio Serra. Aliás, desde a eleição de 2002, no caso da Roseana Sarney."
DO DEPUTADO REGINALDO LOPES, presidente do PT-MG, respondendo às declarações do candidato tucano, segundo quem o dossiê elaborado pela campanha de Dilma Rousseff foi coordenado por Fernando Pimentel (PT).
contraponto
D'Artagnan
Candidato a deputado federal, o estilista Ronaldo Esper contou dias atrás que preparava um slogan para sua campanha baseado na frase: "3636, agulhando a corrupção por vocês". Novato em disputas eleitorais, Esper afirmou, entretanto, que a ideia não tem muita chance de prosperar.
-Acho que não vai colar, o partido não gostou muito.
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