Sem os donos da casa
LUIZ GARCIA
O GLOBO - 19/06/10
Todo mundo sabia que a África do Sul não iria muito longe na Copa do Mundo. A derrota de quarta-feira para o Uruguai confirmou o que se esperava — mas duvido que até o mais frio analista (e temos na mídia analistas em todos os graus do termômetro) não tenha lamentado, pelo menos um pouquinho, a derrota de quarta-feira para os uruguaios, que praticamente tirou da disputa o time das benditas vuvuzelas.
Para o cidadão mais importante do país, o ex-presidente Nelson Mandela, ainda foi alguma tristeza em cima de tristeza maior: ele não fora ao jogo porque chorava em casa a morte, num estúpido acidente de carro, de uma bisneta de 13 anos.
Num momento assim, quase que dá para se dizer: abaixo a realidade, viva a literatura, viva o cinema. Poucos anos atrás, o ator e diretor Clint Eastwood fez um belo filme sobre Mandela. Também com esporte no meio: no caso, o rugby, um dos poucos presentes que os colonizadores ingleses deram à África do Sul. No filme, opera-se um quase milagre: o time sulafricano, formado exclusivamente por brancos, conquista o título mundial. O mais importante é que, graças ao apoio de Mandela — vivido por Morgan Freeman, que, podem acreditar, parece-se mais com Mandela do que o próprio — a vitória é compartilhada por todos os sul-africanos, negros e brancos.
Na Copa do Mundo, o script não faz concessões e não admite finais felizes para todo o elenco. E a África do Sul foi eliminada quarta-feira. Do ponto de vista do futebol, foi um desenlace lógico, inevitável. O coro estridente das vuvuzelas pode estimular o entusiasmo dos torcedores locais — ao mesmo tempo, reconheçase, que provoca enxaqueca nos visitantes — mas não ensina futebol a ninguém. E, reconheça-se com frio pesar, os sul-africanos não são mesmo de muita bola.
A esta altura, nem Galvão nem Calazans sabem o que ainda acontecerá com os brasileiros nesta Copa. Eu, muitíssimo menos. Mas, como esperanças são gratuitas, atrevo-me a imaginar que pelo menos um pouco mais adiante o pessoal vai chegar. Se ganharmos, teremos a alegria extra de saber que não atropelamos no caminho os compatriotas de um dos cidadãos do mundo mais merecedores de admiração do que a maioria dos governantes destas décadas tão medíocres que temos vivido ultimamente
Para o cidadão mais importante do país, o ex-presidente Nelson Mandela, ainda foi alguma tristeza em cima de tristeza maior: ele não fora ao jogo porque chorava em casa a morte, num estúpido acidente de carro, de uma bisneta de 13 anos.
Num momento assim, quase que dá para se dizer: abaixo a realidade, viva a literatura, viva o cinema. Poucos anos atrás, o ator e diretor Clint Eastwood fez um belo filme sobre Mandela. Também com esporte no meio: no caso, o rugby, um dos poucos presentes que os colonizadores ingleses deram à África do Sul. No filme, opera-se um quase milagre: o time sulafricano, formado exclusivamente por brancos, conquista o título mundial. O mais importante é que, graças ao apoio de Mandela — vivido por Morgan Freeman, que, podem acreditar, parece-se mais com Mandela do que o próprio — a vitória é compartilhada por todos os sul-africanos, negros e brancos.
Na Copa do Mundo, o script não faz concessões e não admite finais felizes para todo o elenco. E a África do Sul foi eliminada quarta-feira. Do ponto de vista do futebol, foi um desenlace lógico, inevitável. O coro estridente das vuvuzelas pode estimular o entusiasmo dos torcedores locais — ao mesmo tempo, reconheçase, que provoca enxaqueca nos visitantes — mas não ensina futebol a ninguém. E, reconheça-se com frio pesar, os sul-africanos não são mesmo de muita bola.
A esta altura, nem Galvão nem Calazans sabem o que ainda acontecerá com os brasileiros nesta Copa. Eu, muitíssimo menos. Mas, como esperanças são gratuitas, atrevo-me a imaginar que pelo menos um pouco mais adiante o pessoal vai chegar. Se ganharmos, teremos a alegria extra de saber que não atropelamos no caminho os compatriotas de um dos cidadãos do mundo mais merecedores de admiração do que a maioria dos governantes destas décadas tão medíocres que temos vivido ultimamente
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