segunda-feira, maio 17, 2010

PAINEL DA FOLHA

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RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO 17/05/10

Mais do que qualquer outra, a expressão "abuso dos meios de comunicação", usada pelo ministro Marco Aurélio Mello no julgamento que multou o PT e Dilma Rousseff por realização de campanha eleitoral antecipada no programa partidário de dezembro, deixou aliados e adversários de orelha em pé. Para tal infração, a pena prevista na lei é clara: cassação do registro da candidatura. Ninguém espera que o TSE chegue a tanto, mas o comando petista sabe que se expôs ao risco com o programa de quinta passada, explicitamente dedicado à promoção da candidatura de Dilma pela voz de Lula. A oposição tenta calcular agora até onde poderá esticar a corda nos programas do DEM e do PSDB, que servirão de veículo para José Serra.


A dedo. Salvador, palco escolhido pelo PSDB para a convenção que lançará oficialmente a candidatura de José Serra, comanda a região metropolitana mais fortemente lulista, segundo as pesquisas.
Sorria! Como razão adicional para a opção pela capital baiana, tucanos dizem, brincando, que nenhum jornalista desembarcará ali contrariado.
Coadjuvante. Ao realizar sua convenção no mesmo 12 de junho escolhido pelo PSDB, o PMDB sabe que não terá a manchete do dia. Mas avalia que, com uma bela imagem da dupla Dilma Rousseff-Michel Temer, conseguirá ao menos dividir os holofotes.
Indispensável. Piada ouvida na campanha petista: depois de Lula dizer na propaganda de televisão que Dilma apareceu na sua frente carregando um laptop, no final de 2002, e ele descobriu como num passe de mágica que estava diante da futura ministra de Minas e Energia, vai chover gente portando o equipamento diante do presidente.
Em aberto. O mapa das alianças no Paraná continua para lá de confuso. Osmar Dias (PDT), que publicamente dá como perdida a tentativa de disputar o governo em aliança com o PT, será hoje o protagonista de um evento em Curitiba que muitos interpretam como lançamento de sua pré-candidatura. Beto Richa (PSDB), que julgava já ter atraído Dias para disputar a reeleição ao Senado em sua chapa, teme ir à homenagem e passar por uma saia justa.
Recolocação. Soninha Francine (PPS) deverá ser a adjunta de Andrea Matarazzo na Secretaria estadual da Cultura. A vereadora, que havia deixado o cargo de subprefeita da Lapa às vésperas do prazo de desincompatibilização para concorrer ao governo ou eventualmente a uma cadeira no Senado, acabou por desistir das urnas em 2010.
Contrapartida. O PDT, que vinha tentando emplacar o vice da chapa encabeçada pelo PT em São Paulo, até topa abrir mão da vaga em benefício da dobradinha "pura" Aloizio Mercadante-Eduardo Suplicy, mas com uma condição: indicar os suplentes de Marta e de Netinho de Paula (PC do B) ao Senado.
Vamos ver. Fala o deputado Paulinho da Força (PDT-SP): "O Emídio (de Souza, prefeito de Osasco e coordenador da campanha de Mercadante) me procurou para falar dessa ideia deles. Não acho que seja nenhum desastre, mas vamos ter que discutir com calma o que fazer".
Vai indo... Na tentativa de convencer Gabriel Chalita a disputar vaga no Senado mesmo fora da aliança petista, tendo como esteio apenas a candidatura ao governo do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, dirigentes do PSB dizem ao vereador que não se preocupe, pois lá adiante o PT acabará rifando Netinho de Paula e se ocupando somente da campanha de Marta Suplicy.
...que eu já vou. Pouca gente leva tal hipótese a sério, mas de fato existe no PT quem tema ver Marta constrangida pelo passado de Netinho no assunto violência contra a mulher, fartamente documentado na internet.

com LETÍCIA SANDER e GABRIELA GUERREIRO
Tiroteio 
"O desvirtuamento de função foi tanto que quase se esqueceram de avisar que aquele, em tese, era o horário partidário do PT." 

Do deputado EDUARDO SCIARRA (DEM-PR), sobre o fato de o nome do partido ter sido mencionado uma única vez no programa levado ao ar na quinta passada, usado primordialmente para promover a candidatura de Dilma Rousseff.
Contraponto 
Vida dura Quando lhe perguntaram o que havia achado da proposta do líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), de antecipar o recesso para o início da Copa, em 10 de junho, retomando a normalidade dos trabalhos do Congresso apenas depois da eleição, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), saiu-se com esta:
-O conceito de férias se aplica de forma diferente aos parlamentares. Nós não temos férias. Temos atividades legislativas e políticas durante todo ano.
Ele contou ter ouvido de deputados da China que lá o Parlamento se reúne por cinco dias, a cada cinco anos:
-Isso não significa que não estão trabalhando. Estão, sim, em atividade legislativa e política permanente!

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