Brasil registra mais de 200 fusões e aquisições no 1º quadrimestre
Maria Cristina Frias
Folha de S.Paulo - 06/05/2010
Foram registradas 208 operações de fusões e aquisições no Brasil nos primeiros quatro meses de 2010, segundo levantamento da KPMG.
O número de transações realizadas cresceu muito em relação às 135 do mesmo período de 2009, ano marcado pela crise econômica.
O volume, porém, é menor que os 225 registrados no primeiro quadrimestre de 2008, quando o mercado vinha extremamente aquecido e estimulado pela onda de IPOs (ofertas iniciais de ações) do ano anterior, que deu fôlego às compras e vendas de empresas ocorridas naquela época.
A quantidade de operações fechadas em abril (48) caiu em relação a março (59), sinal de que os próximos meses devem ser menos aquecidos. O primeiro trimestre, que havia registrado recorde histórico de fusões e aquisições desde a década de 1990, foi marcado por negociações que tinham sido represadas em 2009 pela crise.
"O ano de 2010 será bom, mas não se pode esperar que supere 2007, época em que muitas empresas abriram capital e saíram se consolidado no mercado, até porque os IPOs estavam sendo feitos justamente para isso", afirma Luís Motta, sócio da KPMG.
O Brasil também não conta mais com a maciça presença de estrangeiros na liderança das transações. "Grande parte dos negócios são domésticos, de empresas brasileiras comprando estrangeiras ou brasileiras."
O cenário deve voltar a se aquecer a partir do segundo semestre. "As operações represadas aconteceram, agora devem dar uma baixada. Os negócios, que levam cerca de seis meses para serem fechados, devem voltar a aparecer com muita força a partir de julho", diz.
VIAGEM DE NEGÓCIO
A rede hoteleira InterCity iniciou o processo de internacionalização da marca. Já começaram as obras da construção da nova unidade em Montevidéu, no Uruguai, que está programada para ficar pronta em janeiro de 2012. "Será o primeiro hotel de bandeira brasileira no Uruguai", diz Alexandre Gehlen, presidente da rede. A escolha do país vizinho levou em conta o fluxo de turistas de lazer e de negócios. No ano passado, mais de 300 mil brasileiros foram para Montevidéu, segundo Gehlen. "O Mercosul está cada vez mais dando importância para o Brasil, que envia mais pessoas para a região que os mercados norte-americano e europeu", afirma o executivo. Hoje, o mercado de hotelaria de negócio vive um bom momento para investimentos. "A pior fase da hotelaria foram os anos 2003, 2004 e 2005, em que havia superoferta e baixo retorno de investimento." Em 2008 e 2009, o mercado de turismo de negócio começou a recuperar-se, atrelado ao crescimento do PIB, segundo Gehlen. "Se o PIB cresce, nós pegamos carona." A rede InterCity está presente em sete Estados brasileiros, com 16 hotéis.
TERRITÓRIO A EXPLORAR
Atualmente, quase não se usa cartão de débito nas compras feitas no comércio virtual brasileiro, segundo estudo realizado pela consultoria Bain & Co., que será divulgado hoje no fórum E-commerce Summit 2010. Mas as emissoras do dinheiro de plástico estão incrementando as suas estratégias para mudar tal realidade. "É conveniente para o consumidor e interessante para o lojista também, pois um grande número de clientes imprime o boleto para pagar a compra mas acaba desistindo antes", afirma Percival Jatobá, diretor-executivo de negócios da Visa.
CAPIXABAS 1
As exportações do Espírito Santo cresceram 10,4% em janeiro, alcançando US$ 666,7 milhões. Esse valor foi maior do que a média de exportações ao longo do período 2002-2010, segundo o Instituto Jones dos Santos Neves, ligado ao governo estadual. Em comparação com janeiro de 2009, as quantidades exportadas subiram 158,6%, enquanto os preços recuaram 42,4%. O setor metalúrgico teve alta de 70% ante dezembro.
CAPIXABAS 2
No ranking de parceiros comerciais, a China recuou. Em janeiro, ocupou a quinta colocação dentre os destinos das exportações do Espírito Santo, atrás do Japão e da Arábia Saudita. A Coreia do Sul registrou a maior absorção de produtos exportados pelo Estado, seguida pelos EUA. Quanto às importações, houve queda de 7,43% em janeiro, em relação a dezembro, e de 27,96%, quando comparado a janeiro do ano passado.
PESQUISA 1
Grandes empresas do setor de petróleo e gás, como Baker Hughes, FMC Technologies e Schlumberger, confirmaram a instalação de centros de pesquisa no país, segundo Carlos Tadeu Fraga, do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras. Fraga apresentou as oportunidades para a realização de pesquisas no Brasil, ontem, em evento organizado pela Câmara de Comércio Brasil-Texas, na Offshore Technology Conference 2010.
PESQUISA 2
A uma plateia de empresários locais, em Houston (Texas), Carlos Tadeu Fraga, do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras, afirmou ontem, na Offshore Technology Conference, que "a intenção é fazer parcerias intelectuais e não apenas comercias". De acordo com Fraga, "realizar testes no Brasil é mais econômico, traz respostas mais rápidas e envolve os estudantes de nossas universidades".
GOVERNANÇA
Nos quatro principais segmentos da Bovespa, as empresas classificadas no Nível 1 e no Nível 2 tiveram aumento na instalação de Conselhos Fiscais em 2010 enquanto os segmentos do Novo Mercado e do Tradicional reduziram a instalação, segundo levantamento da Jorge Lepeltier Consultores Associados, da área de governança corporativa. Em 2009, havia 111 empresas com Conselho Fiscal instalado -em 2010, 96 empresas.
ALUGUEL
As operações imobiliárias chamadas de "sale e leaseback" -em que o proprietário vende seu imóvel e se torna inquilino do mesmo local-, que foram profundamente afetadas na crise, devem retornar aos patamares anteriores no segundo semestre, de acordo com a consultoria Binswanger Brazil. A expectativa é que as taxas dessas operações para o mercado industrial voltem a atingir 11,5% a 13%, contra os 15% a 16% na pior fase da crise.
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