Bomba relógio
FOLHA DE SÃO PAULO - 12/03/10
ESTOCOLMO - Quanto mais o tempo passa, mais os suecos, franceses e americanos ficam nervosos diante da decisão de Lula sobre o melhor pacote para entronizar o Brasil na fantástica era da produção de aviões supersônicos.
O vice-ministro da Defesa da Suécia, Hakan Jevrell, me disse ontem, aqui em Estocolmo, que há muita ansiedade, mas pouca informação, sobre o anúncio, que seria em setembro de 2009, passou para outubro, para dezembro e acabou varando o ano. Até agora, nada.
Jevrell aproveita para rebater duas críticas restantes ao caça Gripen NG: a diversidade de fornecedores estrangeiros e o risco de mudanças no preço final e nos prazos, já que é um produto pronto.
Segundo ele, não há um só avião de caça integralmente produzido e equipado num único país. O francês Rafale -preferido pela área política do governo- tem, inclusive, sistemas dos EUA e da própria Suécia. O motor do Gripen é dos EUA, mas o ministro menosprezou: o avião será adaptável a qualquer motor, de qualquer país. Algum problema de autorização? Basta trocar.
Quanto a prazo e preços, ele repete o que a Saab, do Gripen, sempre diz: a empresa tem um velho histórico de cumprimento de contratos. Não seria agora que iria falhar.
Se Lula anunciar a vitória dos suecos, estará bem ancorado no relatório técnico da FAB e na preferência da Embraer. Mas, se optar pelo F-18, que ficou em segundo lugar, ou pelo Rafale, que ficou em último, Jobim vai ter que se esmerar para produzir e redigir argumentos minimamente convincentes. Falar apenas em "questões políticas" é muito vago, podendo até resvalar para o suspeito.
Como disse Jevrell, o fator político é importante, mas não o único. Se tudo não ficar em pratos limpos, países e empresas vão pensar uma, duas, dez vezes antes de gastar milhões em seleções que, na verdade, eram só para sueco ver.
A bomba está no colo de Jobim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário