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cadeias estão à espera dos arrudas protegidos pelo rei
12 de março de 2010
Há três meses, os milicianos do PT endossam sem retoques todas as acusações que atingem José Roberto Arruda e, desde a véspera do Carnaval, festejam a merecida transferência para a cadeia do governador do Distrito Federal. Nenhum companheiro ressalva que o chefe da Turma do Panetone “ainda não foi condenado em última instância”. Nenhum enxergou “manobras partidárias” no “mensalão do DEM”. Nenhum debitou na conta de “perseguições políticas” as descobertas da Polícia Federal.
Como determina a novilíngua lulista, tais expressões são reservadas a bandalheiras produzidas por filiados ao PT ou parceiros incorporados à base alugada. Se envolve bandidos de estimação, qualquer pontapé no Código Penal ganha imediatamente o selo de ”trama forjada para prejudicar Dilma Rousseff”. A frase significa apenas que os acusados não têm nada de consistente a dizer em sua defesa. Compreensivelmente, tem sido declamada pelo bando que desviou milhões de reais da Bancoop.
Formuladas pelo promotor José Carlos Blat e divulgadas por VEJA, as denúncias foram reduzidas a ”perseguição política” e “manobra partidária” por João Vaccari, ex-presidente da entidade e hoje tesoureiro do PT nacional. A entrevista concedida ao Estadãopelo sucessor de Delúbio Soares confirma que um dos efeitos perversos da Era da Impunidade é o desembaraço com que gente com contas a acertar na Justiça procura passar de acusado a acusador.
Grosseiro na forma e fraudulento no conteúdo, o falatório debocha do Ministério Público, zomba das centenas de cooperados iludidos e tenta confundir o noticiário da imprensa com mentiras de ruborizar uma Dilma Rousseff. Vaccari garante, por exemplo, que as acusações de Blat não se refletiram em decisões judiciais. Falso. Mais de 70 juízes já se pronunciaram sobre o caso. Todos entenderam que a entidade pecou.
Enfiado até o pescoço nas operações suspeitíssimas, o Alto Companheiro também sustenta que todas as ações da diretoria foram autorizadas pelos cooperados em assembléias exemplarmente democráticas. Falso. Os dirigentes sempre se valeram de critérios arbitrários para decidir se alguém poderia ou não participar das reuniões.
Tudo somado, está claro que a população carcerária requer a urgente incorporação dos arrudas governistas. A prisão do governador foi um sinal animador. A solidão do preso, uma ilha perdida no oceano de corruptos à solta, pode comprovar que só vai para a cadeia gente que, além de filmada enquanto rouba, dispensa cautelas para tentar subornar testemunhas inconvenientes.
Arruda foi preso por excesso de atrevimento, não por falta de provas. Essas andam sobrando para meliantes de todas as tendências partidárias. Como sobra dinheiro para construir presídios, tampouco faltarão celas. O que não pode faltar é coragem para prender também os amigos do rei.
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