RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 07/02Q10
Pressionado por partidos e pela Federação Brasileira de Bancos, o Tribunal Superior Eleitoral deverá rever a instrução que libera doações de campanha por meio de cartão de crédito, adotada com o propósito de dar maior transparência ao processo.
Os críticos alegam que esse tipo de repasse levaria no mínimo um mês para chegar à conta de campanha, o que poderia ferir o prazo estipulado pelo próprio TSE para captação de doações (até o dia da eleição). Além disso, ao transferir os créditos, as operadoras não informam o CPF do doador. Segundo a Febraban, a adaptação exigiria "o desenvolvimento de sistemas pelos bancos", e não haveria mais tempo para tanto. O TSE tem até o próximo dia 5 para bater o martelo.
Se colar... Com as regras eleitorais em fase de audiências públicas, o TSE tem recebido uma série de pleitos dos partidos. O PT tenta liberar as chamadas "doações ocultas". "Expressão errônea, que os jornais de circulação nacional insistem em propalar", diz o texto enviado pela sigla.
...colou. Já o diretório mineiro do PSDB pede autorização para distribuir camisetas e bonés a cabos-eleitorais. E pergunta se poderá haver distribuição de combustível ao "pessoal a serviço".
Meteorologia 1. Adormecida havia algum tempo, voltou a correr a praça a especulação de que José Serra (PSDB) pode abdicar de concorrer à Presidência da República. Quase todos os propagadores da tese, porém, são parte (muito) interessada.
Meteorologia 2. Ao mesmo tempo, aqui e ali começam a aparecer petistas que já não descartam peremptoriamente a hipótese de o mineiro Aécio Neves aceitar ser vice em chapa encabeçada pelo governador de São Paulo.
Falar às bases. O comando da campanha de Dilma Rousseff (PT) prepara uma rodada de conversas da ministra com representantes de movimentos sociais apoiadores do governo Lula tão logo ela se desincompatibilize da Casa Civil, no fim de março.
Assim não vale. Em recente conversa reservada, Lula disse que, na negociação para resolver o enrosco PT-PMDB em Minas Gerais, não aceitará o argumento de que o ministro peemedebista Hélio Costa (Comunicações), hoje na liderança das pesquisas para governador, "é candidato de largada, mas não de chegada", bordão que os petistas locais não se cansam de repetir.
Veja bem. Nos corredores do STF, ouve-se que a necessidade de autorização da Assembleia para processar o governador, prevista na Constituição dos Estados, pode não se aplicar ao caso de José Roberto Arruda, pois o Distrito Federal tem apenas Lei Orgânica. A consulta do procurador-geral da República deve ser analisada pelo tribunal ainda neste semestre.
Currículo 1. O jornalista Edson Sombra, que denunciou à PF tentativa de suborno supostamente praticada por aliados de Arruda no novo capítulo do mensalão candango, atuou como informante da CPI da Grilagem de Terras no Distrito Federal, em 1995.
Currículo 2. Ele era ligado à então deputada Maninha (ex-PT, hoje PSOL), relatora da comissão. Nos anos seguintes, foi assessor do senador cassado Luiz Estevão, para quem dirigia uma rádio.
Penas... Na aposta de que Orestes Quércia (PMDB) acabará por não concorrer, os tucanos José Anibal e Paulo Renato se bicam por uma vaga na disputa ao Senado.
...para o ar. Quando alguém pondera que outros partidos têm nomes de maior densidade eleitoral, aliados de ambos alegam que a votação de Geraldo Alckmin para o governo paulista dará conta de eleger um senador do PSDB.
Inflamável. Não é só a disputa regional para alterar a partilha dos royalties do petróleo da camada pré-sal que preocupa o governo durante a tramitação do conjunto de projetos no Senado. O Planalto teme a pressão contrária à ideia de a Petrobras ser a operadora única do pré-sal.
com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER
Tiroteio
"A Justiça decidiu, então chega de picuinhas. Agora é conhecer o candidato e o programa da oposição e esperar o julgamento do povo."
Do deputado JOÃO PAULO CUNHA (PT-SP), sobre decisão de um ministro do TSE livrando a ministra Dilma Rousseff da acusação de ter feito campanha antecipada durante cerimônia em Minas.
Contraponto
Insustentável leveza
Numa reunião de dirigentes partidários e marqueteiros para decidir qual seria a linha do programa de televisão do PV exibido na quinta-feira passada, falava-se da conveniência de apresentar a candidata à Presidência Marina Silva "sem artifícios e com naturalidade".
-Vamos mostrar a Marina de carne e osso!- defendeu um dos presentes.
A senadora pelo Acre não viu problema em fazer piada com a própria silhueta:
-No meu caso, mais osso do que carne, né?
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