FOLHA DE SÃO PAULO - 01/02/10
A empresa de franquias de cosméticos O Boticário se prepara para iniciar vendas porta a porta. A Folha apurou que, no segundo semestre de 2009, a empresa fez seleção para contratar profissionais de concorrentes do ramo de cosméticos e de companhias especializadas em vendas diretas de outros produtos, com a intenção de abrir um novo canal de vendas. Especialistas do mercado de venda direta afirmam que ainda não se sabe se O Boticário lançaria uma nova marca para vender produtos porta a porta ou se o próprio nome da empresa seria aproveitado. Questionado sobre a intenção de iniciar o projeto, o presidente do Boticário, Artur Grynbaum, nega. "Sempre buscamos complementar nossos quadros para reforçar o modelo de franquias. Não temos planos de vendas diretas. Gosto de estudar a venda direta, assim como gosto de estudar todos os canais de distribuição." Segundo a Folha apurou, a empresa realizou processo seletivo sigiloso, em que se identificava apenas como uma multinacional brasileira de bens de consumo. Havia vagas para atuar na área de vendas diretas, na região Sul, onde está localizada a sede do Boticário. Um profissional do mercado, que pediu para não ser identificado, informou que a contratante seria uma empresa do grupo Boticário chamada GKDS Cosmetics. O mercado vê com otimismo a entrada da empresa no segmento porta a porta. "Desconcentraria o mercado, hoje baseado em dois grandes "players", Natura e Avon", afirma Marcelo Pinheiro, da DirectBiz Consultants, consultoria especializada em venda direta. Nesta semana, a empresa inaugura um centro de distribuição com investimentos de R$ 85 milhões, em Registro (SP). O novo empreendimento aumenta em mais de 100% a capacidade de distribuição da marca. Tem 30 mil m2 de área construída e capacidade de expedição de 700 caixas por hora. A marca também investirá na ampliação da fábrica, em São José dos Pinhais (PR). A empresa tem hoje mais de 900 franqueados na rede. Em 2009, foram inauguradas 150 lojas, que totalizaram mais de 2.800 pontos no país.
CACHECOPA
De repente, aqui e ali, surgiram nos saguões do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, pessoas de diferentes nacionalidades com cachecóis nas cores azul, amarelo, verde, vermelho e branco. Era uma iniciativa da delegação sul-africana para divulgar a Copa do Mundo de 2010.
ASAS
Guilherme Paulus, dono da Webjet, recebeu proposta de compra de parte da empresa pela aérea irlandesa Ryanair, segundo a Bloomberg. As conversas devem ser retomadas a partir de março, quando está prevista a promulgação de nova lei para ampliar a participação permitida de estrangeiros em aéreas nacionais. No início de janeiro, o fundo americano Carlyle comprou a CVC, fundada por Paulus.
EM GRUPO
Novos negócios estão nascendo entre Dubai e Brasil. Dez universitários brasileiros e oito jovens dos Emirados Árabes Unidos formaram grupos mistos que desenvolveram planos de negócios apresentados ontem a um júri. Até março, os grupos detalharão os projetos e apresentarão em Dubai, de onde sai um vencedor para competir pelo prêmio de US$ 20 mil, que será investido no negócio ou em estudos. O projeto é patrocinado por Al Ahli Group -conglomerado dos Emirados. No Brasil, teve parceria da Universidade Quantum.
DIRETO DE DAVOS
Diretor do Itaú Unibanco espera aumento de regulação no setor
"Uma mudança vai haver. Temos que estar preparados. Vai ter que ter mais regulação [no setor financeiro], capital mínimo regulatório, novas regras de contabilidade para os bancos, além dos modelos de remuneração dos executivos." A opinião sobre as propostas do presidente Obama é de Ricardo Villela Marino, diretor-executivo responsável pelas unidades externas e pela área de pessoas do Itaú Unibanco. "Há uma tendência de taxar, de colocar mais regras. É uma medida popular que dará votos. Mas vai ter que passar pelo Congresso", disse. "Será algo mais alinhado com o interesse dos acionistas a longo prazo e ajustado ao risco." Marino frisa, porém, que é importante distinguir o que ocorre nos EUA e no Brasil. "É diferente. Nos EUA, houve falhas na gestão de risco, nas companhias que dão "rating", excesso de alavancagem do consumidor americano que, no final, teve de pagar a conta." Marino disse que participantes do Fórum Econômico Mundial neste ano estão "mais aliviados que em 2009. Mas, sabem que têm muito a fazer para evitar recessão de fundo duplo". Villela Marino teve encontros com importantes banqueiros estrangeiros no Fórum suíço. Com relação ao setor financeiro no Brasil, Marino diz que neste ano haverá crescimento da reversão de provisões que os bancos estão fazendo e queda da inadimplência em relação a dois anos anteriores.
Investimento substitui consumo, afirma HSBC
Os países emergentes despontaram como importantes responsáveis pelo restabelecimento da economia global durante a crise, segundo relatório do HSBC divulgado em Davos, com base em estudo sobre os mercados emergentes em 2009. "O Brasil está entre as nações emergentes que estão indo realmente muito bem", afirma Stephen King, economista-chefe do grupo HSBC. "Os preços das principais commodities voltaram a subir rapidamente, o que ajudou muito o país." De acordo com King, o investimento pode estar gradualmente substituindo o consumo como componente que mais contribui para o PIB. O ano de 2010 pode reproduzir o padrão de crescimento da demanda doméstica visto em 2007 e 2008. A inflação é citada como fator que merece atenção. "Apesar da recuperação consistente, revisamos nossa expectativa de inflação para este ano de 5% para 4,6%. A piora vista na inflação ainda não é suficiente para elevação de juros neste primeiro trimestre. Mas as chances de isso ocorrer crescem especialmente se não houver um aperto fiscal em 2010."
com JOANA CUNHA e ALESSANDRA KIANEK
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