Por que os Estados Unidos não conseguem ser mais parecidos com a China? Essa pergunta sempre surge quando o tema da conversa são os atuais problemas da economia americana. Milhões de americanos estão desempregados, empresas estão falindo, proprietários de imóveis estão sendo desalojados em massa.
Mas a China está a todo vapor. Soubemos esta semana que a China ultrapassou a Alemanha como a maior exportadora do planeta. Os consumidores chineses hoje compram mais carros no ano do que os americanos. E proximamente a China vai superar o Japão e se tornar a segunda maior economia do mundo.
Não fique surpreso ao saber que os Estados Unidos ainda estão em primeiro lugar. Mas reconheço que podemos ter dúvidas quanto a isso, diante de todas as dificuldades que estamos atravessando.
A economia da China, você deve saber também, não se deixou afetar pela crise financeira. Os líderes chineses injetaram bilhões de recursos na economia, para estimulá-la, como fez também o governo americano. Pediram aos bancos para emprestarem mais, como ocorreu nos Estados Unidos. A diferença chave está na maneira como os banqueiros reagiram.
Nos Estados Unidos, eles tergiversaram, disseram que sim, mas nada fizeram. Na China, fazem o que Pequim manda. Apesar de todas as reformas de mercado, a economia chinesa é planificada e o poder político controla os recursos.
Todos esses eventos e a posição da China, da qual ela pode se congratular, foram matéria de capa do The New York Times na semana passada. Segundo o editorial, muitas pessoas se preocupam que a China não conseguirá manter esse ritmo de atividade e, de alguma maneira, as coisas acabarão mal e todos nós vamos sofrer com isso. E o artigo prossegue afirmando, como muitos outros editoriais, que os nossos problemas econômicos em parte se devem à política cambial chinesa.
Então, por que os Estados Unidos não conseguem ser mais como a China? Muitos americanos não iriam tolerar, graças a Deus. Existe um grande risco num sistema econômico centralizado que agora está funcionando muito bem na China. E basta olhar para um dos vizinhos da China para ver a que ponto esse sistema pode ser prejudicial.
Veja as medidas adotadas há um mês pela Coreia do Norte com relação à sua própria moeda. O governo decidiu emitir uma nova moeda (cortando dois zeros que costumavam aparecer em cada cédula) em meio a uma inflação galopante. Uma ação decisiva. E devastadora.
Os líderes norte-coreanos autorizaram cada cidadão do país a trocar apenas $ 150 do dinheiro antigo e contas de poupança pela nova moeda, segundo o The Wall Street Journal. Qualquer valor mais virou papel. Esse foi o ponto central do plano.
O objetivo dos líderes norte-coreanos era acabar com a economia paralela, que opera nas sombras do sistema controlado pelo Estado. Pyongyang continua seguindo a direção errada, mesmo observando o milagre econômico da vizinha China, em meio à abertura da economia e dando direito de escolha ao consumidor.
Minha pergunta não é por que os Estados Unidos não podem ser mais parecidos com a China. Eu me questiono o quanto mais a China se assemelhará aos Estados Unidos.
*Mark Davis é colunista do "Kansas City Star" |
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