A economia da China se expandiu a espantosos 8,7% ao longo de 2009, ano em que o resto do mundo mergulhou na recessão e no desemprego, na maior crise econômica global desde os anos 30.
A informação foi passada ontem por Ma Jiantang, diretor do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês). No quarto trimestre do ano, a atividade econômica cresceu 10,7% em relação ao quarto trimestre de 2008, acima da expectativa dos especialistas, que não previam mais do que 10%.
Quando a crise mundial se agravou, o governo chinês tomou as mesmas providências tomadas pelas autoridades monetárias e fiscais do Ocidente. Baixou os juros, estimulou o crédito e distribuiu vantagens tributárias que incentivaram o consumo e absorveram parte da produção que não pôde ser mais destinada ao mercado externo, porque as encomendas haviam despencado.
Os números das Contas Nacionais da China agora divulgados mostraram que o governo de Pequim foi eficiente (bem mais do que os governos dos países ricos) em neutralizar os efeitos negativos da crise. Mas a velocidade da expansão da atividade econômica não é sustentável. Tende a provocar inflação e a escalada da bolha imobiliária.
Uma espiada nos avanços do PIB em cada trimestre de 2009 dá boa ideia disso. Foi de 6,2% no primeiro trimestre (em relação ao primeiro trimestre do ano anterior), de 7,9% no segundo, de 9,1% no terceiro e, como já adiantado, de 10,7% no quarto.
Esses números mostram que a economia da China medida pelo tamanho do PIB em dólares já chegou aos US$ 4,9 trilhões. E, se for levado em conta que o yuan (a moeda chinesa) está excessivamente desvalorizado, um câmbio mais realista talvez puxasse o valor do PIB para perto dos US$ 5,5 trilhões, equivalente ao PIB do Japão.
O primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, e as autoridades da área monetária já anunciaram mão pesada para controlar a inflação. Dia 12, o Banco do Povo da China (banco central) aumentou em 0,5 ponto porcentual o valor da retenção compulsória (o volume de dinheiro dos depositantes que o banco tem de recolher ao banco central) e agora cresce a expectativa de que vem aí uma puxada nos juros primários com o objetivo de desacelerar o crescimento.
Se isso se confirmar, o impacto sobre a economia mundial deve ser imediato. Em primeiro lugar, na medida em que o ritmo das encomendas da China ao resto do mundo terá de ser reduzido, tendem a ajustar-se (para baixo) as cotações do petróleo, das matérias-primas e dos principais alimentos. Em segundo lugar, a recuperação da economia mundial deve, também, ser mais lenta e isso freia as exportações de certos países ricos, especialmente da Alemanha, dos Estados Unidos e do Japão. E, em terceiro lugar, alguma consequência sobre a atuação dos bancos centrais dos países ricos deve acontecer.
Mas ainda não está claro se a perspectiva de um ralentando na recuperação global pode adiar o enxugamento dos recursos despejados durante a crise que os bancos centrais estão planejando ou se, ao contrário, pode acelerá-lo, uma vez que o banco central da China está mostrando que o ajuste deve ser feito o quanto antes.
Confira:
Despencaram - Esse foi o estrago sobre as ações dos grandes bancos americanos provocado pela decisão do presidente Barack Obama de limitar o tamanho e as aplicações dos bancos nos Estados Unidos.
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