A cultura da confiança
O ESTADO DE SÃO PAULO - 03/01/10
Quando abandonarmos a visão de que as pessoas, por princípio, não merecem crédito, estimulando o surgimento entre nós de uma cultura da confiança, esta será uma base sólida para a formação das novas gerações.
A confiança estimula a responsabilidade e cria condições favoráveis ao desenvolvimento. A desconfiança é o fermento do descompromisso. A confiança é fértil, e a desconfiança, estéril.
A confiança nas empresas estimula a prática da descentralização e da delegação, as quais são os fundamentos de parcerias entre pessoas e da partilha das riquezas que geram.
A confiança é, fundamentalmente, uma crença moral: parte do princípio de que todos são honrados até prova em contrário. Por isso, sustenta padrões ideais de convivência: relações de trabalho produtivas entre líderes e liderados; menor necessidade de burocracia; diálogos saudáveis entre fornecedores e consumidores, entre governos e cidadãos, entre países; maior sensação de segurança por parte da sociedade e instituições públicas sólidas.
A melhor maneira de garantir o bom uso dos recursos do Estado é oferecer o voto de confiança ao gestor público e aos que lhe prestam serviços. Para os que não corresponderem, há a justiça a ser aplicada com rigor.
O que não é razoável é a construção de um país ter como premissa a suspeita prévia e o olhar de cada um ao próximo, sempre contaminado pela dúvida. Quando confiamos no outro, a resposta ao que dele esperamos é muito melhor.
Para facilitar esta mudança de cultura, de atitudes e comportamentos, precisamos rever nossas leis, normas, portarias e regras de modo que se tornem claras, transparentes, simples e objetivas, condições indispensáveis para desestimular os mais ‘sabidos’ a usar as ambiguidades para ganhos fáceis e acelerados. Quanto mais leis existirem e quanto mais complexas forem, mais servirão de camuflagem aos mal intencionados.
Precisamos nivelar nosso País por cima, positivamente, e não por baixo, negativamente. Isso significa interromper a tendência de concebermos o Brasil sempre em função daqueles que carregam deformações de caráter – quando nada porque são a minoria da minoria. Pensemos o País a partir dos homens e mulheres de bem que o habitam, pois estes sim são a verdadeira expressão daquilo que somos.
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