Romaria
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 18/12/09
Além da candidatura ao Senado, opção mais evidente, duas outras se abrem com o gesto de Aécio Neves, que ontem mobilizou toda a atenção do mundo político ao anunciar sua retirada da disputa presidencial.
No primeiro cenário, um coagido José Serra se intimida com o avanço de Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas, opta pela reeleição em São Paulo, e o PSDB vai a Minas pedir de joelhos que Aécio reconsidere.
No segundo, Serra permanece candidato ao Planalto, e o PSDB, ao final do primeiro semestre de 2010, vai a Minas pedir de joelhos que Aécio aceite ser vice -caminho para o qual estaria liberado depois de ter feito, agora, a "opção por Minas".
Esquece 1. Tanto quanto rejeita publicamente ser vice, Aécio contempla reservadamente a hipótese da desistência de Serra. Só que isso, sustenta um tucano que priva da intimidade do governador paulista, não vai acontecer.
Esquece 2. Da mesma forma, será inútil esperar por algum tipo de anúncio de Serra assumindo já a candidatura. Ele não poderá levar a novela até março, como gostaria, mas está firmemente disposto a mantê-la no ar ainda por várias semanas. Pelo menos.
Just in case. De Paulo Abi-Ackel, presidente do PSDB-MG: "Se porventura o Serra vier a concluir que a Presidência não é o melhor caminho, é lógico que o partido não ficará sem candidato".
Ser ou não ser. Do presidente do PTB, Roberto Jefferson, sobre o movimento de Aécio: "Xeque ao rei. Agora, o rei terá de dizer se é ou não é".
Não diga! À luz do anúncio de ontem, um grande empresário se lembrou de que, dias atrás, um ministro de Lula tentava por todos os meios convencê-lo de que era iminente a desistência... de Serra.
Spinning. Segundo o relato mais repetido por petistas, o clima entre Serra e Aécio seria o pior possível. Numa outra versão, um pouco menos interessada, a conversa telefônica da tarde de ontem rolou razoavelmente bem, consideradas as circunstâncias.
Por que agora? Os mais próximos de Aécio apontam a "questão mineira" como elemento precipitador do gesto que o governador havia sinalizado fazer em janeiro. A pressão para que ele tomasse um rumo estaria muito grande.
Vai e volta. Do deputado Henrique Eduardo Alves (RN), expoente do PMDB aecista: "No futebol, Aécio apenas engana. Mas no bumerangue ele é bom mesmo".
Estamos aí. Ainda na manhã de ontem, sem saber do que viria a seguir, o presidente do PDT, Carlos Lupi, fez nova visita a Aécio para reiterar que o partido, hoje na base de Lula, poderia segui-lo numa candidatura ao Planalto.
Férias. A segurança presidencial deu início à preparação da Base Naval de Aratu, na Bahia, para receber Lula no feriado de Ano Novo.
Abafa. Técnicos do Orçamento da Câmara Distrital afirmam que, desde o início do governo Arruda, nunca o Siggo (sistema de acompanhamento de gastos do DF) ficou tanto tempo e com tanta frequência fora do ar. Ontem, foram mais de oito horas.
Outro lado. A Paulo Octávio Investimentos Imobiliários diz que a Erguisa mente ao informar em seu site ser parceira da empresa do vice em obras no Distrito Federal. A PF achou, junto de pacote de Sedex com dinheiro, dados bancários da Erguisa e informações sobre seus sócios.
Visita à Folha. Wanda Engel, superintendente-executiva do Instituto Unibanco, visitou ontem a Folha. Estava acompanhada de Carlos Vieira, assessor de imprensa.
com SÍLVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER
Tiroteio
O Brasil chegou a Copenhague como protagonista e, sob o comando da ministra Dilma, que não estava preparada, teve uma participação desastrosa.
Do deputado EDSON DUARTE (BA), líder da bancada federal do PV, sobre a atuação do governo na conferência do clima.
Contraponto
Fora da pista
Em reunião da CCJ da Câmara na terça-feira, o presidente da comissão, Tadeu Filippelli (PMDB-DF), cometeu uma gafe ao chamar Roberto Magalhães (DEM-PE) de Roberto Santos, governador da Bahia na década de 70.
-O senhor me desculpe, mas não sou Santos nem Campos!- respondeu Magalhães, fazendo-se de bravo.
-Esse tipo de engano só acontece com Vossa Excelência- respondeu Filippelli, pedindo desculpas.
Colbert Martins (PMDB-BA) meteu a colher:
-Me desculpe, mas isso não é verdade. O senhor troca tanto os nomes que dias atrás chamou o Régis de Oliveira (PSC-SP) de Régis Bittencourt!
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