quarta-feira, outubro 07, 2009

FERNANDO CALAZANS

Perdendo o bonde

O GLOBO - 07/10/09


Viram só como o Goiás e o Internacional, que eram os adversários mais próximos, continuaram fazendo tudo certinho para fugir da briga pelo título brasileiro? Nenhuma novidade. Isso é apenas uma constante na campanha dos dois. Ficam por ali espreitando, vigiando, perscrutando. Parece que vão dar o bote a qualquer hora, qualquer rodada. Mas é só chegar a hora H que... pronto!
Tanto um quanto o outro perdem o bonde do campeonato, da liderança, do título.
Nesta última rodada, chegaram, vamos dizer assim, à perfeição. O Inter foi derrotado pelo décimo-quinto colocado, o Coritiba. E o Goiás — jogando em sua própria casa — perdeu para o Botafogo da zona de rebaixamento. Com todo o respeito, naturalmente, a Botafogo e Coritiba, que, no entanto, vocês hão de convir, não vão muito bem das pernas no campeonato.
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Agora, sem mudar de assunto, vamos a outro time e a outro treinador. Vejam se o Palmeiras do Muricy não fez, direitinho, o seu dever de casa? Aliás, de casa não. Fez direitinho o seu dever — na casa do adversário, a Vila Belmiro do Santos, que não chega a ser muito hospitaleira com os
rivais.
É o que estou falando aqui há algum tempo, para insinuar uma diferença entre o Palmeiras do Muricy e os... outros. Como existia, nos últimos anos, uma diferença entre o São Paulo do mesmo Muricy e os... outros. O professor doutor Muricy Ramalho é o homem da competição. É craque na matéria.
Domina segredos e recursos do chamado futebol moderno, alguns não muito recomendáveis como as faltas táticas ou faltas inteligentes, essas coisas que enfeiam o futebol impunemente, porque não há muita gente interessada em distinguir o que é feio e o que é bonito no futebol ou em outra coisa qualquer.
Por sinal, o Palmeiras lidera o Campeonato Brasileiro no número de pontos ganhos e também no número de faltas cometidas — e essas duas particularidades traçam o retrato perfeito de Muricy.
O professor domina também coisas elogiáveis e imprescindíveis ao futebol, como a permanente organização de seus times (sobretudo na defesa), como a aplicação tática, a eficiência, a produtividade.
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Já que Inter e Goiás se recusam a chegar na hora certa, os rivais do Palmeiras agora me parecem restritos a São
Paulo e Atlético Mineiro, este de parabéns pela agradável surpresa.
Pior do que ser impontual como o Inter, e nunca chegar na hora certa, pior do que demitir o Tite, que não vinha mesmo produzindo — pior de tudo é reinventar Mário Sérgio como técnico. A única certeza que temos agora é que o Inter vai passar a dar mais pancada, vai passar a fazer mais faltas e vai passar a ser mais desleal com os adversários.
O novo treinador (???) do Inter tem os defeitos de Muricy Ramalho — e nenhuma das qualidades, que, no caso de Muricy, é claro, superam os defeitos. Como aliás estamos observando neste momento.

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