Troca-troca
folha de são paulo - 02/10/09
BRASÍLIA - Termina amanhã o prazo para os políticos dançarem conforme a música, trocando de parceiros e de partidos de olho nas eleições de 3 de outubro de 2010.
Nessa festança, o que menos conta é a harmonia programática e ideológica. Em geral, o sujeito vai do baião ao balé clássico num rodopio.
Não é o caso de Marina Silva, que abriu a fila, saindo do PT para o PV e para a disputa presidencial. Mas talvez seja o de todo o resto. Atrás dela, Flávio Arns recuou do PT e voltou ao PSDB, e o ex-secretário de São Paulo Gabriel Chalita trocou o PSDB pelo PSB de Ciro Gomes. O PMDB não ficaria fora da orgia.
Na cúpula, apesar da guerra e dos insultos públicos, nem José Sarney e Renan Calheiros, de um lado, nem Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos, de outro, se mexeram. Daí para baixo, todos são pé de valsa.
No Espírito Santo, a ex-candidata a vice de Serra em 2002, Rita Camata, sai do PMDB para o PSDB. Em Brasília, o ex-governador e ex-senador Joaquim Roriz desiste do PMDB e adere ao PSC, do qual você provavelmente nunca ouve falar.
Chama-se Partido Social Cristão e já pulou para 17 deputados federais. Não pela religiosidade...
Os empresários estão na dança. O "ideológico" Paulo Skaf, da Fiesp, relutou entre meia dúzia de siglas até se fixar no socialista PSB; o "esquerdista" Ivo Rosset, da Valisère, adere ao PT, dos trabalhadores. O "ambientalista" Guilherme Leal, da Natura, filia-se ao PV de Marina.
E a turma do governo também está ativa. Nunca antes neste país, ao que se lembre, o presidente do Banco Central e o chanceler, embaixador de carreira, assumem uma sigla partidária. Meirelles foi para o PMDB, e Amorim, para o PT. Tudo pode acontecer.
Só faltava o Ciro voltar ao berço e transferir o domicílio eleitoral para São Paulo, que ele xinga há tantos e tantos anos. Não falta mais. E o que ainda falta? O Serra e o Aécio procurarem as suas turmas. Tarde demais. O prazo acabou.
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