Ciro é o plano C. De Ciro
FOLHA DE SÃO PAULO - 15/10/09
SÃO PAULO - Engana-se cruelmente quem acredita que Lula, ao levar Ciro Gomes a tiracolo para visitar as obras de transposição do São Francisco, esteja emitindo um sinal de que o político ex-paulista, ex-cearense, de novo paulista, pode vir a ser o plano B do presidente para a eleição de 2010.
Lula leva Ciro porque o deputado é o mais insolente e agressivo dos defensores da transposição, bem o oposto do "Lulinha, paz e amor", que acabou dando tão certo.
No mais, é zero vezes zero a hipótese de Ciro Gomes ser o continuador do lulo-petismo -aliás, cada vez mais "lulo" e menos petismo.
Uma vez eleito, Ciro daria início ao "cirismo", jamais ao continuísmo. O que é o "cirismo" não faço ideia nem creio que o eleitor descobrirá, a não ser depois de uma eventual vitória dele. Só não será "lulismo" com outra face. Petismo, nem pensar.
Apesar de Lula e de Ciro terem histórias de vida bem diferentes, apesar de terem base social igualmente diferente (a de Ciro, de resto, é inexistente, ao menos por enquanto), os dois têm em comum uma característica: são personalistas ao extremo. E, por isso mesmo, são leais apenas a si próprios.
Dias atrás, Fernando de Barros e Silva listou aqui mesmo todos os amigos/aliados que Lula descartou.
Ciro faria o mesmo. Está no DNA de ambos. A diferença é que Lula ainda afaga os que afasta; Ciro não raro esbofeteia.
Para derrubar de vez qualquer hipótese de continuísmo, basta que o leitor imagine o seguinte.
Estamos em 2014, ano da reeleição de Ciro (claro que se tiver sido eleito em 2010). Lula pede uma audiência no Palácio do Planalto e diz: "Companheiro Ciro, eu te ajudei a eleger-se. Agora, você fica aí sentado quietinho que eu vou ser o candidato, tá bom?".
Preciso ajudar o leitor a deduzir a resposta que o presidente Ciro Gomes daria ao antecessor?
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