Nasce uma nova religião?
FOLHA DE SÃO PAULO - 15/09/09
SÃO PAULO - O presidente francês Nicolas Sarkozy anunciou ontem o fim do que chamou de "religião das cifras" e pregou uma "revolução" para entronizar um novo conceito que eu traduzo, livremente, por Felicidade Nacional Bruta.
Nas palavras de Sarkozy, é preciso que a França e a União Europeia liderem movimento para mudar os "aparelhos estatísticos internacionais" para adotar uma "ideia-chave, a de pôr a ênfase na medição do bem-estar das populações em vez da produção econômica".
Ou, sempre segundo Sarkozy, trocar a "religião das cifras, por trás da qual está a religião do mercado", por uma "política de civilização".
É importante ressaltar que Sarkozy não está sozinho. Sua sensível antena política captou que a agenda internacional mudou na direção de uma economia civilizada.
O espaço não me permite listar todos os fatos que demonstram a mudança. Fico em um, talvez o mais abrangente: a Pesquisa Mundial Econômica e Social-2009, que acaba de ser divulgada pelas Nações Unidas, pede "um enfoque integrado" entre desenvolvimento puro e simples ("a religião das cifras") e desenvolvimento sustentável.
Acrescenta: "A chave para esse enfoque é a transformação da economia global para um baixo consumo de carbono com alto crescimento -uma transformação que possa manter um aumento da temperatura consistente com a estabilidade ambiental tal como definida pela comunidade científica".
Até o Brasil, que geralmente chega com atraso à mudança da agenda global, aderirá a esse conceito, se aceitar os termos que a União Europeia está propondo para o comunicado final da reunião entre os europeus e o Brasil, no dia 6, em Estocolmo. O esboço obtido pela Folha diz: "Brasil e União Europeia reiteram que a mudança climática é um dos desafios mais significativos de nosso tempo e requer uma resposta global urgente e extraordinária".
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