A ordem aos governistas da CCJ é impedir convocação de Dilma e Lina para acareação já considerada por oposicionistas
|
A PRIMEIRA DAS três boas promessas da semana deverá ser, considerados os preparativos governistas contra uma surpresa como foi a convocação de Lina Vieira, outro indício de que as posições de Lula e Dilma Rousseff são de desconforto sem expectativa de saída, no impasse sobre o encontro, ou não, da ministra com a então secretária da Receita Federal. A convocação de Lina Vieira, para o depoimento dado na semana passada, decorreu de uma trama dos oposicionistas onde os governistas não a esperavam: a Comissão de Constituição e Justiça do Senado. O que só lhes deixou como alternativa, para tentar impedir o depoimento, a improvável discussão do conceito de Justiça, na finalidade da comissão. A maioria na CCJ era e é dos governistas, que desde o final de semana são reiteradamente alertados para estar, nestes dias, em prontidão no Senado. A ordem é impedir, de qualquer modo, a convocação de Dilma e Lina para a acareação já considerada pelos oposicionistas, e logo aceita pela ex-secretária da Receita, e mesmo para um depoimento da ministra, simples e resguardado pela maioria governista. Por quê? As hipóteses imediatas são duas. Digamos que prevaleça, na Presidência, o argumento de que não ficaria bem a uma candidata a presidente a situação de questionada, moralmente e em circunstâncias constrangedoras, para comparação com uma funcionária destituída de seu cargo. A outra hipótese é a de que Dilma Rousseff não pode confrontar-se com o risco de ver contestada por uma comprovação, seja de que feitio for, a sua negativa. Algo assim seria uma avalanche sobre candidatura, Lula, Presidência e cargo de ministra. Ainda, porém, que sem tal elemento surpresa, haveria a volta a questões em que a ministra tem impagáveis dívidas de veracidade. A primeira hipótese comporta uma observação. A recusa ao depoimento não impediria, agora ou antes, contestação menos insuficiente a Lina Vieira do que a feita por Dilma Rousseff. É verdade que a posição cômoda, no caso, é a da funcionária destituída. Mas, além dos sucintos "não houve o encontro" e "não houve o pedido" [de apressar a investigação de Fernando Sarney], a ministra e o sistema operacional por ela comandado da Presidência só se mostram capazes do inacreditável. Primeiro, uma barafunda manipulada de alegados registros de agenda funcional, em que o provável dia do encontro, segundo teria dito a senadores, 19 de dezembro, evaporou. Por acaso? Agora é a infantil e cínica (cínica, para dizer o menos) alegação de que não sobrevivem a mais de 30 dias os registros, de todos os tipos, de pessoas e carros que estiveram no Planalto. Impossível. O "dispositivo de segurança" da Presidência, imenso e dispendioso, vai a pormenores e ridículos como, por exemplo, a alteração do tráfego aéreo porque o avião presidencial fará uma provável decolagem em Brasília e um provável pouso, digamos, no Galeão. Os maníacos da segurança são maníacos convictos. Nada evidencia onde está a verdade no episódio. Sabe-se, porém, em que não acreditar até agora. É isso que promete mais um episódio interessante na semana do Senado. Como complemento para a reunião do Conselho de Ética amanhã, quando se conta com a oportunidade de outra apresentação do senador Almeidinha Lima, no seu papel de meganha exibicionista em taberninha da caatinga; e como aperitivo do previsto julgamento, depois de amanhã no Supremo Tribunal Federal, de Antonio Palocci, o governo conta ganhar e levar, pelas razões de praxe que o caseiro Francenildo Santos conhece bem.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário