FOLHA DE SÃO PAULO - 25/07/09
BRASÍLIA - Começa a parecer irresponsabilidade o tudo ou nada do presidente Lula para salvar José Sarney da crise que afogou o Senado. Mas o dano maior da tática é menos comezinho do que parece à primeira vista.
Existe lógica política, naturalmente, na defesa feita por Lula. Manter o PMDB na chefia da Casa com um aliado confiável é vital para os planos de um feliz 2010 para a candidatura governista hoje personificada em Dilma Rousseff.
Por esse projeto, para Lula vale tudo. De incluir a volta de Cristo no PAC a empurrar uma candidatura alienígena como a de Ciro Gomes goela abaixo do PT paulista.
Mas a questão é, como o presidente jocosamente colocou, o tamanho do crime. Qual é o limite da insensibilidade do nariz lulista às emanações do esquema que está sustentado?
É aqui que passamos do planejamento visando a sucessão para os efeitos de longo prazo na psique do país. Eles dificilmente são aferíveis agora, quando tudo lembra apenas um jogo de xadrez disputado com a sutileza de uma partida de rúgbi.
A essa altura do campeonato, dá uma preguiça danada criticar as sandices verbais do presidente, a vontade é qualificá-las como chistes e só. Mas ele se superou recentemente. Na sua defesa estridente de Sarney, logrou criar uma variante por assim dizer ética do "estupra, mas não mata" de Paulo Maluf.
Essa loquacidade toda é amparada na virtual inimputabilidade que a enorme aprovação popular lhe confere. Do alto dos índices de simpatia ao governo, inegáveis e com seus méritos, Lula comanda um triste espetáculo de diminuição do papel da Justiça, de desprezo ao Legislativo e de elegia a uma brasileiríssima malandrice.
É essa liquefação moral e institucional que cobrará um preço mais à frente. Nefasto é o adjetivo mais leve que me vem à cabeça para qualificar esse efeito.
BRASÍLIA - Começa a parecer irresponsabilidade o tudo ou nada do presidente Lula para salvar José Sarney da crise que afogou o Senado. Mas o dano maior da tática é menos comezinho do que parece à primeira vista.
Existe lógica política, naturalmente, na defesa feita por Lula. Manter o PMDB na chefia da Casa com um aliado confiável é vital para os planos de um feliz 2010 para a candidatura governista hoje personificada em Dilma Rousseff.
Por esse projeto, para Lula vale tudo. De incluir a volta de Cristo no PAC a empurrar uma candidatura alienígena como a de Ciro Gomes goela abaixo do PT paulista.
Mas a questão é, como o presidente jocosamente colocou, o tamanho do crime. Qual é o limite da insensibilidade do nariz lulista às emanações do esquema que está sustentado?
É aqui que passamos do planejamento visando a sucessão para os efeitos de longo prazo na psique do país. Eles dificilmente são aferíveis agora, quando tudo lembra apenas um jogo de xadrez disputado com a sutileza de uma partida de rúgbi.
A essa altura do campeonato, dá uma preguiça danada criticar as sandices verbais do presidente, a vontade é qualificá-las como chistes e só. Mas ele se superou recentemente. Na sua defesa estridente de Sarney, logrou criar uma variante por assim dizer ética do "estupra, mas não mata" de Paulo Maluf.
Essa loquacidade toda é amparada na virtual inimputabilidade que a enorme aprovação popular lhe confere. Do alto dos índices de simpatia ao governo, inegáveis e com seus méritos, Lula comanda um triste espetáculo de diminuição do papel da Justiça, de desprezo ao Legislativo e de elegia a uma brasileiríssima malandrice.
É essa liquefação moral e institucional que cobrará um preço mais à frente. Nefasto é o adjetivo mais leve que me vem à cabeça para qualificar esse efeito.
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