Última sessão
FOLHA DE SÃO PAULO - 17/07/09
Há uma dezena de deputados dispostos a enfrentar o PMDB, aliados e a combatividade da estrela vermelha. Aliás, voltei ao Salão Verde pensando nela. A estrela vermelha para mim não tem sentido. Eu a vi nos tanques sérvios que atiravam nos civis e em nós, repórteres. Agarrados à estrela vermelha, perpetraram crimes horrendos sob o título de limpeza étnica.
Assim como a suástica, estrelas vermelhas levam ao desastre, quando se decide obedecer, cegamente, a um projeto de poder. Mais importante do que símbolos políticos é a velhice. No passado, a velhice era cultuada, como um tempo de sabedoria e generosidade. Hoje, com o comportamento de José Sarney, esta imagem está ameaçada. No passado, falava-se em respeito aos cabelos brancos. Hoje, já nem se usam cabelos brancos.
O que eram apenas defeitos colaterais, como a teimosia e a perda de contato com a realidade, hoje prevalecem. Ouço senadores clamando por um gesto de grandeza, a renúncia. Cercado por uma alcateia, faminta de cargos e vantagens, Sarney não renuncia.
Não se trata só de um constrangimento ao ver o Senado definido como casa de horrores. Mas o de conviver com um grupo de homens idosos, movendo-se com uma desenvoltura criminosa, unindo nos lábios do povo as palavras velho e safado, como se fossem gêmeas que nascem ligadas. Tempo de tormentas.
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