O planejamento centralizado terminou no lixo da História, mas o ideário do "Estado forte", capaz de induzir o desenvolvimento e muito mais, sobreviveu como uma bactéria resistente. É certo que há funções-chave para o Estado numa sociedade moderna. Inclusive, por óbvio, na economia, haja vista o papel imprescindível dos bancos centrais - a ação deles na atual crise é uma prova.
Mas, na vulgata que restou deste pensamento, clássico da esquerda, deu-se uma confusão entre os adjetivos "forte", "eficiente" e "inchado". Nem todo Estado forte é eficiente, assim como Estado inchado de servidores não necessariamente é forte, muito menos eficiente.
O governo Lula se perdeu nessa confusão -, que não é semântica. Contratou até agora cerca de 200 mil funcionários públicos, inflando em mais de 20% o contingente de servidores, na ideia de que assim estaria constituindo um Estado forte e eficiente. Tudo uma custosa ilusão. Basta apurar se houve alguma melhoria notável, proporcional ao inchaço da máquina burocrática, no atendimento à população. A resposta é "nenhuma". Ou se este Estado "forte" consegue conter o desmatamento na Amazônia, despoluir rios, dar segurança ao cidadão. A resposta é "não" -, pois o modelo seguido pelo governo foi o do Estado inchado, ineficiente.
Subjacente à questão há o problema do custo total desse funcionalismo para a sociedade - e não apenas em salário, mas aposentadorias e custeio em geral. Tinta, horas de trabalho têm sido gastas em Brasília para provar com números supostamente irrefutáveis que, ao contrário do que se possa pensar, o contingente de servidores é até pequeno, como demonstram comparações com países desenvolvidos.
Ora, comparam-se realidades diversas, o que tira o sentido da própria avaliação. Não se pode considerar percentuais frios de participação de servidores nos diversos mercados de trabalho sem se levar em conta o nível de renda de cada país, respectivas cargas tributárias e a abrangência de atuação de cada burocracia.
Por esta ótica, a correta, um país com uma carga de impostos como a do Brasil e uma folha de servidores que é um dos principais itens das despesas públicas - e em ascensão constante - tem um Estado inchado, cujo custo se tornou insuportável para a sociedade. Reformar este gigantesco organismo disforme, corporativista, ineficiente, terá de ser, mais cedo ou tarde, uma das prioridades nacionais. |
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