FOLHA DE SÃO PAULO - 06/04/09
BRASÍLIA - Chama-se patrimonialismo o fenômeno em curso a céu aberto na Câmara e no Senado. É o fim das barreiras, já frágeis, entre o público e o privado.
Três casos são mais visíveis. O do deputado do castelo, que usou dinheiro público para pagar serviços em suas próprias empresas. Depois teve aquele cuja empregada doméstica recebia salário da Câmara como secretária parlamentar. Por último, o episódio dos "loucos por jatinhos" -os senadores que bateram no peito, com testosterona à flor da pele, bradando para o mundo que não há nada de mais em alugar regularmente esses aviões com o dinheiro de impostos.
Essa desconexão patológica do Congresso com o mundo real chegou ao paroxismo. Os políticos reclamam. Acham o noticiário às vezes parecido com um diário oficial da antiga UDN, clamando por decência. Não há muita saída para jornais e telejornais -exceto os amigos de sempre do poder- a não ser continuar a relatar esse fatos.
Outro dia, na Câmara, Ciro Gomes quis me passar um pito. Ralhou comigo por causa de meu desinteresse pela votação em plenário. Mas como haver interesse por leis cuja tramitação ainda levará dias ou meses quando na mesma semana um amigo de Ciro, o senador Tasso Jereissati, proclama haver justiça no uso de quase meio milhão de reais para fretar jatinhos?
A competição entre a produção legislativa (quase sempre medíocre) e os sucessivos escândalos é desleal. O espírito de corpo dos congressistas também não ajuda. É raro ver um clube tão unido como esse, sobretudo nas más horas.
No meio de uma sessão de descarrego a favor de Tasso, o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, lembrou o fato de que seu colega cearense é rico. E disse: "O senhor paga para ser senador". OK. Mas quem paga para Tasso fretar jatinhos é o contribuinte brasileiro.
BRASÍLIA - Chama-se patrimonialismo o fenômeno em curso a céu aberto na Câmara e no Senado. É o fim das barreiras, já frágeis, entre o público e o privado.
Três casos são mais visíveis. O do deputado do castelo, que usou dinheiro público para pagar serviços em suas próprias empresas. Depois teve aquele cuja empregada doméstica recebia salário da Câmara como secretária parlamentar. Por último, o episódio dos "loucos por jatinhos" -os senadores que bateram no peito, com testosterona à flor da pele, bradando para o mundo que não há nada de mais em alugar regularmente esses aviões com o dinheiro de impostos.
Essa desconexão patológica do Congresso com o mundo real chegou ao paroxismo. Os políticos reclamam. Acham o noticiário às vezes parecido com um diário oficial da antiga UDN, clamando por decência. Não há muita saída para jornais e telejornais -exceto os amigos de sempre do poder- a não ser continuar a relatar esse fatos.
Outro dia, na Câmara, Ciro Gomes quis me passar um pito. Ralhou comigo por causa de meu desinteresse pela votação em plenário. Mas como haver interesse por leis cuja tramitação ainda levará dias ou meses quando na mesma semana um amigo de Ciro, o senador Tasso Jereissati, proclama haver justiça no uso de quase meio milhão de reais para fretar jatinhos?
A competição entre a produção legislativa (quase sempre medíocre) e os sucessivos escândalos é desleal. O espírito de corpo dos congressistas também não ajuda. É raro ver um clube tão unido como esse, sobretudo nas más horas.
No meio de uma sessão de descarrego a favor de Tasso, o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, lembrou o fato de que seu colega cearense é rico. E disse: "O senhor paga para ser senador". OK. Mas quem paga para Tasso fretar jatinhos é o contribuinte brasileiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário