terça-feira, março 31, 2009

PAINEL

Na operação

RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 31/03/09

Augusto Nardes, ministro do Tribunal de Contas da União levado ao noticiário da Operação Castelo de Areia por sua relação com Guilherme Cunha Costa, lobista da Camargo Corrêa, já havia aparecido nos grampos de outra operação da Polícia Federal, a Navalha, de 2007. Naquela ocasião, o empreiteiro investigado era Zuleido Veras, dono da Gautama.
Num dos telefonemas interceptados, Zuleido comentava com o deputado Paulo Magalhães (DEM-BA) a determinação de outro ministro (e hoje presidente) do TCU, Ubiratan Aguiar, para que a construtora devolvesse R$ 1 milhão à Petrobras por quebra de contrato. "Nós estamos pedindo vista", informou. "Quem vai pedir é o Nardes." De fato, Nardes pediu.



Dificuldades... Pelas mãos de Nardes passa quase tudo o que diz respeito à Petrobras no TCU. Um dos deputados mais próximos do ministro é José Otavio Germano (PP-RS), ligado ao setor petroquímico. A dupla já deu muita dor de cabeça à estatal. 

...e facilidades. O TCU, que tem entre seus membros Valmir Campelo, pai do lobista da Fiesp Luiz Henrique Bezerra, é o tribunal responsável por julgar as contas do chamado "Sistema S", ao qual pertence o Sesi (Serviço Social da Indústria). 

Coleta 1. A Cavo, empresa de recolhimento de lixo do grupo Camargo Corrêa, não utilizou a usual "transação eletrônica" para repassar doações a três petistas em 2008. Os candidatos a vereador Nabil Bonduki e Arselino Tatto, além do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, receberam suas fatias em cheque. 

Coleta 2. O principal cliente público da Cavo é a Prefeitura de Curitiba. Em 2008, veio da Camargo Corrêa a maior doação à campanha vitoriosa do tucano Beto Richa: R$ 300 mil "por dentro". 

Coleta 3. A Cavo também tem 30% das ações da Loga, criada em 2004 para atender 13 subprefeituras paulistanas. A Camargo doou R$ 3 milhões ao comitê reeleitoral de Gilberto Kassab (DEM). 

Castelinho. Veteranos lembram do escândalo do Orçamento, em 1993, para baixar a bola da nova operação da PF. Foram apreendidas naquele ano caixas de documentos da Odebrecht com menções a mais de 150 congressistas -algumas com percentual de comissão por obra da empreiteira. A CPI instalada sugeriu "futuras investigações" que nunca se concretizaram.

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