Os deputados federais e seu presidente recém-eleito, Michel Temer (PMDB-SP), têm nesta semana seu primeiro grande teste. Devem dar uma solução para o caso de Edmar Moreira (DEM-MG), o corregedor da Casa. Como bem escreveu ontem na Folha Clóvis Rossi, o escândalo não é o castelo jeca-tatu construído pelo empresário do setor de segurança. Gosto não se discute, lamenta-se. O problema são as dezenas de acusações trabalhistas que Edmar Moreira carrega nas costas e o confessado "vício insanável da amizade" a impedi-lo de investigar e punir deputados corruptos. Edmar Moreira foi eleito na semana passada segundo vice-presidente da Câmara, cargo no qual está também abrigada a corregedoria dos deputados -órgão responsável por investigar e sugerir punição para os corruptos da Casa. A Câmara certamente tem razão de sobra para considerar Edmar Moreira incapacitado para ocupar um cargo de dirigente. Não fossem suas encrencas do presente, bastariam episódios do seu passado para revelar o tipo de caráter e interesses do político mineiro. Sua carreira como policial militar foi abreviada por intolerância dentro da corporação. O capitão Edmar foi considerado agressivo demais até na PM de Minas Gerais. A vida de empresário prosperou na área de segurança privada -ou seja, explorando o medo da população causado por uma deficiência crônica do Estado brasileiro. É legítimo uma parcela dos eleitores brasileiros enxergar em Edmar Moreira alguém adequado para estar no Poder Legislativo. Já os deputados federais não precisam tolerá-lo no comando. O acordão já anunciado tira a corregedoria de Edmar e o deixa na segunda vice-presidência. Pode ser uma forma de abafar o caso. Mas igualmente joga ainda mais para baixo a horrenda imagem da Câmara. |
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