O nosso querido Hugo Chávez não tem mais George W. Bush para chamar o presidente dos EUA de "el diablo", esgotou seu estoque anual de palanques, plebiscitos e referendos e ganhou o jogo, conquistando finalmente o direito a re-re-re-reeleições. Agora, acabou a brincadeira, e ele vai ter de sentar na cadeira para fazer o mais difícil, além de mais chato: governar. E em época de crise, com a Venezuela navegando em mares revoltos como o Irã de seu amigão Mahmoud Ahmadinejad, combinando inflação e recessão: em 2008, mais de 30% de inflação; em 2009, projeção de crescimento negativo de 2%. Dá para brincar? Sansão tinha os cabelos, Chávez tem o petróleo (também como Ahmadinejad). Com o barril pela hora da morte, ele estava bem vivo. Com o preço caindo à metade, lá pelos US$ 44, US$ 45, a coisa muda de figura, com impacto sobre seus pacotes de bondade dentro e fora da Venezuela, no circuito Cuba, Paraguai, Bolívia, Equador. Politicamente, Chávez vai bem, obrigado. Perdeu a primeira tentativa das reeleições ilimitadas, mas ganha essa com praticamente o mesmo percentual que teve ao chegar ao poder em 1998/1999: em torno de 55%. O que também comprova que a Venezuela, mesmo descontando-se os 33% de abstenção, está onde sempre esteve na era Chávez: dividida ao meio. Abrem-se assim outras frentes para dar aos presidentes a chance de irem ficando. Bom exemplo, até porque no campo oposto ao de Chávez, está o de Álvaro Uribe, da Colômbia, que desembarca hoje em Brasília com um rastro de 70% a 80% de popularidade maculado pelos grupos de extermínio que se multiplicaram na guerra contra as Farc. No Brasil, o primeiro efeito da vitória de Chávez deverá ser no Congresso, com a aprovação rápida e fácil da entrada da Venezuela no Mercosul. A oposição grita porque faz parte gritar, mas sabendo que tem tudo para perder. |
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