José Serra costuma dizer que é "mais aplicado do que inteligente". E tem sido aplicadíssimo, além de surpreendente, ao armar seu jogo superando a fama de egocêntrico e desagregador. Seu último lance foi o anúncio de Geraldo Alckmin para a Secretaria do Desenvolvimento, que tem orçamento de R$ 1,41 bilhão e, na prática, reintroduz o ex-governador no palco e na própria cena da sucessão do Bandeirantes em 2010. Num repouso forçado em Pindamonhangaba, depois de peitar Serra e perder a Presidência para Lula e a prefeitura para Kassab, Alckmin ficaria pairando nos bastidores de uma eventual dissidência paulista pró-Aécio Neves. Sob a secretaria, ele praticamente fecha São Paulo com Serra e deixa Aécio falando só para mineiros e para setores menos cotados do PSDB. Outro lance serrista foi a aliança com Quércia. Disputado a tapa por todos e em particular pelo PT na eleição municipal, ele acabou com Kassab e completando o círculo PSDB, DEM, PMDB e PPS no Estado de maior economia e de maior eleitorado. O que pesa, e muito, na balança peemedebista de 2010. E há aquele lance intrigante da ponte "administrativa" ou "republicana" entre Lula e Serra, com milhões de reais para o setor automotivo, para a compra da Nossa Caixa pelo BB, para o encontro de contas do funcionalismo paulista. Enfim, para manter o barco, ou os barcos, navegando em meio às "marolinhas" da crise. Além do conteúdo, a forma: não faltam fotos de Lula e Serra em salões, reuniões e lançamentos, e em pose de amigos, não de adversários. As deduções são livres. Por ora, a única conclusão é a de que nenhum dos dois quer briga. Serra gera fatos, ocupa espaço na mídia, engole tabus, doma o temperamento, tudo para subir a rampa do Planalto. Aprendeu com FHC e Lula e tenta virar o "Serrinha, paz e amor". A dúvida é o quanto isso está custando à sua úlcera. |
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