sexta-feira, março 11, 2011

MÍRIAM LEITÃO

Tom do novo BC
MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 11/03/11
O Banco Central acredita que o corte de gastos do governo será cumprido à risca. Acredita que as medidas de contenção de crédito são eficientes no combate à inflação. Admite que o IPCA corre risco de estourar a meta no terceiro trimestre, mas aposta que a taxa depois vai recuar. A ata do Copom sugere nova alta de juros, mas também abre espaço para que eles parem de subir, como quer a Fazenda.

Quem acompanha a alta da inflação e também das previsões estava em dúvida ontem se o Banco Central está mesmo comprometido em trazer o IPCA para o centro da meta, que é 4,5%. Muitos economistas acharam a ata fraca diante do risco de a inflação superar o teto de 6,5%. O Banco Central parece conformado em que a meta só seja atingida no ano que vem. Alguns, como José Júlio Senna, da MCM Consultores, acham que o novo BC, sob comando de Alexandre Tombini, possui uma combinação de prioridades: não deixar o PIB desacelerar muito; não deixar a inflação sair do controle; não deixar o real ganhar valor sobre o dólar.

- O Banco Central mostra-se bem afinado com o restante do governo e parece mirar mais de um objetivo. A atividade econômica não pode sofrer desaceleração expressiva, como se houvesse uma espécie de piso para o crescimento; e o real não pode ficar ainda mais forte, ou seja, como se houvesse também piso para o câmbio. Juntamente com um teto para a inflação, o topo da banda, isso compõe um conjunto de três grandes objetivos. E eles não são necessariamente compatíveis entre si - afirmou José Júlio Senna.

Somente nos dois primeiros meses do ano, a inflação acumulada atingiu 1,64%. É mais de um terço de tudo que deveria acontecer em 2011, que é 4,5%. Nos últimos doze meses, a taxa atingiu 6,01%, e está com viés de alta. Como nos meses de junho, julho e agosto de 2010 a inflação ficou zerada, a expectativa é de que o IPCA estoure o teto de 6,5% no acumulado de 12 meses. Na ata, o Banco Central parece, no parágrafo 25, tentar se justificar antecipadamente:

"Neste trimestre e nos dois seguintes, a inflação acumulada em doze meses tende a permanecer em patamares similares ou mesmo superiores àquele em que atualmente se encontra. (...) Entretanto, a partir do quarto trimestre, o cenário central indica tendência declinante para a inflação acumulada em doze meses, ou seja, deslocando-se na direção da trajetória de metas."

Depois de ler o texto sobre a disposição do Banco Central em combater a inflação, o economista Sérgio Vale, da MB associados, acha que se todas as apostas se concretizarem, talvez a inflação volte para o centro da meta daqui a dois anos.

- Se tudo der certo, o governo talvez consiga levar o IPCA para a meta em 2013, mas devemos lembrar que 2013 será ano pré-copa e pré-eleição. Será que o governo será austero nesse momento? Continuamos com a visão de que o governo Dilma optou por aceitar a inflação acima da meta. Mudar isso agora demandará muito esforço, que não parece ser do interesse nesse momento - disse Vale.

A análise de um grande banco de investimento americano é de que a ata divulgada ontem foi "surpreendentemente dócil". Elson Teles, da Máxima Asset, acredita que o texto não vai interromper a trajetória de piora das expectativas de inflação, medidas pelo Boletim Focus:

- A ata foi bem leve mesmo. Mostra um BC bastante confiante no mix de medidas (macroprudencial, consolidação fiscal e alta na Selic) para desacelerar a atividade econômica e trazer a inflação de volta ao centro da meta ao longo de 2012. Não pareceu muito preocupado com as atuais expectativas de inflação, que estão piorando. Em suma, acho que o teor da ata não contribui em nada para ancorar as expectativas - explicou.

A economista Monica de Bolle, da Galanto Consultoria, pondera que o cenário internacional é de muita incerteza e que ele vem mudando a cada três meses, desde a crise de 2008. Isso tem dificultado a ação não só do Banco Central brasileiro, mas também de outros bancos centrais no mundo:

- Eles estão enfrentando uma situação complicada, com o mundo muito incerto e virando de cenário rapidamente. Temos agora neste início de ano um quadro tanto recessivo mundialmente quanto inflacionário, por causa da alta do petróleo.

Ela acredita, no entanto, que parte do problema inflacionário brasileiro foi criado internamente, pelos excessos do governo em 2010. Acha que se o BC tivesse mesmo independência, aumentaria juros até segurar a inflação.

- O governo não quer colocar o pé no freio do crescimento. No crédito público, não parece disposto a fazer nada, inclusive anunciou novo aporte ao BNDES, de R$55 bilhões. Na parte fiscal, anunciou corte sobre um Orçamento inchado pelo Congresso. Esse BC não vai bater de frente com o Ministério da Fazenda e temos que lembrar que ele não tem independência - disse Monica.

No final do governo Lula, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles tinha dúvidas sobre se teria independência se continuasse no cargo. A presidente Dilma não o manteve e nomeou Alexandre Tombini, garantindo que ele teria a mesma autonomia dos antecessores. Mas, ao mesmo tempo, quer evitar o conflito entre BC e Fazenda. Para isso, o mais sensato seria mudar o tom da Fazenda e não o do Banco Central. O relatório de inflação vai esclarecer melhor que tom terá o BC de Tombini.

BANDIDOS

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Redução de danos
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 11/03/11

Apesar do desgaste sofrido com a revelação do vídeo de seu encontro com um repórter da Folha num shopping paulistano, o titular da Segurança, Antônio Ferreira Pinto, deve seguir no cargo, ao menos por ora, devido à ausência de substituto que não sinalize a capitulação do governo estadual diante de setores da Polícia Civil descontentes com o secretário.
Mesmo incomodado com o episódio -e com a narrativa, alimentada por Ferreira Pinto, de que apenas os corruptos fazem restrições a seu trabalho- Geraldo Alckmin optou por priorizar a investigação das circunstâncias da divulgação das imagens.

Chumbo 1 
A crise na Segurança paulista foi deflagrada há quase um mês com a divulgação de outro vídeo, no qual escrivã acusada de receber propina é forçada a se despir para revista durante blitz. O caso derrubou a corregedora da Polícia Civil, Maria Inês Valente, da confiança de Ferreira Pinto.

Chumbo 2 
Dez dias depois, cai o coordenador de estatística da secretaria, Túlio Kahn, após a Folha revelar que ele teria vendido informações sigilosas a empresa privada. Kahn havia sido nomeado na gestão de Saulo de Castro Abreu Filho, hoje na pasta dos Transportes.

A conversação 

Disseminou-se entre autoridades do governo paulista a convicção de que "está todo mundo grampeado".

Digestivo 
Remanescente, assim como Ferreira Pinto, da era Serra, Andrea Matarazzo (Cultura) recebeu para jantar, às vésperas do Carnaval, o titular da Segurança e o núcleo alckmista do governo. Já ciente do vídeo do shopping, o secretário prestou contas de sua gestão.

Bate... 
Adversários da cúpula da Segurança enxergam na crise a chance de aprovar na Assembleia projeto que devolve a Corregedoria da Polícia Civil à delegacia-geral. O texto questiona decreto de 2009, pelo qual o órgão ficou vinculado ao gabinete do secretário.

...e volta 
Alckmin já decidiu que questionará judicialmente a proposta, caso aprovada. O governo dispõe de parecer jurídico atestando a legalidade do decreto, assinado por José Serra.

Recompensa 
No site criado pela embaixada americana para divulgar a visita de Barack Obama ao Brasil (www.obamabr.org), os internautas são chamados a gravar vídeo ou escrever mensagem ao presidente. Logo abaixo, há um aviso de estímulo: "anunciaremos os prêmios em breve".

Pisando...
Representantes das centrais chegarão hoje ao Planalto sob tensão. Ontem, numa reunião prévia, ficou acertada uma pauta comum que exclui o fim do imposto sindical, defendido apenas pela CUT.

...em ovos 
Se a central ligada ao PT mesmo assim trouxer o assunto à baila, estará "oficializando o racha", avaliam sindicalistas de outras correntes.

Capital 
Depois da reunião com as centrais, hoje, Dilma dará início a uma rodada de encontros com empresários. Jorge Gerdau, que chegou a ser cotado para o governo, deve abrir a série.

W.O. 
O comando do DEM espera que Gilberto Kassab, de malas prontas para deixar o partido, nem apareça na convenção de terça-feira.

Outro rumo 
Não obstante sua ligação histórica com Kassab, de quem foi secretário na prefeitura, o deputado federal Rodrigo Garcia disse à cúpula do DEM que não pretende segui-lo.

Argumento 
O Instituto Teotônio Vilela, do PSDB, passará a municiar congressistas tucanos com um "paper" diário com críticas às ações do governo federal. A ideia é afinar o discurso dos integrantes do partido.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

tiroteio


"DEM com PSB é quase transgênico. Aonde vamos chegar com esses 'socialistas'?!"
DE JOÃO PAULO RODRIGUES, integrante da coordenação nacional do MST, comentando em seu Twitter a aproximação, com vista a um futuro partidário comum, entre o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

contraponto

Mansinho

Quando telefonou a Paulinho da Força (PDT-SP) para agendar a reunião entre Dilma e as centrais, Gilberto Carvalho foi logo perguntando:
-E aí, você está mais calmo?
O secretário-geral da Presidência se referia à estridente oposição do deputado ao salário mínimo de R$ 545, recém-aprovado pelo Congresso.
-Eu? Estou paz e amor, ministro...

CELSO MING

Pontas soltas
CELSO MING
O ESTADO DE SÃO PAULO - 11/03/11
A inflação aumentou, a incerteza "está acima do usual" e, "nos mercados, a volatilidade e a aversão ao risco se elevaram" - avisa a ata do Copom ontem divulgada. Apesar disso, o tom tenta ser de confiança, mas há pontas soltas.

Como o comunicado divulgado logo após a última reunião do Copom - a segunda comandada pelo novo presidente Alexandre Tombini - foi surpreendentemente lacônico, havia a expectativa de que a ata contivesse avaliações novas sobre o futuro da inflação. Mas as novidades não vieram por aí.

Há pelo menos duas. A primeira delas é o aviso de que a inflação medida pelo IPCA em 12 meses continuará elevada neste e nos dois trimestres seguintes, mas, finalmente, no quarto trimestre do ano, convergirá para a meta, que é de 4,5%. Essa é uma boa aposta.

No entanto, se o Banco Central tem essa capacidade de antever o comportamento dos preços com pelo menos seis meses de antecedência, deveria ter percebido, já em meados de 2010, que haviam aumentado os riscos de desafinação entre oferta e demanda e de que a inflação ficasse solta demais.

Há certa probabilidade de que, apesar de sua situação privilegiada, o Banco Central não tenha mesmo percebido o bote da inflação porque se aferrara demais na indicação de que a atividade industrial já havia estancado a partir de abril de 2010. Nesse caso, leu erradamente os indicadores econômicos.

Se, no entanto, percebeu que o risco crescera demais e, em vez de agir, preferiu fazer o jogo do governo federal que não queria obstáculos relevantes à eleição da candidata oficial, deixou de cumprir seu dever e agora toda a economia está pagando por isso. De todo modo, a credibilidade do Banco Central sofreu algum prejuízo.

A outra novidade é a de que o Banco Central acena com novas medidas de política macroprudencial. Este é um eufemismo para maior restrição ao crédito de maneira a reforçar as decisões que foram tomadas em dezembro e que aparentemente não foram suficientes para estancar o excesso de crédito e de consumo de bens duráveis. Se fosse para trabalhar apenas com a política monetária, os juros teriam de subir muito mais. Para economizar pauladas, o Banco Central vai acionar ainda mais o freio do crédito.

A ata silencia sobre duas pontas soltas relacionadas com essa decisão. A primeira delas é a visível falta de sintonia dos bancos oficiais, especialmente o Banco do Brasil e a Caixa Econômica, cuja decisão não é contribuir para a "moderação da política de crédito", mas continuar na sua prática agressiva de conquistar fatias de mercado, especialmente na área dos financiamentos pessoais.

A segunda tem a ver com o comportamento do BNDES que, além de trabalhar contra a política monetária na medida em que concede financiamentos bilionários a juros favorecidos, acaba de receber outros R$ 55 bilhões do Tesouro para reforçar sua carteira de crédito. Ou seja, o BNDES continua tirando eficácia da política de juros, vai tirar eficácia da política do controle do crédito e, no entanto, o Banco Central ignora esse jogo contra.

Aparentemente, o Banco Central ainda vai ministrar mais algumas doses de alta de juros e complementar, como ficou avisado, com novas restrições ao crédito. Falta saber se esse mix será suficiente para estancar a inflação, uma vez que a variável fiscal (gastos excessivos do governo) não parece totalmente controlada.

GOSTOSA

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Mattel tem licença suspensa na Argentina
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 11/03/11

A Mattel, maior fabricante de brinquedos do mundo, teve suspensa sua licença de importação na Argentina.
A decisão da Afip (Administração Federal da Entrada de Recursos Públicos), a receita federal do país, foi publicada na sexta-feira e divulgada ontem.
A Mattel fabrica a boneca Barbie, além de outras 45 linhas de produtos dessa marca (incluindo joias e artigos de papelaria), e das linhas Mattel Disney e Power Ranger, entre outros.
Comunicado oficial da Afip informa que a Mattel está proibida de operar no comércio exterior argentino, após investigação do fisco constatar que a empresa "não apresentou certificados de origem" das mercadorias importadas em 39 operações documentadas na Zona Franca de La Plata.
A alfândega ressalta, na nota oficial, que a empresa cometeu "falta grave no exercício da sua atividade".
A média anual de importação de brinquedos, bonecas, videogames e jogos da Mattel é de US$ 7.422.884 no período de 2005 a 2010.
Segundo fontes do setor, a empresa já vinha fazendo há algum tempo na Argentina operações de importação obtidas na Justiça.
O governo argentino decidiu agora brecar as liminares que permitiriam essas importações.
O mercado argentino de brinquedos representa cerca de 10% do brasileiro, que movimentou R$ 5 bilhões em 2010, incluindo a produção local e as importações.

OUTRO LADO
Procurada na Argentina e no Brasil, os responsáveis da Mattel não comentaram a decisão do fisco argentino.
Esta foi a segunda notícia envolvendo a principal fabricante de brinquedos do mundo nos últimos oito dias.
Na segunda-feira, a Mattel fechou a megaloja que possuía em Xangai, na China, depois de apenas dois anos de funcionamento.
A empresa não revelou as razões para o fechamento da loja chinesa, embora a companhia tenha reduzido as metas de vendas do estabelecimento em pelo menos 30% desde a inauguração, em março de 2009.
Por meio de um comunicado, a Mattel informou que terá "uma nova estratégia de marca" para a Barbie e irá expandir operações na China neste ano.

APRENDEU?

Quanto o aluno, de fato, aprendeu? Essa foi uma das questões debatidas no Insper Instituto de Ensino e Pesquisa durante o processo de seis anos para obter a certificação internacional dada pela AACSB (Association to Advance Collegiate Schools of Business), a mais antiga associação de escolas de negócios do mundo.
"Pesquisas mostram que três meses depois, a nota da prova [se refeita] cai substancialmente. O aluno não retém", afirma Claudio Haddad, presidente do Insper.
"Adotamos medidas para engajar mais o aluno. Professores mudaram seu planejamento de aulas para enfatizar a importância do que é ensinado e a relação com outras matérias."
Outra providência, dentre as 72 iniciativas para obter o reconhecimento, foi a contratação de mais professores com doutorado. "Não é fácil contratar porque em algumas áreas demandamos experiência e didática", diz.
"Além disso, estimulamos os profissionais a publicar estudos, pois não basta ter o doutorado."
"A certificação amplia as oportunidades de intercâmbio de alunos, professores e de produção de conhecimento", acrescenta ele.

Bancos criam fundos vinculados ao preço do ouro
Com a desvalorização do dólar, bancos têm criado fundos de investimento cuja rentabilidade está associada à variação do preço do ouro.
O modelo utilizado pelas instituições financeiras é o de capital protegido.
O banco Santander captou, durante o mês de fevereiro, R$ 50 milhões para esse tipo de fundo.
O Itaú Unibanco adotou a medida na semana passada. Os clientes Personnalité poderão investir até o final de março, caso o patrimônio não atinja R$ 200 milhões antes dessa data.
O HSBC captou R$ 72,6 milhões desde dezembro de 2010, quando criou o seu fundo Smart Ouro.
O Banco do Brasil, por sua vez, possui fundo semelhante desde abril de 2009.
O rendimento nos últimos 12 meses foi de 8,9% e seu patrimônio líquido é superior a R$ 50,6 milhões.

CONTRA FRAUDE
Bancos brasileiros investem na digitalização de documentos para evitar fraudes e diminuir gastos com papel.
"Além da economia às empresas, que muitas vezes tiram quatro cópias de um documento, o processo facilita a conservação de longo prazo", diz o diretor jurídico da Febraban, Antonio Negrão.
Caso seja aprovado projeto de lei sobre o assunto, que aguarda a inclusão na ordem do dia no Senado, os bancos deverão arquivar todos os detalhes sobre movimentações financeiras em uma central.
O investimento será pequeno para os grandes bancos, mas as instituições menores terão que terceirizar o serviço, diz Negrão.
A digitalização de documentos já é comum para clientes que pedem crédito em bancos e no varejo, afirma Alex Yamamoto, consultor da Acesso Digital, que oferece o serviço.

Financeiro 
O consultor de TI Tom Davenport e o presidente da IDEO Global Design, Tom Kelley, são os dois primeiros nomes confirmados no Ciab Febraban 2011, que será realizado em junho.

Rodada 
A empresa japonesa Nadja Perenne, que importa e distribui cosméticos no país asiático, participa de rodada de negócios da Apex-Brasil. A companhia, que já importa produtos de coloração, negocia no Rio e em SP a compra de cosméticos orgânicos.

Novos... 
A distribuidora Auxter, responsável pela comercialização de 33% de equipamentos e máquinas de construção em 2010 segundo a Abimaq (associação do setor), vai abrir quatro unidades no Estado de São Paulo em 2011.

...ares 

As inaugurações serão nos municípios de São José dos Campos e Praia Grande, no primeiro semestre, e Bauru e São José do Rio Preto, no segundo. O faturamento da empresa no ano passado foi de R$ 216 milhões.

Navio... 

O combate à pirataria de software cresceu em fevereiro no Brasil. Segundo dados da Abes (Associação Brasileira das Empresas de Software) e da ESA (Entertainment Software Association), foram capturados 406 mil CDs piratas, resultado de 55 operações feitas no país.

...pirata 
As entidades também afirmam que retiraram do ar 34 sites e 1.600 anúncios destinados à venda de produtos falsificados.

Árabe 

A iHouse fechou acordo com a Hificity, varejista dos Emirados Árabes Unidos, para vender produtos residenciais com tecnologia de automação. Entre os produtos há um aparelho para gerenciar a quantidade de energia elétrica gasta e um dispositivo para controlar ar-condicionado e luzes da casa.

CASA ALUGADA

As renovações formais de contratos de aluguel residencial registraram alta de quase 50% na capital paulista e na região do ABC no primeiro bimestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Entre os contratos renovados formalmente, 73% passaram por reajuste no valor do aluguel. Os dados são de levantamento feito pela empresa de administração imobiliária Lello.
Em muitos casos, os valores estavam defasados, de acordo com a empresa.
A atualização e a revisão das bases contratuais podem aumentar o rendimento dos proprietários em 15%.

DINHEIRO NA MÃO
A Agência de Fomento Paulista/Nossa Caixa Desenvolvimento completa hoje dois anos com desembolso de R$ 280 milhões para financiamento a investimentos para pequenas e médias empresas.
Inaugurada em março de 2009, com capital de R$ 1 bilhão, a instituição financeira do governo de São Paulo oferece crédito a empresas com rendimento anual de R$ 240 mil até R$ 100 milhões.
Em 2011, aumentará o apoio a empresas que tenham incorporado em seus projetos tecnologias de inovação e pesquisa científica.
com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK, VITOR SION, CLAUDIA ROLLI e LUCAS FERRAZ

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

Os sinais que vêm do mercado
LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

FOLHA DE SÃO PAULO - 11/03/11


Sou defensor convicto da economia de mercado com forte presença do Estado na sua regulação e fiscalização

UMA DAS QUALIDADES de uma economia de mercado é a transparência com que eventuais problemas que ocorrem são percebidos. Isso permite que sejam tratados antes que se tornem graves ou crônicos.
Sistemas econômicos com pouca presença das forças de mercado acabam sendo surpreendidos -de tempos em tempos- por crises muito mais graves do que as que atingem economias abertas. Os acontecimentos recentes no Egito e em outros países do Oriente Médio são uma prova disso.
Mas quem reconhece as vantagens de uma economia de mercado deve entender também que ela está sujeita a certas desfuncionalidades criadas por essa liberdade de escolha. Se o Egito nos lembra a primeira alternativa, a crise financeira que atingiu a Europa e os Estados Unidos nos mostra a outra.
Por isso, sou defensor convicto de uma economia de mercado com forte presença do Estado na sua regulação e fiscalização. Temos no Brasil de hoje um dos exemplos mais bem-sucedidos dessa combinação de mercado com uma regulação que busca evitar distorções que derivam da maximização dos lucros pelo setor privado.
O sistema de telefonia brasileiro é um dos mais eficientes do mundo, do ponto de vista da competição, ao mesmo tempo em que a universalização compulsória de seus serviços o obriga a ir além de seus interesses meramente comerciais.
Na contramão da experiência brasileira temos o caso mexicano, em que a privatização do monopólio público levou o proprietário dessa empresa ao posto de homem mais rico do mundo.
Essas minhas reflexões estão relacionadas com a questão dos gargalos que estão se formando -já há algum tempo- na infraestrutura econômica no Brasil. Na semana passada, fui testemunha de um deles. Ao chegar de uma viagem ao exterior, nas primeiras horas da manhã do domingo de Carnaval, pude observar o estado da área de estacionamento do aeroporto de Guarulhos. Um verdadeiro caos, com automóveis estacionados nos lugares mais incríveis por falta de espaço.
Com meu raciocínio de engenheiro ainda intacto, imaginei o que aconteceria caso a Infraero realizasse uma licitação para um -ou mais- edifício-garagem naquela área. Seriam fixados no edital de licitação alguns parâmetros, como o número de vagas a serem implantadas e o prazo para sua construção, deixando a tarifa como a variável de sucesso no leilão. Poderia também ser determinada uma participação da Infraero na receita de exploração da concessão.
Embalado por meus pensamentos, imaginei que o mesmo procedimento poderia ser feito -inclusive ao mesmo tempo- em outros aeroportos pelo Brasil. Temos hoje um volume de capitais privados suficiente para financiar os investimentos necessários a esse ambicioso projeto.
O governo ficaria com o controle das operações aéreas, com as atividades ligadas à segurança e ao controle e com a fiscalização dos concessionários para garantir as cláusulas de proteção do consumidor dos serviços aeroportuários. Já o concessionário privado ficaria responsável pelos custos do investimento -pois isso será de seu interesse- e a operação dos serviços, evitando até as tradicionais tentativas de superfaturamento.
A Infraero -e o Tesouro- não teria de investir nenhum tostão e ainda teria um fluxo garantido de receita para financiar a operação em pequenos e médios aeroportos espalhados pelo Brasil.
Ainda nos meus sonhos, via essa mesma equação -tão simples como eficiente- sendo levada a outros setores, como o das estradas de rodagem, o dos portos. Embora com um grau de complexidade maior, seria possível também estender esse sistema de parceria público-privada para o importante setor de ferrovias, principalmente as vinculadas ao sistema logístico do país. Nesse caso, o papel do BNDES seria crucial, como já foi no caso da Ferronorte.
Mas, infelizmente, caí na real, quando um amigo com quem conversava me lembrou da campanha de Lula em 2006 e da demonização das privatizações do período FHC.

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, 68, engenheiro e economista, é economista-chefe da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações (governo Fernando Henrique Cardoso).

BRAZIU: O PUTEIRO

VINICIUS TORRES FREIRE

Sob nova administração, de fato
VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SÃO PAULO - 11/03/11
Na ata do Copom, Banco Central explicita de modo oficial que inflação não se combate apenas com juros

MERECE REGISTRO para a história econômica "contemporânea" do país, pós-Real, o dia em que foi declarado oficialmente que a política monetária estava sob nova administração. Política monetária: as decisões do BC sobre juros e dinheiro.
O BC declarou que mudou o modo de fazer política monetária no Brasil, que era mais ou menos o mesmo na teoria e na prática desde 1999, quando foi criado o regime de metas de inflação. A mudança foi registrada em ata e publicada ontem.
Trata-se da "Ata do Copom", do Comitê de Política Monetária do Banco Central, que decide em quanto deve ficar a taxa de juros "básica" do país, a Selic. O documento é divulgado na semana seguinte ao da decisão sobre os juros.
Também conhecida como "chata do Copom" por jornalistas da área, a ata nem mesmo o é. É uma exposição de motivos da decisão sobre juros e uma orientação à praça sobre o que o BC deve fazer a respeito da inflação no curto prazo -um documento tedioso, cheio de dedos e recados, mas que não registra o que se discutiu na reunião sobre os juros.
Mas a "chata do Copom" surpreendeu, ontem. A uma certa altura, fica claro que, além da taxa de juros de curto prazo (a Selic), existem instrumentos alternativos e que podem ser empregados de modo recorrente no controle da inflação. Esse conjunto de instrumentos é o que vem sendo chamado de "medidas macroprudenciais" desde o final do ano passado, aqui no Brasil.
É fato que o BC e, muito mais, o resto da equipe econômica diziam desde o final do ano passado que as "macroprudenciais" poderiam evitar alta maior do juro. Mas, até aqui, a coisa tinha mais um jeitão de recurso extraordinário do que de método. Isto é, medidas macroprudenciais não eram dadas como substitutos regulares de altas de juros.
As "medidas macroprudenciais" são decisões administrativas do BC que afetam a quantidade de dinheiro disponível para crédito nos bancos e, assim, a taxa de juros para o tomador final. Por meio delas, obriga-se a banca a deixar mais dinheiro parado no BC a deixar de reserva mais dinheiro para cada empréstimo concedido, a elevar tais exigências se o financiamento é de longo prazo (o que acaba por encurtar os prazos dos crediários) etc.
A princípio, tais medidas têm como objetivo evitar que o sistema financeiro se exceda, empreste demais a quem não tem como pagar.
Calotes em massa avariam bancos, e bancos avariados são um problema para a economia inteira. Mas tais medidas têm como efeito colateral óbvio a redução da oferta de crédito, do consumo e da inflação.
Os economistas mais ou menos ortodoxos dizem que medidas "macroprudenciais" colaboram no controle da inflação, mas têm defeitos: 1) afetam pouco as decisões de poupança e de investimento; 2) sua intensidade e o tempo de seu efeito são incertos ou ainda desconhecidos; 3) criam distorções e ineficiências no mercado de crédito.
Na ata divulgada ontem afirma-se que nova rodada de "macroprudenciais" pode fazer com que o BC não eleve os juros em mais 0,75 ponto percentual no ano, alta já tida como pequena para parte dos observadores da economia. Além de reforçar a importância de medidas ditas heterodoxas no controle da inflação, o BC, de resto, mostrou-se otimista sobre a queda dos preços.

PAULO R. HADDAD

O Nordeste sem ilusões
PAULO R. HADDAD     
O ESTADO DE SÃO PAULO - 11/03/11
Milhares de brasileiros que têm visitado os Estados do Nordeste, em busca de lazer em suas belezas naturais e em suas magníficas festas populares, trazem de volta a impressão de que a região está em franco processo de desenvolvimento. De fato, a modernização da infraestrutura econômica e social das capitais e das cidades de porte médio desses Estados e a "descoberta" de novas oportunidades de investimento, particularmente no setor de turismo a partir do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur), têm alavancado o crescimento econômico da região nos últimos anos.

Esse processo de crescimento econômico irá depender, sobretudo, da capacidade da região para atrair recursos financeiros, tecnológicos, institucionais, etc., nacionais e internacionais, públicos e privados, por meio de diferentes modalidades (negociação de projetos; transferências intergovernamentais de natureza não constitucional; etc.). Dependerá, também, dos impactos que as políticas macroeconômicas (monetária, cambial, fiscal) e setoriais (transporte, energia, etc.) terão sobre a economia local. Essas políticas, comandadas principalmente pelo governo federal, como é o caso dos investimentos do PAC, geram condições externas às decisões locais que podem ou estimular ou frear o crescimento econômico, de acordo com os rebatimentos específicos das mesmas políticas sobre a estrutura produtiva da região. Quase sempre, essas políticas são, por si sós, predominantes e capazes de explicar o crescimento econômico e a evolução da renda regional.

Por outro lado, o processo de desenvolvimento sustentável de uma região, que pressupõe o seu crescimento econômico, dependerá, fundamentalmente, da sua capacidade de organização social e política, que se associa ao aumento da autonomia local para a tomada de decisões, ao aumento da capacidade para reter e reinvestir o excedente econômico gerado pelo processo de crescimento local, a um crescente processo de inclusão social, a um processo permanente de conservação e preservação do ecossistema regional. Essa capacidade de organização social da região é o fator endógeno por excelência para transformar o crescimento em desenvolvimento, por meio de uma complexa malha de instituições e de agentes de desenvolvimento, articulados por uma cultura regional e por um projeto político local, como destaca Sergio Boisier.

Embora o Nordeste disponha de imensas potencialidades econômicas à espera de projetos de investimento para mobilizá-las, a região ainda apresenta indicadores de desenvolvimento socioeconômico típicos de uma região menos desenvolvida. O seu PIB per capita varia de 34% (Piauí) a 61% (Sergipe) do índice brasileiro, em 2008. Nesse mesmo ano, embora a população da região representasse 29% da população do País, o seu porcentual de pobres era de 45%. E os municípios nordestinos são extremamente dependentes de transferências federais para reduzir essa pobreza, como ocorreu de 1995 a 2008.

As transferências são também indispensáveis para que as administrações mantenham um mínimo de oferta de serviços públicos, ainda que de qualidade duvidosa para os seus habitantes. Essas transferências se manifestam, na renda das famílias nordestinas, pela aposentadoria social, pelo sistema da Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), pelo Bolsa-Família, além dos programas sociais compensatórios dos governos estaduais e municipais. Em municípios com população inferior a 50 mil habitantes e com baixo PIB per capita, essas transferências de renda chegam a beneficiar mais de 60% das famílias. Nas finanças públicas, centenas e centenas de municípios dependem em bem mais de 80% das transferências federais e estaduais na composição de suas receitas orçamentárias. Se essas transferências fossem eliminadas, em pouco menos de uma década, algumas regiões do Nordeste poderiam vir a assemelhar-se aos mais pobres países africanos do ponto de vista econômico e social, particularmente aquelas regiões onde é muito reduzida a produtividade de sua base de recursos naturais.

PROFESSOR DO IBMEC/MG. FOI MINISTRO DO PLANEJAMENTO E DA FAZENDA

GOSTOSA

FRANCISCO DORNELLES

Uma urgência: reduzir os encargos
FRANCISCO DORNELLES

O GLOBO - 11/03/11

Reduzir seletivamente o peso dos encargos patronais sobre a folha salarial é uma premência para a economia brasileira.

Há décadas empregadores contribuem para a Previdência Social sobre a folha arcando com alíquota muito superior à exigida em outros países. Mas há outro motivo conjuntural para se repensar tal encargo: a concorrência internacional mais acirrada depois da crise global. Da guerra das moedas, que sobrevaloriza o real, até as práticas desleais de comércio, o produto nacional vem perdendo espaço no mercado externo e no interno.

Reduzir o encargo patronal assegurará que o benefício fiscal fique dentro das fronteiras do país. Quando se reduziu o IPI sobre automóveis em 2009, se logrou aumentar a produção interna, mas também se provocou uma disparada das importações, e assim parte da renúncia da receita pública brasileira acabou gerando emprego e renda fora do País.

O desafio é conciliar a preservação da competitividade nacional, gerando benefícios somente para empresas domiciliadas no Brasil, com a prudência no desenho dos benefícios de forma a não desequilibrar as contas públicas.

A Constituição de 1988 diversificou as fontes de financiamento da seguridade. Hoje as contribuições para a seguridade incidem não apenas sobre salários, como também sobre faturamento, lucro e importação.

Alterar encargos é mais fácil agora porque mudou o perfil da arrecadação.

O encargo patronal relativo à contribuição das empresas sobre os assalariados arrecadou R$69,4 bilhões em 2010.

Analisando a composição da arrecadação por atividade, verifica-se que a indústria de transformação gera menos de 23% de tudo que se arrecada para a Previdência, dos quais menos de 8% se referem a setores industriais mais expostos à concorrência internacional predatória.

Os setores que mais arrecadam não enfrentam concorrentes no exterior e nem se espera que contratem mais empregados caso seus encargos sejam diminuídos.

A alternativa mais eficaz para reduzir encargos é focalizar a concessão desse benefício. Dever-se-ia de início reduzir de forma expressiva o encargo patronal dos empregadores mais expostos a concorrência externa e cuja folha salarial mais pese na formação dos custos e dos preços. É o caso, por exemplo, dos produtores nacionais de calçados, de têxteis e de brinquedos, dentre outros.

Desonerar seletivamente os encargos patronais das indústrias expostas a maior concorrência externa é um caminho urgente para proteger a produção nacional, preservar e gerar emprego, e que ao mesmo tempo atenta para o equilíbrio fiscal.

FRANCISCO DORNELLES é senador (PP-RJ)

CLÁUDIO HUMBERTO

“Ele [José Rainha] estava na invasão, no claro papel de liderança”
JUIZ FERNANDO SALLES AMARAL, AO SENTENCIAR O LÍDER DO MST A 4 ANOS DE PRISÃO POR FURTO

AMIGO DE GADDAFI, LULA IGNOROU DRAMA DO REPÓRTER 
Após receber a maior honraria da Líbia e chamar Gaddafi de “meu amigo, meu mestre, meu líder”, o ex-presidente Lula poderia ter ajudado a libertar Andrei Netto, repórter brasileiro preso pela polícia do tirano. Mas mantém silêncio sobre a Líbia desde o início do levante. Ele e Marco Aurélio Top-Top Garcia, outro “amigo de Gaddafi”, têm arranjado viagens ao exterior e continuam distantes de perguntas sobre o ditador.

ESFORÇADOS MOÇOS 
O blog do Planalto informou ontem que o governo estava “endividando” (sic) todos os esforços para a libertação do jornalista Andrei Netto.

ENFIM, LIVRE 
Andrei Netto, que é correspondente do Estadão em Paris, só foi libertado ontem, após sofrer maustratos na prisão de Gaddafi.

TEM MAIS 
O vídeo da propina de Jaqueline Roriz é a prova de que está longe de se esgotar a impressionante filmografia do delator Durval Barbosa.

CARNAVAL NO FOGO 
Após a criminalidade, a loucura no trânsito: foram notícia internacional os 213 mortos e 2.441 feridos nas estradas brasileiras no feriadão. 

MANSÃO DE EDEMAR PROVOCA GUERRA ENTRE JUÍZES 
A mansão do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira provoca uma encrenca entre juízes de São Paulo. O magistrado Régis Bonvicino destituiu o fiel depositário, Vânio Aguiar, e o juiz de falências o reconduziu. Bonvicino então mandou a PM vigiar quem sai da mansão, após o sumiço de obras de arte e até dos computadores que controlavam a umidade e a temperatura, essenciais para a preservação do valioso acervo.

BARRA PESADA 
O fiel depositário é acusado de promover 251 visitas de estranhos à casa, sem controle, e festinhas com vinhos caros da adega de
Edemar.

FAZENDO INTRIGA 
No despacho designando à PM para monitorar a mansão de Edemar, o juiz Bonvicino acusa o fiel depositário de fazer intriga entre
juízes. 

CACHORRADA 
A ditadura chinesa vai implantar a lei do “cachorro único”, pelo excesso de animais nas grandes cidades. Já basta a vida de cão nas
fábricas...

EROSÃO AÉREA 
Apesar da erosão de seu prestígio no governo, o ministro Nelson Jobim (Defesa) ainda bate uma bolinha: emplacou a recondução de Claudio Bastos Simão para a direção da Agência Nacional de Aviação Civil.

SAFRA BOA 
O banqueiro Eduardo Safra, recebido pela presidente Dilma na Barreira do Inferno, é dono de um possante jato. Ele quer mudar de hangar, do aeroporto de Guarulhos para Congonhas, mais perto da Avenida Paulista.

SÓ POR COINCIDÊNCIA 
Convidado para chefiar a nova Secretaria de Aviação Civil, Rossano Maranhão é atual diretor do Banco Safra, e relutava aceitar a missão por razões salariais. Depois da Barreira do Inferno, quem sabe...

A LISTA 
A Procuradoria-Geral da República já tem a lista dos privilegiados donos dos passaportes especiais que o Ministério Público Federal do DF requisitou ao Itamaraty. É mais cobiçada que a lista de Schindler. 

ELE É “O CARA” 
Pesquisa internacional divulgada ontem pelo jornal Le Monde com três mil pessoas, inclusive do Brasil, revela que o cofundador da Microsoft, Bill Gates, é o perfeito exemplo de um “vencedor”. Pobre Eike Batista. 

CRAQUE NO TIME 
O chanceler Antônio Patriota convocou mais um craque: o conselheiro Leonardo Sotero Caio será o coordenador-geral de Mobilização de Parcerias Institucionais para Programas de Cooperação
Internacional.

ESSE SANTANDER... 
A pensão alimentícia de uma leitora de Brasília, depositada dia 4 no banco Santander, só entrou na conta na quinta, 10. O gerente ainda disse que encerre a conta o cliente que não gosta do serviço chinfrim.

DESAFINADO 
Errar é humano: a escola de samba Vai Vai, campeã do carnaval paulista, homenageou com justiça o maestro João Carlos Martins, mas “absolveu-o” da condenação em 2009 pelo caso Pau-brasil, de recursos “não contabilizados” à campanha de Paulo Maluf, em 1993.

PERGUNTA CENSURADA 
Por que os mãos de peteca cubanos Fidel e Raúl Castro ainda não convidaram o “companheiro” Lula para uma palestra
em Cuba? 

PODER SEM PUDOR
LIBERAÇÃO RÁPIDA DE VERBA 
Nilo Coelho era governador de Pernambuco e era grave a crise na Casa de Detenção, sem dinheiro nem para alimentar os presos. Ligou para Joel Hollanda, responsável pela liberação da verba, que tentou argumentar:
– O senhor sabe, governador, a situação do Estado é difícil...
– Qual é o endereço da sua casa? – disparou Coelho.
Hollanda informou, sem saber direito o porquê do pedido, até ouvir:
– Então, se prepare: amanhã, 800 presos vão almoçar lá!
E desligou. No dia seguinte, a verba estava liberada.

BRAZIU: O PUTEIRO

SEXTA NOS JORNAIS

Globo: Uma tragédia nacional - Estradas nunca mataram tanto como neste carnaval
Folha: Em dois meses, país recebe mais dólares que em todo 2010
Estadão: Cresce rombo da previdência do servidor
Correio: MPF pede inquérito no STF contra Jaqueline
Valor: Forte desaceleração faz BC ser cauteloso com os juros
Estado de Minas: Um país na contramão do mundo civilizado
Jornal do Commercio: Menos homicídios e mais mortes no trânsito
Zero Hora: Calamidade no Sul

quinta-feira, março 10, 2011

ROLF KUNTZ

O lado político da crise
ROLF KUNTZ
O ESTADO DE SÃO PAULO - 10/03/11
A crise da economia global é também uma crise para os economistas, disse o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, ao abrir uma conferência sobre as lições do desastre econômico e financeiro dos últimos três anos. A reunião, coordenada pelo economista-chefe da instituição, Olivier Blanchard, serviu para uma crítica das políticas dominantes nos últimos 20 anos, para um ato de contrição profissional e para um debate sobre um novo manual para os ministros de economia e finanças e presidentes de bancos centrais. Um pouco de humildade pode ser salutar, tanto quanto a disposição para rever teorias e políticas. Mas algumas questões propostas no encontro não são novas e algumas críticas talvez tenham sido mal dirigidas e resultem apenas em mais confusão.

Segundo uma dessas críticas, os bancos centrais erraram ao concentrar seus esforços no controle da inflação, sem levar em conta as condições da intermediação financeira. "A regulação financeira estava fora do esquema da política macroeconômica", escreveu Blanchard num resumo um tanto caricatural, como ele advertiu das ideias dominantes na fase pré-crise. Mas a simplificação pode ter ido longe demais. Os bancos centrais não deram prioridade ao controle da inflação em detrimento da regulação financeira. A história é outra. A regulação foi deficiente, nos Estados Unidos e em vários outros países, por uma combinação de ideologia e de outras motivações menos nobres.

Oficialmente, a estabilidade e a segurança do sistema financeiro têm estado há muito tempo na pauta das autoridades. Regras foram discutidas por dirigentes dos mais importantes bancos centrais e convertidas em esquemas de regulação pelo Banco de Compensações Internacionais, de Basileia. Normas até mais severas foram adotadas no Brasil, e isso explica, em boa parte, a resistência dos bancos brasileiros à crise. Mas nenhum desses esquemas foi adotado integralmente em muitas economias desenvolvidas e, além disso, os mecanismos de controle raramente - ou nunca, em muitos casos - se estenderam além dos bancos comerciais. Bancos de investimento e outras instituições ficaram livres de supervisão, nos Estados Unidos, e foram usados como canais de transmissão das operações de altíssimo risco.

A decisão de manter o sistema financeiro livre de controles não teve relação com as concepções de política monetária e muito menos com a adoção de esquemas de metas de inflação. Foi uma decisão política de outra natureza, resultante da combinação de uma pitada de ideologia com um balde de safadezas. Boa parte da história é contada no documentário Inside Job, premiado com o Oscar.

A crise pode ter sido uma surpresa por sua extensão e por sua gravidade, mas houve muitos sinais de alerta, alguns deles emitidos por gente do próprio FMI, dois anos antes do início da quebradeira dos bancos. Economistas e operadores do mercado, incluídos alguns dirigentes do setor bancário, haviam apontado os perigos embutidos no excesso de liquidez global e na formação da grande bolha de crédito.

O assunto foi discutido mais de uma vez no Fórum Econômico Mundial, em Davos, antes de começar a quebradeira dos bancos. Além disso, o grande desequilíbrio internacional entre deficitários e superavitários - um dos aspectos politicamente mais complicados da crise - foi discutido durante anos, por vários especialistas, antes de se tornar um dos temas centrais do Grupo dos 20 e do FMI. A crise deu uma dimensão dramática a problemas debatidos durante anos e realçou a urgência de novos e mais eficientes mecanismos de coordenação de políticas e de supervisão de mercados.

O grande problema não é avalizar a retomada de velhas políticas, como a limitação temporária do ingresso de capitais ou a regulação quantitativa do crédito, rebatizadas com o pitoresco nome de "medidas macroprudenciais". Dirigentes de bancos centrais e ministros de Finanças encontraram essas medidas nos quartos de despejo da política econômica e foram capazes de usá-las, novamente, antes de qualquer discussão acadêmica. Desafio sério, mesmo, é concretizar velhas propostas de regulação internacional do sistema financeiro, de instalação e operação de um mecanismo de alerta e prevenção de turbulências e acima de tudo de coordenação efetiva de políticas. Alguma coordenação ocorreu no começo da crise, mas já em outubro do ano passado Strauss-Kahn lamentou o enfraquecimento da cooperação. O assunto envolve dificuldades teóricas, mas os maiores obstáculos são políticos.

ANCELMO GÓIS

A moral do bicho
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 10/03/11

Aniz Abraão David, o Anísio, patrono da Beija-Flor, assinou o editorial da revista da campeã do carnaval, defendendo o fortalecimento dos “valores éticos e morais de uma sociedade”. Ah, bom! 

Virgílio em Lisboa
O diplomata e ex-senador Arthur Virgílio, que não se reelegeu e voltou ao Itamaraty, deve servir algum tempo na nossa embaixada em Lisboa. 

Dinheiro no ar 
A Azul espera um tempo melhor no mercado financeiro para fazer seu IPO, sigla em inglês de oferta pública inicial de ações. Planeja captar uns US$ 2 bi. 

Para inglês ver
Sophie Charlotte, atriz da novela “Ti-ti-ti”, vai participar do próximo filme do diretor e roteirista inglês Ash Baron Cohen. “The Blind Bastard Club” será rodado no Rio neste semestre. 

Arco do triunfo
Alguém perdeu no Camarote Devassa, na Sapucaí, um desses arcos de cabelo com dois bilaus como se fossem antenas, sucesso no carnaval no Rio. Uma faxineira achou e exclamou: “Benza Deus!” Há testemunhas. 

No mais
Adriano disse ontem que perdeu muito dinheiro ao deixar o Roma “para ser feliz no Brasil”. Mistério dos mistérios. O que faz um empregado abrir mão de um salário garantido de 3,5 milhões de euros por ano até junho de 2013?

Devassa
Sandy, a filha de Xororó que pintou o cabelo de louro para fazer propaganda de cerveja, não vai voltar à Marques de Sapucaí no sábado das campeãs. Pelo visto, cansou rapidamente dessa vida de... Devassa. Faz sentido.

Lá e cá
Jaques Chirac, ex-presidente da França, está no banco dos réus por ter usado funcionários e recursos da prefeitura de Paris em campanhas políticas. No Japão, o chanceler renunciou por ter recebido, irregularmente, um presente de cerca de R$ 500. 

Segue...
Enquanto isso, em Brasília, fala- se nos bastidores do governo Dilma que um ministro egresso da gestão Lula viaja a bordo do
avião de um empresário com interesses em sua pasta.

Aliás...
O ministro e o tal empresário já foram vistos, acompanhados de suas mulheres, esquiando em Gstaad, na Suíça, e fazendo compras em Paris. Nitroglicerina pura.

RC faz história

Roberto Carlos agora faz parte do grupo de artistas que, ao virarem enredo, foram campeões na era Sambódromo. Com o Rei, estão Dorival Caymmi, Braguinha, Drummond e Chico Buarque. 

Alô, Eduardo Paes!
Uma coisa legal em Ipanema foi a recomposição das dunas e de sua vegetação. Tudo cercado por toras e arame. Com os blocos, em alguns pontos, o arame se rompeu. Se não houver conserto logo, vai tudo embora. No canteiro central, o estrago foi maior.

Calma, gente

Segunda, um folião usou sem autorização o banheiro do restaurante Eclipse, na Av. N. S. de Copacabana, e, ao voltar do xixi, foi atingido por um segurança com duas cadeiradas. 

Não é espada
Um cantor que costuma alardear suas aventuras com as mulheres foi visto aos amassos com um fortão atrás do setor 2 da Sapucaí, depois do desfile da Grande Rio, domingo. Nada contra. 

Eleição na ACRJ
Quem deve suceder José Luís Alqueres no comando da Associação Comercial do Rio, em maio, é Antenor Barros Leal. 

Vergonha nacional 

Milhões saem às ruas no carnaval sem nenhuma morte. Já uns poucos milhares ocupam as estradas e produzem quase 200 cadáveres e 2.000 feridos. Esqueça a propaganda oficial. As estradas e os motoristas brasileiros são uma vergonha.

ZONA FRANCA

 “Noel Rosa, Poeta da Vila e do povo”, reportagem-musical do jornalista Dacio Malta, em cinco episódios na TV Brasil, foi convidada para o Festival de Cinema Brasileiro em Paris, em maio.
 Maitê Proença faz ciclo de palestras na Casa do Saber, dia 15. 
 O médico Luiz Bomfim fará recital de formatura em canto na UFRJ, dia 25, no CCJF, com Flávio Augusto ao piano.
 Hoje, Celso Barros comanda Assembleia Geral Ordinária da Unimed-Rio. 
 Lucinha Araújo liberou as letras do filho, Cazuza, para o Prêmio Carioca de Criatividade Social em Rádio. 
 Wagdy Radwan, da Rio Brasa, abre exposição dia 16, na Galeria TNT. 
 Abriram as inscrições para o curso de cirurgia vascular da SBACV-RS.
 Fred Schiffer expõe fotos da expedição Monte Roraima, na Unigranrio.
 Hoje tem jazz no Albamar com Bruce Henri Trio e convidados.
 A alemã Ute Lemper faz o show “Kabarett”, dia 16, no Oi Casa Grande.