quinta-feira, janeiro 21, 2010

GOSTOSAS

JOSÉ SIMÃO

Buemba! Eu sou filho do Zé Mayer!

FOLHA DE SÃO PAULO - 21/01/10


E o machão homofóbico do "BBB" que se chama Dourado?! E a bibinha emo parece um Smurf


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta!
Forro do Cinemark do Cidade Jardim desaba! Isso é que é 3D! Sessão das 21h no Cinemark do Cidade Jardim: forro desaba parcialmente em cima das pessoas! Nome do filme: "Onde Vivem os Monstros".
E o filme do Lula? O chargista Simon Taylor mostra como o Lula vai bombar a bilheteria do filme dele: BOLSA PIPOCA! O desavisado ganha um saco de pipoca e um santinho da Dilma autografado. Dentro do saco! Rarará!
E já imaginou o filme do Lula em 3D? Aquele dedo voando em nossa direção: vuuuu PÁ, direto no olho! E um filme com o Serra Vampiro Anêmico e com a Dilma RouCHEFE? Seria o AVOTAR, como diz o blog do twitteiro? Não, seria AVOMITAR! Dilma e Serra em AVOMITAR!
E a drag do "BBB"? É a cara do Maluf! Por isso que ele tá ROUBANDO a cena. E, vendo o "Jornal Nacional", um amigo pergunta: "Onde se hospedam os jornalistas da Globo no Haiti?" Onde dormem, jantam, tomam água, banho? E tem uma cidadezinha em Pernambuco que toda vez que o William Bonner e a Fátima Bernardes dizem "Boa noite", eles gritam de volta "BOA NOITE"!
E uma velhinha diz "Boa noite, vão com Deus, meus filhos". Eu não queria ser filho do Zé Mayer. Que é pai da novela toda. Rarará!
E o Big Biba Brasil? Recado no twitter do Hugo Gloss: "Bom dia, machinho que assinou o PPV do BBB pra ver as gostosas tomando banho. Edição errada! Nessa só tem músculos e glitter".
E o machão homofóbico que se chama Dourado?! Você acredita num machão chamado Dourado?! E a biba emo parece um Smurf. E o advogado careca parece um vibrador. O Pinto Falante! A Dlag, o Smurf e o Pinto Falante! Big Bizarros Brasil! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!
Antitucanês Reloaded, a Missão. Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanês. É que no interior do Pará tem um restaurante chamado Come em Pé! Agoniado Mas Gostoso! Ueba! Isso é Dias Gomes puro. Mais direto impossível. Viva o antitucanês! Viva o Brasil!
E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Homofobia": companheiro com fobia a sabão em pó! Rarará! O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
E quem não tiver colírio pode pingar Ajax com Fanta Uva!

DEMÉTRIO MAGNOLI

O Bonaparte ausente

O ESTADO DE SÃO PAULO - 21/01/10


O "conservadorismo popular" elegeu Fernando Collor em 1989 e derrotou Lula por duas vezes, seguindo o projeto de estabilização econômica de FHC expresso no Plano Real. O lulismo nasceu do encontro entre o "conservadorismo popular" e a figura política na qual os pobres projetam a sua própria imagem. Mas tal encontro derivou da orientação política imprimida por Lula a seu governo. Na Presidência, o ex-metalúrgico promoveu a redução das desigualdades sociais dentro da ordem, capturando o eleitorado mais pobre, que é conservador. O lulismo configurou-se nesse movimento, afastando-se das águas do petismo e articulando, desde o alto, uma representação política para as camadas profundas da sociedade brasileira. O diagnóstico está num artigo do cientista político André Singer, ex-porta-voz de Lula (Raízes sociais e ideológicas do lulismo, revista Novos Estudos, Cebrap, novembro 2009).

Singer explica que o realinhamento não ocorreu antes, mas depois do primeiro triunfo de Lula. O ano fora da curva é 2002, quando o líder do PT venceu apoiando-se no seu eleitorado tradicional, concentrado nas camadas urbanas médias do Centro-Sul e aproveitando-se da insatisfação generalizada com o segundo mandato de FHC, que dispersou o voto dos mais pobres. Já em 2006, triunfou nos braços de um novo eleitorado, concentrado nas regiões mais pobres e conquistado pelos aumentos do salário mínimo, pela expansão do crédito popular e pelo Bolsa-Família. Sob o impacto do escândalo do "mensalão", que alienou parcela significativa do eleitorado de maior escolaridade, acentuou-se a substituição de uma base de apoio pela outra. Ao mesmo tempo, ampliou-se a liberdade de ação do presidente ante seu partido.

O lulismo emergiu de um deslocamento político estrutural que afastou Lula do PT. A Carta ao Povo Brasileiro, de 2002, e sua materialização na forma da continuidade da política macroeconômica de FHC delinearam um programa de manutenção da ordem incompatível com as proclamações petistas. Singer não o diz, mas sobre essa plataforma o lulismo associou-se aos interesses das altas finanças e do grande empresariado, funcionando como ponte entre o estreito vértice e a ampla base da pirâmide social brasileira.

Na linguagem de inspiração marxista utilizada por Singer, Lula realizou "um completo programa de classe" - mas o do "subproletariado", não o da "classe trabalhadora organizada". A conclusão, uma óbvia impropriedade, sustenta-se apenas na fantasia ideológica segundo a qual Lula "constituiu" o subproletariado "como ator político". Contudo, diante das primeiras eleições sem a presença de Lula desde o fim da ditadura, mais útil que criticá-la é indagar sobre o significado da incongruência entre lulismo e petismo.

O artigo de Singer quase não toca no petismo. Mas o lulismo está irremediavelmente conectado ao petismo, pois Lula não conseguiu levar adiante seu acalentado projeto de erguer um partido "lulista". O presidente não dispõe de outra máquina partidária senão a do PT, o que tem consequências.

O PT nasceu como coalizão nucleada por um tripé de sindicalistas emergentes, correntes esquerdistas influenciadas pelo castrismo e militantes católicos da "Igreja da libertação". A ampla coalizão agregava ainda social-democratas, trotskistas, ecologistas e libertários, que juntos conferiam plasticidade ao discurso petista, evitando a identificação do partido com a velha esquerda da guerra fria. Entretanto, a diversidade ideológica perdeu-se ao longo do tempo, enquanto se coagulava um aparelho partidário controlado pela nova elite sindical e por cliques de dirigentes stalinistas, ao redor do qual orbitam movimentos sociais dependentes do financiamento estatal. Há menos de duas décadas, em editorial, a revista teórica do PT condenou implacavelmente a ditadura castrista. Hoje, algo assim seria impensável.

A mudança teve repercussões paradoxais. Numa ponta, o PT que disputou as eleições de 2006 já perdera o apoio das camadas médias do Centro-Sul e de parte significativa da classe trabalhadora organizada, convertendo-se num caudatário eleitoral do lulismo. Na outra, o discurso petista deslizou rumo aos anacronismos da velha esquerda e às reivindicações segmentárias da miríade de movimentos abrigados sob o guarda-chuva do partido. A dupla tendência gerou um curioso sistema de intercâmbio entre o lulismo e o petismo.

Lula faz o que quer no campo da política econômica e das políticas sociais, ignorando olimpicamente o PT, que já renunciou até mesmo a espernear contra a ortodoxia do Banco Central. O presidente, contudo, oferece compensações ao partido, especialmente sob a forma da consagração oficial de plataformas formuladas por conferências de movimentos sociais patrocinadas pelo governo. O plano de direitos humanos constitui ilustração exemplar da dinâmica desse intercâmbio. Lula tem escasso interesse em levar adiante as iniciativas autoritárias previstas no documento, mas a proclamação do compromisso governamental com elas funciona como um troféu simbólico para o petismo.

Segundo Singer, "diante da dificuldade de ganhar eleições presidenciais só com a classe média, os oposicionistas não sabem para onde ir". A profecia do triunfo de Dilma Rousseff sobre José Serra foge ao campo das ciências sociais, inscrevendo-se na esfera dos desejos do analista. Mas, nessa hipótese, sob o influxo do lulismo chegará ao Planalto uma sucessora que, não sendo Lula, carece da relação especial estabelecida por ele com os mais pobres - e também, portanto, da "autonomia bonapartista" conquistada pelo presidente ante o petismo.

Como não é trivial imaginar um "lulismo sem Lula", capitaneado por uma liderança política derivada, avulta uma indagação tão crucial quanto inevitável. Na Presidência, não se converteria Dilma em refém da cartilha da esquerda autoritária recuperada e reescrita por um PT em declínio?

Demétrio Magnoli é sociólogo e doutor em Geografia Humana pela USP. E-mail: demetrio.magnoli@terra.com.br

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO

REGINA ALVAREZ

Caminho sem volta

O GLOBO - 21/01/10


A crise em curso na Argentina, com a presidente Cristina Kirchner em queda-de-braço com o presidente do Banco Central, permite um paralelo com o Brasil, já que o tema autonomia do BC, pelo que tudo indica, vai entrar no debate eleitoral. Na Argentina, a independência do BC está na lei, mas a postura do casal K inviabilizou, na prática, a permanência de Martín Redrado no cargo

Depois de demiti-lo por decreto e ser desautorizada pela Justiça, Cristina recuou e decidiu pedir ao Congresso autorização para despachá-lo. A oposição se mobiliza para mantê-lo no cargo. A Justiça ainda dará um veredito final sobre o conflito, mas sem apoio do governo e de sua própria equipe é improvável que Redrado consiga concluir o mandato. Ainda faltam oito meses.

No Brasil, temos uma situação oposta. A autonomia do BC é apenas operacional, mas funciona. Ao longo dos últimos anos, a instituição agiu com independência, ganhou credibilidade e conquistou a confiança dos mercados e da sociedade.

O economista Fábio Giambiagi — que é descendente de argentinos e acompanha de perto a crise do nosso vizinho — diz que reviu um pouco os seus conceitos sobre a autonomia do BC à luz do que acontece na Argentina.

— O problema é cultural.

A autonomia formal tem que chegar quando não é mais necessária, pois depende menos da lei e mais de uma relação madura entre os vários agentes — afirma Giambiagi.

O ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega tem visão semelhante.

— As experiências mostram que a autonomia do BC só funciona quando há o amadurecimento das lideranças políticas — diz.

Gustavo Loyola, ex-presidente do BC, pensa um pouco diferente. Acha que a lei é importante, desde que seja cumprida. E que na Argentina a autonomia garantida em lei colocou em pauta uma discussão que não ocorreria de outra forma, o uso das reservas para cobrir um rombo fiscal.

Luis Otávio Leal, economistachefe do Banco ABC Brasil, considera que o episódio argentino ressalta a importância da independência legal de um Banco Central.

Mas todos concordam que, no Brasil, o BC está num estágio à frente e caminha para a autonomia de direito, mesmo que isso não aconteça no curto prazo.

— O BC independente é um processo, não é um modernismo adotado pelos países mais desenvolvidos — observa Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do BC.

O resultado das eleições pode mudar essa trajetória? Os analistas acreditam que não.

— Os candidatos sabem da importância da estabilidade e que o Banco Central gerou este controle das expectativas — destaca o ex-diretor do BC.

É certo que esse tema deve ser usado no calor da campanha. Esta semana, o noticiário já mostrou um pouco do clima neste sentido e daqui para frente o vale-tudo só tende a piorar.

Mas o mercado parece não se preocupar muito com essa guerra de declarações.

Nada indica que haverá um retrocesso. O avanço que conquistamos nessa área é um caminho sem volta

Na real

Os números da arrecadação de 2009, que serão divulgados hoje, mostram que em dezembro as receitas ficaram muito aquém do desempenho de novembro, turbinado pelos depósitos judiciais. Pelos registros do sistema Angela, usado pela Receita e que o Congresso tem acesso, a arrecadação tributária federal, excluída a Previdência, cresceu apenas 1,3%, em termos reais, entre dezembro de 2008 e de 2009. Em novembro, a variação fora de 19%. Entre novembro e dezembro de 2009, a receita caiu 10,3%, já descontada a inflação. O sistema Angela tem uma variação em torno de 1,5% em relação aos números oficiais da arrecadação, por questão de metodologia

Falta trilho

A Associação dos Transportadores Ferroviários (ANTF) prevê recorde no volume de cargas transportadas em 2010: mais de 500 milhões de toneladas. A retomada do crescimento econômico vai aumentar principalmente o transporte de minério de ferro, soja e açúcar.

Apesar do recorde, a malha ferroviária do país permanece curta, de acordo com o diretor-executivo da ANTF, Rodrigo Vilaça, com 29 mil quilômetros de extensão: — Nossa economia demanda uma malha de 52 mil quilômetros de trilhos. A estimativa do governo é chegar a 40 mil só em 2020.

Para se ter uma ideia de como o aumento é pequeno para 10 anos, a China cresce suas ferrovias num ritmo de 10 mil quilômetros anuais. O país já possui a segunda maior malha do mundo, com 86 mil quilômetros, atrás dos EUA, com 282 mil.

ONDA VERDE: O CEO’S Family Workshop neutralizará as emissões de CO2 do evento com o plantio de árvores. O encontro reunirá 200 executivos e suas famílias em Mogi da Cruzes (SP), no próximo fim de semana

COM ALVARO GRIBEL

LUIZ ANTONIO SIMAS

Sem amarras

O GLOBO - 21/01/10


Em uma cidade como o Rio de Janeiro, com forte presença de descendentes de escravos, as relações entre o carnaval de rua e o poder público foram marcadas, desde o início da República, por tentativas de disciplinar a festa. As camadas populares foram vistas como classes perigosas. Suas manifestações culturais, tratadas como coisas de bárbaros. Evitar que a barbárie tomasse as ruas no tríduo era, portanto, fundamental na ótica do poder. Essa postura, não raro, descambava em repressão violenta.

Acontece que o carnaval tem duas características que, com maior ou menor intensidade, prevalecem em qualquer canto do mundo onde um pierrô morra de amores: a espontaneidade do folião e a subversão dos valores sociais vigentes.

O sentido da festa é esse.

A tentativa da prefeitura do Rio de estabelecer critérios mais rígidos de controle dos foliões deve, portanto, ser vista com cuidado. É compreensível que o poder público busque garantir o mínimo de segurança e ordem urbana ao carnaval de rua. O risco de se comprometer o sentido da folia não pode, porém, ser desprezado.

Qualquer política pública que queira interagir com a festa deve ser pensada por quem conheça o carnaval, saiba da dimensão cultural do furdunço entre nossa gente e reconheça o tênue e perigoso limite entre ordem e repressão, como se a primeira só pudesse ser garantida pela segunda. É função do poder público, e aí ele é importante, ser o fiscal da cláusula pétrea do reino de Momo: ao folião é garantido o direito de se esbaldar em paz, de forma espontânea e original, no meio da multidão ou no bloco do eu sozinho.

O legítimo folião não programa o carnaval, não gasta seus caraminguás em abadás duvidosos e não se isola dentro de cordas. Sabe apenas que vai para a rua imolarse nos blocos e cordões, receber a extrema-unção com água benta de teor alcoólico e morrer até a Quarta-Feira de Cinzas, quando ressuscitará como burocrata, marido, professor ou operário, para o longo e medíocre intervalo entre um carnaval e outro.

Nós temos o direito a essa pequena morte. É ela que torna mais suportável a vida

LUIZ ANTONIO SIMAS é professor de História.

UM PUTEIRO CHAMADO BRASIL

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Verdade às escuras

O ESTADO DE SÃO PAULO - 21/01/10


Está dando um apagão na... investigação sobre o apagão. Dois meses e dez dias depois de metade do Brasil ficar às escuras, o pessoal das Minas e Energia avisa que, por lei, não pode dar um prazo para a Aneel entregar seu relatório.
A Aneel se comprometeu publicamente, logo depois de ter recebido o informe do ONS, a entregar o seu em 30 dias. O prazo já expirou. Indagada ontem, no entanto, a agência jura que a mídia errou e que ela não prometeu nada.

Verdade 2
Por outro lado, o Ministério de Minas e Energia, ao menos, vem com uma novidade: a principal constatação dos levantamentos feitos até agora é que custaria R$ 600 milhões por mês a manutenção de uma quarta linha de transmissão em Itaberá, tida como fonte da pane.
Vão construí-la?

Road to USA
Depois de algumas indagações da coluna, o consulado americano em São Paulo acabou admitindo a suspensão de vistos somente quando o problema estava resolvido. Isto é, ontem.
A emissão, que ficou suspensa mais de uma semana, volta a ser feita por ordem de datas de viagem e urgência.

Memória ao vivo
Terá R$ 70 milhões e funcionará ainda em 2010 o Fundo de Inovação do Audiovisual. Segundo Alfredo Manevy, o interino de Juca Ferreira, o programa quer abrir caminho no mercado para documentários, memória e restauro.

Saindo do papel
Carlos Ermírio de Moraes e Lula se reúnem na terça, em Brasília. Segundo o Planalto, escolhem data de inauguração da maior fábrica de celulose do mundo, pertencente ao Grupo Votorantim.

Holofote
Só falta autorização médica.
Mário Bortolotto, baleado em dezembro, avisou: quer voltar aos palcos, com sua banda Saco de Ratos, no fim de fevereiro.

A vida sem chão
A Embaixada americana em Porto Príncipe, um prédio de quatro andares, foi o único edifício da cidade a ficar em pé, segundo fonte do governo brasileiro no Haiti, com quem a coluna conseguiu contato ontem.
E mais: essa mesma fonte registrou grande diferença no modo como soldados do Brasil e dos EUA circulam pelas ruas. Os brasileiros, informais e conversadores. Os americanos, parecendo prontos para a guerra.
Tristeza total, ainda segundo o relato, é a entrada do aeroporto. "Foi eleita como porta da esperança", diz o brasileiro. Desesperados, os haitianos se amontoam nas proximidades, à espera de algum avião que os leve embora.
Comida? Além da escassez absurda, a distribuição em família funciona assim: primeiro come o pai, depois a mãe, o filho mais velho... e o mais novo fica no fim da fila. Para onde vai, também, quem estiver doente.

Luxo só
Quem esteve em Aspen, nesta temporada, percebeu a melhora resultante do investimento de U$8 milhões nas pistas.
Bem como a finalização da primeira fase da reforma de US$ 18 milhões do luxuoso The Little Nell, repaginado pela designer Holly Hunt.,

Cinquentonas
Branca de Neve, deprimida, toma Prozac. Cinderela se rebela, abandona o príncipe e vira vegetariana.
Loucura? Não, sucesso. A Cinderela Que Não Queria Comer Perdizes, de Nunilla Salamero, é um dos campeões de venda nas livrarias da Espanha.

À revelia
Oscar Niemeyer decidiu: não vai desfilar na Beija-Flor, que vai homenagear na avenida os 50 anos da construção de Brasília.
Aparecerá no camarote? Só avisa em cima da hora.

Novos ares
Luciano Szafir sacode a rotina: vai se aventurar na direção de filmes. Só aceitou convite do diretor Ricardo Zimmer para atuar em Fronteira de Sangue com uma condição: em troca, quer aprender com ele o ofício.
Zimmer topou e vai deixá-lo dirigir um núcleo do filme.

Na parede
Com curadoria de Ivald Granato e Jacob Klintowitz, 14 artistas consagrados entram em clima de Copa. A exposição Os Onze - Futebol e Arte - mostra simultaneamente, na África do Sul e no Mube, 11 painéis. A partir de junho.

Direto Da SPFW

A agitação do terceiro dia na Bienal tem nome e sobrenome: Jesus Luz. Reverenciado como popstar, o namorado de Madonna atraiu uma multidão quando se arriscou a sair do camarim para tentar ir ao banheiro. Gritinhos, apertos... e sobrou para uma empresária que, de muletas, deixava a toalete: "Bloquearam a entrada e quase me atropelaram".

Ao lado dela, uma amiga se orgulhava: "Ele é lindo mesmo! Agora, assim não dá. Tratam o moço como deus só porque ele pertence à Madonna."

No entanto, durante o desfile da Ellus para o qual Jesus foi contratado reinou o silêncio. Sem aplausos, alguns se divertiram, irônicos, na plateia:"Tanta Luz e ela se apagou na passarela..."
Lotada, no melhor estilo caos aéreo, a sala da Ellus sucumbiu ao overbooking. Gente com lugar marcado teve que se conformar em ficar em pé.

Fora das passarelas, Preta Gil atravessou o vaivém geral puxando gente para seu novo programa sobre sexo. Irreverente, decidida a vingar-se de Marcelo Tas - que se habituou a ironizá-la no CQC -, perguntou-lhe qual a receita de um bom strip-tease. Tas perdeu a graça: "Bom, o equilíbrio entre ousadia e elegância?"

E, para as tietes de plantão, Jesus, o da Luz, fica em Sampa até sábado para clicar a campanha da Ellus. Endereço? Casa de Nelson Alvarenga.

ELIANE CANTANHÊDE

Razão e emoção

FOLHA DE SÃO PAULO - 21/01/10


BRASÍLIA - Mais do que projetar resultados eleitorais no Brasil, a sucessão presidencial no Chile relativiza o oba-oba brasileiro. Lula tem seus 80% de popularidade, mas a chilena Michelle Bachelet tem até mais, e o colombiano Alvaro Uribe está perto disso.
Além dos méritos dos três, há dados objetivos: nunca antes, não só no Brasil, mas na América Latina, houve crescimento médio, inflação baixa e investimentos como nesta década. O reflexo, lógico, é nos indicadores sociais. Só em 2005 e em 2006, 13 milhões de latino-americanos saíram da linha de miséria. O Brasil não é uma ilha. É parte desse contexto.
Nem os mais de 80% nem a onda da economia (estancada na crise de 2009, mas sem recuo) foram suficientes para Bachelet fazer o seu sucessor. Ganhou o empresário mais bem-sucedido do Chile, Sebastián Piñera -de "direita", por óbvio. Isso, por si, já justifica que analistas independentes e assessores engajados quebrem a cabeça para entender o processo e transportar lições para o Brasil. Mas sem certezas, por favor.
Aqui no Brasil, como diz didaticamente Mauro Paulino, do Datafolha, só os mais ricos e mais escolarizados já estão antenados para a eleição e se alinham, majoritariamente, com Serra ou com Dilma. A eleição só vai começar a ser definida quando os da outra ponta -os mais pobres e menos escolarizados- passarem a se interessar e a conhecer os candidatos. O que depende da razão e da emoção.
Aí entra Lula, que não é Bachelet e, na análise de Paulino, é uma faca de dois gumes. Como ídolo, tanto pode transferir votos para Dilma como pode ser uma sombra, evitando que ela brilhe, que o eleitor preste atenção, confie e vote nela. Dilma, assim, além de disputar com Serra os ganhos que não são só do Brasil, mas da região, terá de calibrar o apoio de Lula, para ser forte o suficiente para alavancá-la, mas não tanto a ponto de sufocá-la.

JAPA GOSTOSA

ARI CUNHA

Mundo torto

CORREIO BRAZILIENSE - 21/01/10


Política brasileira, terremotos, vendavais, desentendimentos e fuxicaria. Não vai bem o mundo. A acomodação das placas tectônicas ameaça agravar a fome no mundo. No Brasil, a política domina com prepotência, egoísmo, uso do dinheiro público. A candidata Dilma Rousseff não aparece em companhia de nenhuma pessoa da família. Pouco se conhece de sua biografia. Não se sabe da sua atividade em administração sem a tutela de Lula. Nem se sozinha, caso eleita, terá discernimento para comandar a administração. Presidente vai de seca a Meca com a candidata a tiracolo. Não apareceu outro candidato. Em Brasília, a erva daninha se enraíza na administração. Mesmo assim, se quer o povo a favor. Pelo visto, há placas tectônicas querendo acomodação também na superfície da política.


A frase que não foi pronunciada

“Aonde Lula vai, a Dilma vai atrás.”
Comentário de Juca Franco, operário, estudando a modernidade da língua


Shoppings
Brasília está vendo pronta a construção de edifícios de shoppings. São muitos, com bastante lugar para estacionamento. Não se sabe se a área é pública ou privada. Pode-se entender que moradores da Península Norte não terão meios de se locomover. Para isso, nenhuma providência está sendo tomada para o trânsito na área.

Forasteiros
Destaque que antes Brasília desfrutava está nas nossas costas. Havia a informação de que brasileiros de toda parte aqui chegavam com a intenção de arrebanhar dinheiros públicos. Passa o tempo e Brasília tem gangue própria para dominar até dinheiro do Legislativo e do Executivo, com rebarbas partindo ao redor do Judiciário.

Previdência
Jarbas Passarinho dirigiu a Previdência. Feitas as contas, eram despesas acrescidas e não controladas. Ministro Passarinho fez revisão na entrada e saída de dinheiro. O rombo foi descoberto. Hoje é da ordem de R$ 42,9 bilhões. A culpa é do governo, que usou dinheiro do trabalhador em atividades impróprias.

Transferência
Lula da Silva transmite para a candidata Dilma Rousseff a força que ela não pode receber. O presidente brasileiro deseja a menor referência ao seu mando. Pior é que, depois de 2010, nós é que vamos pagar pelo orgulho que ele empenha para provar que fez tudo sozinho.

Chineses
Dominando mal o português, pequena comunidade chinesa ocupa um shopping não aceito pelos ambulantes da Rodoviária. A área está quase deserta. Chineses foram chegando, alugando caro apartamentos no Cruzeiro e lojas do shopping abandonado. Com isso se cria comunidade irregular de arrivistas desafiando nossas leis.

Comunidade
Por falar nisso, estrangeiros que entraram no Brasil até 1º de fevereiro de 2009 têm a chance de regularizar a situação se quiserem permanecer no país. Agora é lei. Segundo o senador Eduardo Azeredo, essa população chega a 40 mil.

Abocanhou
Apropriação indevida fez calote das empresas no Fundo de Garantia chegar a R$ 10,9 bilhões em 2009. A cobrança judicial está no encalço dos que ficaram com o dinheiro.

Ah, bom
Não é preciso ter 18 anos para iniciar os exames para obter carteira de motorista. A informação animou a meninada. Mas o projeto de lei do deputado Vital do Rego prevê que a 90 dias de completar os 18 anos o jovem já pode iniciar o trâmite burocrático. Aulas de direção, só depois da maioridade.

Novidade
UnB inova. A intenção do diretor do câmpus de Planaltina, Marcelo Bizerril, é construir um Museu de Ciência moderno e interativo. Além dos mil alunos e 70 professores, o objetivo é atingir a população da área. A MBA Cultural será a responsável pela construção. Tem como referência os museus da Mata Atlântica e da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

História de Brasília

As quadras 31, 32 e 33 da Fundação da Casa Popular estão ameaçadas de ruir, em virtude da infiltração de água das últimas chuvas. Uma enxurrada com força extraordinária invadiu a maioria das casas, causando prejuízos enormes. (Publicado em 23/2/1961)

MERVAL PEREIRA

Parcerias estratégicas

O GLOBO - 21/01/10


A disparidade de preços do Rafale francês em licitações em andamento em países como a Índia e os Emirados Árabes está introduzindo uma nova variável na concorrência brasileira para a compra dos caças da FAB, que já estava na berlinda diante da informação de que a Aeronáutica prefere o avião sueco Gripen, por ser o mais barato de todos. A explicação oficial de que a compra brasileira seria decidida não por critérios de preço, mas sim por adequação a uma estratégia de política externa brasileira, fica abalada pela diferença de preços oferecido pela França ao Brasil e aos outros países

A Índia está comprando nada menos que 126 aviões pelos mesmos US$ 10 bilhões que o Brasil está pagando por 36, sendo que desses 108 serão produzidos na Hindustan Aeronautics no próprio país, com programa de transferência de tecnologia até onde se sabe igual ao prometido ao Brasil.

Os Emirados Árabes, por sua vez, estão comprando 60 jatos Rafale, num negócio estimado entre US$ 8 a US$ 11 bilhões.

A prevalecer essa diferença de preços, estaríamos diante de um “parceiro estratégico” que se aproveita de nosso interesse para cobrar mais caro pela parceria.

O governo brasileiro, que já deixou claro, através do próprio presidente Lula, sua inclinação para comprar os jatos da empresa Dassault, resolveu fazer uma consulta formal à França para saber quais são as diferenças entre o pacote brasileiro e os outros que justificariam preços tão desiguais.

A única explicação seria o pacote tecnológico, mas as primeiras informações são de que a Índia também terá um programa de transferência de tecnologia.

Para complicar o jogo, que já parecia definido, a Boeing está oferecendo para a Embraer a participação no programa de desenvolvimento do avião, chamado de Global Super Hornet, o que significa uma mudança de atitude inédita no governo americano em matéria de transferência de tecnologia.

Também o Congresso americano, que tem que aprovar os programas de transferência de tecnologia, deu a autorização prévia em setembro.

No final de dezembro passado o Ministro da Defesa Nelson Jobim recebeu por escrito uma proposta da Boeing, assinada pelo presidente e CEO Dennis Muilenberg, detalhando a oferta, que já havia sido chancelada pela Secretária de Estado Hillary Clinton em carta ao ministro das Relações Exteriores Celso Amorim.

A proposta da Boeing é transformar a indústria brasileira “no único fornecedor de peças críticas da célula para a linha de produção do Super Hornet para o Brasil e todas as aeronaves da Marinha dos Estados Unidos”.

A empresa se compromete também a entregar “os primeiros pacotes de dados de engenharia” junto com a assinatura do contrato.

Será criada uma estrutura de gerenciamento para a transferência de tecnologia da Boeing para o Brasil, e para demonstrar confiança de que o contrato será cumprido, a empresa americana aceita pagar uma penalidade financeira de 5% “com base em qualquer obrigação não concretizada”.

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, já falou três vezes com o Presidente Lula para dar o apoio ao projeto, e a Secretária de Estado Hillary Clinton garantiu, na carta a Amorim, “o apoio total do Departamento de Estado dos Estados Unidos à oferta da Marinha americana, com a Boeing, do F/A – 18/F Super Hornet à Força Aérea Brasileira como parte da concorrência brasileira”.

Para dissipar dúvidas sobre a transferência de tecnologia, que é o calcanhar de Aquiles da proposta americana, a secretária Hillary Clinton escreveu que “este é um importante momento para uma aliança estratégica Estados Unidos-Brasil e estamos interessados em expandir a cooperação bilateral não apenas através de venda de armamentos, mas também através de uma crescente cooperação na indústria de defesa, inclusive na área de transferência de tecnologia”.

A Boeing se compromete também a financiar cerca de 100 mil homens/hora para a Embraer participar do programa internacional de desenvolvimento do Global Super Hornet, o que tornaria o caça “financeiramente acessível, viável e capaz para além de 2020”.

A desconfiança de setores do governo brasileiro em relação à nova postura dos Estados Unidos sobre transferência de tecnologia, porém, continua.

Há um trecho na carta da secretária Hillary Clinton em que ela garante que o Departamento de Estado apoia integralmente “a transferência de toda informação relevante e a tecnologia necessária”, o que é interpretado como uma limitação a essa transferência.

Os Estados Unidos definiriam, de acordo com seus interesses particulares, o que seria tecnologia “relevante” e “necessária”.

Até mesmo a multa de 5% em caso de não cumprimento do acordo é visto por esses setores não como uma demonstração de boa-fé, mas de dúvidas da própria Boeing sobre o cumprimento dos compromissos assumidos.

Se não antes, na próxima visita da Secretária de Estado Hillary Clinton ao Brasil, em março, o governo brasileiro poderá esclarecer essas dúvidas.

Isso se não anunciar sua decisão antes. Há especulações de que faria isso nos próximos dias, embora agora a questão do preço esteja em destaque e precise de uma explicação pública.

Se o governo brasileiro não anunciar sua decisão oficial antes do Carnaval, no entanto, certamente quando o Congresso voltar a funcionar o tema provocará um amplo debate, a começar pelas razões por que o governo brasileiro insiste em fazer uma parceria estratégica com a França mesmo a custa de pagar mais que o triplo do preço pago pela Índia, ou quase o dobro dos Emirados Árabes.

E por que a parceria estratégica proposta pelos Estados Unidos não é tão interessante para o Brasil quanto a da França. As vantagens e desvantagens de cada uma terão que ser dissecadas em público.

GOSTOSA

DORA KRAMER

Comparação incomparável

O ESTADO DE SÃO PAULO - 21/01/10


O presidente Luiz Inácio da Silva faz o estilo caudilho, quer mandar em tudo e em todos. Ao PT impôs uma candidata que o partido carrega contrariado, mas conformado, refém de duas crises: de identidade e de baixa estima.

Abriu mão de decidir sobre o próprio destino porque não sabe mais quem é nem o que quer a não ser se manter no poder tendo como referência única a popularidade de Lula. A conquista desse capital por meio de um trabalho de construção do mito fez com que o partido transferisse ao chefe todo poder de escolher seus caminhos.

Como se ele fosse o único dono de discernimento, habilidade política e capacidade estratégica entre milhares de petistas.

Em grau menor, os outros aliados ao presidente agem da mesma forma. Não só deixam que Lula interfira em suas decisões, como pedem sua interferência para resolver pendências.

Já houve ocasião em que a assessoria de comunicação do Palácio do Planalto quis dar a impressão de que Lula poderia até influir nas decisões dos oposicionistas. Foi quando divulgou que o presidente daria "um jeito" de convencer o governador de Minas, Aécio Neves, a insistir na candidatura presidencial para "forçar" o governador de São Paulo, José Serra, a optar pela reeleição.

Lula muda o calendário eleitoral, transgride a legislação sem pejo nem contestação, faz candidatos desistirem de concorrer a governos de Estados, determina quem vai disputar o Senado, transforma um político de dimensão nacional como Ciro Gomes em estafeta de suas conveniências, quer mandar na escolha do candidato a vice do PMDB e, no ápice da convicção de ser absoluto, vive a convicção de que pode comandar a vontade do eleitor que o seguiria independentemente da qualidade da candidatura por ele sustentada.

Em resumo, transita como um coronel em seu hábitat, o curral eleitoral.

Feito o longo enunciado da premissa, vamos ao ponto: só esse modo de agir de Lula já seria suficiente para marcar a especificidade do processo eleitoral brasileiro e a impossibilidade de compará-lo a qualquer outro na tentativa de estabelecer paralelos com resultados de eleições já concluídas.

Especificamente a do Chile, onde Sebastián Piñera derrotou o ex-presidente Eduardo Frei, candidato da presidente Michele Bachelet, dona de 81% de aprovação popular.

Como raciocínio hipotético à falta de uma discussão mais consistente, até vale o cotejo. Mas a conclusão de que é "prova" de que voto não se transfere e, portanto, Dilma teria necessariamente o destino de Frei é falha. E rasa.

Não leva em conta as diferenças abissais entre os dois países, seja no histórico, na formação educacional de suas populações, na definição ideológica dos partidos, na identificação entre eles na formação das coalizões, na natureza da popularidade de um e de outro presidente (aqui fruto de um bem montado esquema de culto à personalidade) e, principalmente, no papel dos chefes de ambas as nações no processo eleitoral.

Ao contrário de Lula, Bachelet não carregou um "poste". Uma por questão de estilo e circunstância, outra porque Eduardo Frei tem história no Chile.

Lá, a transferência de votos não foi questão decisiva como será aqui nem a presidente da República galvanizou as atenções tomando ela o lugar do candidato. Tampouco são semelhantes as razões do eleitorado para decidir.

Essas observações não pretendem montar uma equação a respeito de vantagens ou desvantagem comparativas, mas apenas pontuar uma obviedade: impossível comparar situações diferentes e pretender chegar a uma conclusão razoavelmente condizente com a realidade.

O que vai definir o desempenho de Dilma é o grau de empatia que ela conseguir, ou não, estabelecer com o eleitor.


Cartada

Tanto o PT quanto o PSDB de Minas acham que o ministro Hélio Costa blefa quando diz que será candidato ao governo do Estado do PMDB, mesmo sem o apoio dos petistas.

Nenhum dos dois lados acredita que Hélio Costa ignore a hipótese de sua candidatura minguar se estiver imprensado entre duas fortes estruturas nacionais. O PT tem Lula e Dilma e o PSDB a campanha presidencial de José Serra.

A esperança de Costa é que Lula faça o PT desistir de candidatura própria ou dê ao ministro a vaga de vice na chapa de Dilma. A torcida dos tucanos é que isso não aconteça e Hélio Costa concorra ao Senado em aliança com o PSDB.

Palanque múltiplo

A divisão do palanque estadual do Rio entre os candidatos presidenciais Marina Silva e José Serra pode acabar confundindo o eleitor.

Fernando Gabeira diz que fará campanha "unicamente" para Marina. Mas, como titular da coalizão com PSDB, PPS, PV e DEM que lhe dará de seis a oito minutos na televisão, terá de aceitar que todos os demais partidos façam campanha "unicamente" para Serra.

ANCELMO GÓIS

Lenda urbana

O GLOBO - 21/01/10


Veja como a internet tem hora que vira coisa de doido. O Plaza Shopping, em Niterói, reclama ser vítima de corrente falsa que dissemina informações de que o prédio cairia por causa do incêndio na véspera do Natal. Só que a direção do shopping já tem laudos da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros, atestando que não há risco.

SEGUE...
O Plaza Niterói pertence ao grupo BR Malls Participações, que detém uma rede de 35 shoppings no País. Aliás, o grupo ontem anunciou a saída do GP Investimentos da sociedade. Sem o GP, que tinha uns 7% do capital, o maior acionista individual do BR Malls deve ser o grande investidor imobiliário americano Sam Zell, 67 anos, dono também dos jornais “Chicago Tribune” e “LA Times”.
PARA CONCLUIR...
A GP entrou no BR Malls no fim de 2006 colocando US$ 75 milhões. Três anos depois, vendeu sua parte por US$ 250 milhões. Nada mal.
PETROBRAS E ITAÚ
O empresário Sebastián Piñera, presidente eleito do Chile, disse em entrevista à TV local querer estimular as empresas chilenas a ter uma presença maior na América do Sul “tal como o Brasil atua hoje no Chile, com marcas fortes como a Petrobras e o Banco Itaú”.
ZAGALLO ETERNO
Será inaugurado amanhã no Maracanã um busto de Zagallo. É o segundo que o Velho Lobo ganha em vida. O outro fica em Duque de Caxias. Ele merece.
FEITIÇO DA VILA
Sérgio Cabral, o coleguinha e pesquisador da nossa MPB, começa a escrever uma biografia da cantora Aracy de Almeida, que morreu em 1988. Nascida no subúrbio carioca do Encantado, ela é considerada a maior intérprete de Noel Rosa, com quem, aliás, tomava cerveja na Taberna da Glória.
PINTANDO O SETE
Cabral, no momento, também conclui uma biografia de Carlos Manga, 82 anos, diretor de cinema e TV responsável pelas grandes chanchadas da Atlântida.
DEPOIS DE COPENHAGUE
O sociólogo Sergio Abranches fechou com a Editora Record a publicação do livro “Depois de Copenhague”, uma análise da situação ambiental do mundo a partir do debate da conferência, em dezembro. O livro deve ser lançado até agosto.
SALA DO CHORO
O Cine Íris, na Rua da Carioca, que completou 100 anos em outubro, será desapropriado pelo governador Sérgio Cabral. A ideia é transformar o mais antigo cinema carioca na Sala Pixinguinha.
CRIME DO AFROREGGAE
A 2ª Câmara Criminal do TJRJ negou o pedido de exclusão da acusação de furto qualificado feito pelos PMs suspeitos de envolvimento na morte de Evandro João da Silva, coordenador do AfroReggae, ocorrida em outubro. Com isso, Dennys Leonardo Bizarro e Marcos de Oliveira Sales continuam respondendo pelos crimes de prevaricação e furto.
TEM BOI NA LINHA
As ações da combalida Refinaria de Manguinhos, encravada na Av. Brasil, subiram uns 100% em uma semana. A empresa é dirigida por Marcelo Sereno, polêmico ex-assessor de José Dirceu na Casa Civil.

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO

LUIS FERNANDO VERISSIMO

Planos e direitos

O GLOBO - 21/01/10


Só li do tal Plano Nacional de Direitos Humanos o que saiu, em fragmentos, nos jornais. Se entendi bem, o que eu duvido, este plano é uma versão revisada de um anterior, que por sua vez era uma revisão de um mais antigo. O que sugere que ou o novo plano altera radicalmente as propostas dos outros ou o escândalo que se faz com ele é indefensável. Por que o escândalo, e só agora? Pelo que li, não são grandes as diferenças entre o terceiro plano e os dois anteriores, inclusive o que é dos tempos do Fernando Henrique. E não há discrepância entre suas propostas e o que está em discussão, hoje, no resto do mundo civilizado. Coisas como a descriminalização do aborto e o casamento de gays são debates modernos, mesmo que não impliquem em mudanças imediatas. A proibição de símbolos religiosos em repartições públicas é consequência lógica do velho preceito da separação de igreja e estado, que não deveria melindrar mais ninguém – pelo menos não neste século. A ideia de novos anteparos jurídicos para mediar os conflitos de terra é de uma alternativa sensata para a violência de lado a lado. E a obrigação de proteger os direitos e a integridade de qualquer um da prepotência do estado e do excesso policial, alguém é humanamente contra?
O novo plano peca pela linguagem confusa e inadequada, em alguns casos. A preocupação com o monopólio da informação de grandes grupos jornalísticos, e com a qualidade da programação disponível, também é comum em todo o mundo. Muitos países têm leis e restrições para enfrentar a questão sem que configurem ameaças à liberdade de opinião e de expressão. E sem sugerir o controle de redações e o poder de censura que o tal plano – em passagens que devem ser imediatamente cortadas, e seus autores postos de
castigo – parece sugerir.
Sobra a questão militar. Em nenhum fragmento do plano que li se fala em anular a anistia. O direito humano que se quer promover é o do Brasil de saber seu passado, é o direito da Nação à memória que hoje lhe é sonegada. Só por uma grande falência da razão, por uma irrecuperável crise semântica, se poderia aceitar verdade como sinônimo de revanche.

CLÁUDIO HUMBERTO

“O PT é doutor em terrorismo eleitoral”
PRESIDENTE DO PSDB, SENADOR SÉRGIO GUERRA (PE), AO AFIRMAR QUE O PAC É UM PALANQUE

BANDIDO VENDIA DINHEIRO FALSO NO CONGRESSO
Um estelionatário preso em Brasília, esta semana, atuava também no Congresso. A Polícia Civil apreendeu com Aurino Benjamin de Barros, 47, além de “milhões” em cédulas falsas, fotos dele até nos plenários da Câmara e do Senado, insinuando livre trânsito. Servidores disseram à coluna que há anos Aurino oferecia, até a parlamentares, a troca de dinheiro falso por real, à base de “três por um”. E fez muitos negócios.
ESSES POLÍTICOS...
Parlamentares usariam o dinheiro falso para pagar a cabos eleitorais nos Estados, segundo funcionários do Congresso.
SEM SUSPEITA
O delegado Aélio Caracelli, da 5ª DP de Brasília, que investiga o caso, garante que não averigua o envolvimento de políticos no estelionato.
LIVRE TRÂNSITO
Os diretores das polícias do Senado e Câmara, onde o estelionatário fazia negócios, afirmam ignorar completamente o assunto.
ARREPENDIMENTO
A polícia prendeu o bandido após denúncia de um comerciante do Maranhão, que trocou R$ 250 mil por R$ 1 milhão em cédulas falsas.
CÂMARA INVESTIGA ONGS QUE FATURAM COM ÍNDIOS
O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), ex-presidente da Câmara, anunciou ontem que convocará para depor na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional as representações indígenas que, em um manifesto, acusaram as Organizações Não-Governamentais (ONGs) estrangeiras de se aproveitarem deles para ganhar milhões de dólares obtidos junto a governos e a financiadores internacionais.
CONTRA A REFORMA
A acusação dos índios contra ONGs estrangeiras está no manifesto deles contra a reforma administrativa em curso na Funai.
NOMES AOS BOIS
A bronca principal dos índios é contra as ONGs Instituto Socioambiental (ISA) e Centro de Trabalho Indigenista (CTI).
MÁ PUBLICIDADE
Estranho, o tratamento em spa chiquérrimo da Serra Gaúcha, a que se submeteu Dilma Rousseff: ela não emagreceu, como dizem; engordou.
MALDADE
E-mail de ataques a Lula, na internet, inclui “Franklin Goebbels Martins”, ministro da Propaganda de Lula, entre os destinatários. O sobrenome enxertado é de Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler.
TORNEIRO GLOBALIZADO
Quem diria, Lula ganha, dia 29, em Davos, Suíça, o inédito prêmio de Estadista Global, do Fórum Econômico Mundial. Para quem começou no radical Foro de São Paulo, é a verdadeira “metaformose ambulante”.
OS ‘BATTISTI’ DO PARAGUAI
O governo paraguaio reiterou ao jornal ABC Color que reforçará o pedido de captura de Anúncio Martí, Juan Arrom e Victor Colmãn, refugiados no Brasil, acusados do sequestro de uma milionária paraguaia. Arrom é contraparente do atual presidente, Fernando Lugo.
ESSA COCA COLA
Deve ter sido excesso de chá de coca: o presidente maluquete da Bolívia, Evo Morales, vai pedir à ONU que rechace a “ocupação militar” dos EUA no Haiti. Se bobear, o papagaio de Chávez declara guerra...
BOLHA
Em entrevista à revista Business Week, o presidente da construtora Gafisa, Wilson Amaral, disse esperar que os preços de imóveis no Rio e em São Paulo aumentem em 40%. A culpa é da economia estável.
PARTIDO DOS DESEMPREGADOS
Uma ducha de água fria oficial: o governo Lula criou 995 mil e 110 empregos em 2009 – o pior resultado desde o início do mandato do candidato do PT, que prometeu dez milhões, na campanha de 2002.
PASSAPORTE
A Polícia Federal mudou o formato do passaporte há quatro anos, mas mesmo assim demora muito para um cidadão conseguir renová-lo. Em Brasília, chega a um mês a espera para agendar atendimento.
TUDO AZUL
Em Guajará-Mirim (RO), na fronteira com a Bolívia, Viagra é vendido sem receita a R$ 2,50 e R$ 50 a cartela de cinqüenta comprimidos. O remédio é contrabandeado livremente do Paraguai e da Bolívia.
PENSANDO BEM...
é por medo de vaias nos aviões de carreira que certos ministros preferem a “milhagem” nos jatinhos da FAB.

PODER SEM PUDOR
AMEAÇA EXPLÍCITA
Foi pesado o clima da reunião ministerial que discutiu o projeto que autoriza os transgênicos. Coube ao ex-todo-poderoso chefão José Dirceu encerrá-la:
– Na semana que vem discutimos o projeto novamente. Mas, com a reforma ministerial, eu não sei se estarei aqui... – brincou.
Todos sorriram, exceto a então ministra Marina Silva (Meio Ambiente), que afirmou:
– Pois quem não garante que estará aqui sou eu, se o texto do relatório ficar do jeito que o Aldo (Rebelo) deixou.
Foi a primeira vez que a ministra ameaçou demitir-se.

UM PUTEIRO CHAMADO BRASIL

QUINTA NOS JORNAIS

- Globo: Novo terremoto dificulta ações de socorro no Haiti


- Estadão: Brasil tem déficit externo recorde


- JB: Sempre é possível piorar


- Correio: Pânico aumenta com novo tremor no Haiti


- Valor: Consumo faz disparar os investimentos no varejo


- Jornal do Commercio: Luz mais barata para 8,5 milhões de pessoas

quarta-feira, janeiro 20, 2010

VINICIUS TORRES FREIRE

O zum-zum do álcool importado

FOLHA DE SÃO PAULO - 20/01/10

Parece piada ou pelo menos esquisito, mas voltou a conversa de que há empresas dispostas a importar álcool. Sim, o preço está alto. Mas até hoje se discutem, por exemplo, as restrições americanas à importação do produto brasileiro -o problema é vender, não comprar álcool do exterior. Sim, o preço é assunto de curto prazo; a exportação para o mercado americano é um problema estratégico. Ainda assim, é esquisito. Ainda mais porque o álcool viria dos EUA, famosos por subsidiarem a produção de seu álcool careiro.

De resto, a gasolina é um substituto quase perfeito para o
álcool, pois a frota brasileira é em grande parte "flex".

Foi em outubro do ano passado que o zum-zum sobre a importação de
álcool ficou audível para o público que não vive o cotidiano desse mercado. Na época, o litro do álcool na porta das usinas ameaçava chegar a R$ 1 (preço sem impostos etc.). A história parecia ficção, mas havia chegado aos ouvidos do Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior.

Foi em outubro também que o governo decretou a cobrança de IOF sobre aplicações financeiras de não residentes ("estrangeiros") a fim de evitar que o real continuasse a se valorizar. Os negociantes que então pensavam em levar adiante o negócio reclamaram do imposto, pois contavam tanto com o aumento de preço do
álcool até meados deste ano como com a alta do real (que baratearia o produto importado).

Segundo o governo, não houve importação, como ainda não haveria pedido de importação. Mas empresas querem redução da tarifa de importação. O governo não comenta. Desde outubro, o real de fato parou de se valorizar. Porém, o preço do
álcool continuou a subir. O preço do litro do álcool hidratado, na porta das usinas, subiu 64% no período (considerada a média semanal dos preços daquele mês comparada à média de janeiro, do Cepea-Esalq).

Um experiente ex-diretor da Unica, associação dos usineiros, diz que o negócio "parece um pouco arriscado". Os preços são voláteis, e se desconhece o tamanho da reação do consumidor à carestia do
álcool. Alguém pode acabar com um estoque importado a preços não convidativos -isso se achar álcool e frete a um preço bom o bastante para trazer o produto para o Brasil.

A história da importação, porém, não é nova. Em 2006, diante de outra onda de alta de preços, o governo baixou temporariamente de 20% para zero o Imposto de Importação de
álcool anidro, misturado à gasolina, e para o hidratado, que vai para o tanque dos carros; também baixou a mistura de álcool à gasolina, como agora. Então, os especialistas emálcool, dentro e fora do governo, consideravam a medida inócua -não haveria álcool barato e em quantidade relevante no mercado mundial.

O
álcool está caro porque a produção baixou. Porque choveu demais, o que atrapalhou a colheita e a qualidade da cana. Porque provavelmente se vendeu mais açúcar, que está com bom preço no mercado mundial, por ora. E o álcool subiu devido ao velho problema dos estoques (piorado neste ano porque no início de 2009 as usinas fizeram jorrar álcool barato no mercado, para fazer caixa). Fazer estoque custa dinheiro, e as empresas estão mal das pernas, incapazes de tomar crédito.