quinta-feira, novembro 06, 2008
ELIANE CANTANHÊDE
Salvador do mundo?
BRASÍLIA - Planalto e Itamaraty estavam tão eufóricos com a vitória espetacular de Barack Obama que nem se preocuparam com uma praxe: elogiar o presidente que sai.
Ninguém tocou no nome de Bush.
O que houve foi uma enxurrada de adjetivos para enaltecer a chegada de um negro à Presidência da maior potência do mundo, com uma bela biografia, um bom currículo escolar e cheio de boas intenções. A principal delas não é modesta: criar uma nova ordem internacional, com menos arrogância e mais parcerias. Isso interessa ao Brasil, emergente que se auto-intitula líder da América Latina.
Obama é eleito lá e já apresentamos cá uma extensa pauta para ele: reatamento com Cuba, solução para o Oriente Médio, maior presença na África, fortalecimento da ONU, maior relação com a América Latina, retomada da agenda do clima, reativação da Rodada Doha de comércio... Ops! Antes de salvador da humanidade, Obama precisa ser salvador da pátria.
Ao assumir, em janeiro, vai dar de cara com uma crise gigantesca e com os indicadores norte-americanos destrambelhados na área fiscal e início de recessão. Vai ter muito trabalho para arrumar a própria casa antes de pensar no mundo.
Para isso, conta com fatores objetivos e subjetivos. Obama assume em 20 de janeiro com uma votação extraordinária (contrariando a tradição de eleições apertadas, vide Bush), com ampla maioria democrata no Senado e na Câmara (contrariando o pêndulo Democrata-Republicano na Casa Branca e no Congresso) e com enorme boa vontade internacional. Isso ajuda principalmente na hora de pedir "sacrifício", como já pediu.
As condições objetivas, portanto, são favoráveis. E há o fator subjetivo: a sorte. A própria crise, aguda na campanha, tende a amenizar até a posse. Só falta agora o mito da campanha estar à altura de ser presidente da maior potência -e com a economia de pernas para o ar.
ACREDITE SE QUISER
Assaltante apresenta queixa contra assaltado em Belo Horizonte
“A ninguém é dado o direito de fazer justiça com as próprias mãos”. Esse foi o argumento de um homem que, após tentar assaltar uma padaria em Belo Horizonte (MG) e ter o nariz quebrado pelo dono do estabelecimento, prestou queixa dizendo que foi vítima de agressão.
A queixa do acusado foi considerada uma afronta ao Judiciário pelo juiz Jayme Silvestre Corrêa Camargo, da 2ª Vara Criminal de Belo Horizonte. Ele disse que este ”talvez seja o caso de maior aberração postulatória” e que, sem dúvidas, trata-se de deboche.
O juiz afirmou, em nota à mídia, que o comerciante agiu em legítima defesa, sem nenhum excesso, já que “teria apenas buscado garantir a integridade física de sua funcionária e, por desdobramento, seu próprio patrimônio”. Os nomes do assaltado e do ladrão, preso em flagrante, não foram divulgados.
DORA KRAMER
Diante de tão farta e variada oferta de interpretações sobre os simbolismos da eleição de Barack Obama, mais fácil é saber o que não terá significado algum no decorrer do mandato do presidente eleito dos Estados Unidos.
A explicação ele mesmo forneceu quando teve desde o início da jornada o tirocínio de dar à cor da pele o molde de uma quase irrelevância. Na saudação pós-vitória, seguiu indiferente enquanto o mundo insistia em lhe pregar ao peito a divisa de "primeiro presidente negro dos Estados Unidos".
É dele, evidente, o título: o senador democrata é negro, foi eleito presidente e, antes dele, apenas americanos de pele branca tinham chegado à Casa Branca
.Ponto, parágrafo e encerra-se aí a questão, cuja importância objetiva é parecida com a influência concreta que a profissão de torneiro mecânico exerce sobre as atividades de Luiz Inácio da Silva como presidente da República do Brasil.
Sim, há toda a carga histórica do segregacionismo nos Estados Unidos, situação só por ligeireza absoluta comparável à ascensão de um operário que ao se eleger presidente havia militado por 30 anos no sindicalismo e na política. Lula foi uma novidade, não uma surpresa.
Entretanto, há quem - começando pelo presidente brasileiro - os iguale no terreno da representação simbólica da luta do bem contra o mal, exemplos de que o triunfo dos oprimidos sobre os opressores é possível, como se a evolução dos costumes, as mudanças do mundo não fossem parte de um processo natural da civilização.
Mas se a humanidade necessita de emoldurar como fenômeno os episódios marcantes dessas etapas, se carece de dar um valor específico à mobilização de suas expectativas, muito bem. Com esperança não se brinca.
Daí a dizer que o mundo vira do avesso e assume sua melhor face por causa da genética de um presidente já é querer fazer pouco da realidade.
Esta, em seu bom senso e modernidade, Barack Obama descreveu numa frase do discurso de Chicago ao listar os desafios à sua frente: "Duas guerras, um planeta em perigo, a pior crise financeira do século".
Citou o "caminho longo", a "subida íngreme", os "atrasos e falsos inícios" que esperam a todos, aos quais acrescentou as discordâncias às "decisões políticas" que tomará como presidente, a fim de estabelecer um contraponto futuro com o clima de comemoração daquela noite de frisson universal.
Nem a cor da pele de Obama nem o manejo do torno do metalúrgico Lula são capazes de administrar, muito menos de atender, expectativas. A diferença é que aqui o presidente cede ao vezo do personalismo e alimenta a mística para confundi-la com o ato de governar, e lá o eleito desidrata o mito.
Quando ganhou a primeira vez, Lula discursou na Avenida Paulista manifestando a certeza de que a vitória mostrava que, para o brasileiro, "só nós poderemos fazer pelo Brasil o que o Brasil precisa que seja feito".
Barack Obama falou sobre os valores compartilhados por toda a sociedade à qual pediu permissão para exigir "um novo espírito de serviço, um novo espírito de sacrifício" para que a esperança se materialize como obra coletiva, "bloco por bloco, tijolo por tijolo por tijolo, mão calejada por mão calejada, do jeito que tem sido feito na América há 221 anos". Sem anular o passado do país nem atribuir a um grupo político partidário o poder de fazer acontecer.
Dever cumprido
O destaque da eleição americana foram as filas monumentais de gente esperando a hora de votar; sem obrigatoriedade, sem feriado, sem revoltas à deriva contra a falta de agilidade do Estado - no caso, de cada Estado individualmente - para organizar a votação.
A "competência" eleitoral, ausente de forma geral na mente do eleitor dos EUA, é uma preocupação muito mais do brasileiro ávido por padrões comparativos que o permitam ressaltar os defeitos de uma nação que pode não contar votos com perfeição, mas funciona perfeitamente nas regras da democracia.
Nas filas dobrando quarteirões, pessoas motivadas para exercer por livre iniciativa um direito com noção de dever cívico e vontade de acertar.
Pode-se não apreciar, mas jamais depreciar atos e escolhas desse (ou de qualquer outro) povo por uma hipotética natureza eivada de arrogância, ignorância, auto-referência, racismo, atraso, moralismo, intolerância.
Americanos são assim, mas não são só assim, bem como brasileiros, noruegueses, portugueses, italianos, moçambicanos, irlandeses, suecos, australianos, islandeses e todos os demais.
A respeito deles raros se arriscam a fazer avaliações pejorativas de caráter tão genérico. Como se imprecações dirigidas a cidadãos de um país todo-poderoso não traduzissem arrogância, ignorância, auto-referência, racismo, atraso, moralismo, em duas palavras: insidiosa intolerância.
QUINTA NOS JORNAIS
- Estadão: Obama começa a escolher equipe para enfrentar a crise
- JB: Presidente eleito vai atacar a crise econômica ainda antes da posse
- Correio: O mundo sorri...
- Valor: Gastar ou cortar, o dilema de Obama
- Gazeta Mercantil: “A mudança chegou à América”
quarta-feira, novembro 05, 2008
CURTÍSSIMA
AOS LEITORES DO BLOG
Especialmente para você! O meu abraço
Você já ganhou um abraço hoje?
Não?
Então, você acaba de ser abraçado neste momento!!!
Existe algo em um simples abraço que sempre aquece o coração, dá-nos as boas vindas ao voltarmos para casa e torna mais fácil a partida.
Um abraço é uma forma de dividir as alegrias e tristezas que passamos, ou só uma forma para amigos dizerem que se gostam porque, simplesmente, você é você.
Abraços significam amor para alguém com quem realmente nos importamos...
Um abraço é a forma perfeita de mostrar o amor que sentimos, mas que as palavras não podem dizer.
É interssante como um
simples abraço faz-nos sentir bem...
em qualquer lugar ou língua...
É sempre compreendido...
E abraços não precisam de equipamentos, pilhas ou baterias especiais...
É só abrir os braços e o coração.
ENVIADO POR APOLO
terça-feira, novembro 04, 2008
ATIREM A PRIMEIRA PEDRA
Autoridades têm vociferado contra os especuladores. Algumas empresas investiram bilhões para ampliar a capacidade produtiva, conquistaram o mercado internacional, empregam milhares de pessoas, são líderes em suas áreas e hoje são expostas ao público como "especuladoras".
A figura do especulador carrega uma carga negativa parecida com a do tradicional atravessador, execrado pelas políticas de desenvolvimento rural. Era o personagem que levava mercadoria aos rincões do País, amealhava o excedente de produção no interior e vendia nas cidades com margens elevadas. Desalmado, explorava o pequeno agricultor e ficava com a parte do Leão. Essa imagem, ainda que corresponda em parte à realidade, não leva em conta as dificuldades enfrentadas pelo atravessador nem o papel social positivo de integrar ao mercado produtores que, de outra maneira, nem sequer venderiam os excedentes. Todas as tentativas de substituí-lo por canais de comercialização criados pelas políticas públicas fracassaram, e quem perdeu mais foram os pequenos agricultores.
O senso comum vê o especulador como um comerciante ganancioso, que usa até da má-fé para obter lucros extraordinários, acima do aceitável. Tecnicamente, o especulador é o agente que "compra" o risco que outros não querem ou não podem assumir. Toda vez que um agente fica livre do risco inerente aos negócios na economia contemporânea, na outra ponta está um especulador, que pode ganhar ou perder na transação. Nesse sentido, o especulador é uma das figuras mais importantes da economia contemporânea. Seu papel é absorver riscos e antecipar fluxos de renda para agentes que não querem ou não podem esperar o futuro chegar. Quando um agricultor vende hoje o seu produto para entregar em seis meses a um preço preestabelecido - essencial para garantir o planejamento da safra e dar o mínimo de tranqüilidade ao produtor -, está transferindo os riscos de preço para um especulador.
Temos lido muitas explicações para a crise. A primeira, mais séria, a associa aos empréstimos para devedores duvidosos no setor imobiliário americano e à falta de controle das operações no mercado financeiro. Uma versão nacionalista atribui a crise às operações de crédito em caderneta feitas pelo Sr. Biu, conhecido botequeiro do interior de Pernambuco. Com a venda de cachaça em alta por causa da abertura de uma obra do PAC nas redondezas (sem falar em alguns titulares do Bolsa-Família que acham que cachaça é alimento), o Sr. Biu securitizou a caderneta e seu banqueiro emitiu títulos que tiveram grande sucesso num mercado exuberante e que absorvia qualquer título. Com a súbita paralisação da obra por falta de licença ambiental e outras irregularidades, os clientes do boteco sumiram, o Sr. Biu não teve como honrar os compromissos e acabou falindo, com repercussões globais. A última versão, mais criativa e irrealista que a da caderneta do Sr. Biu, explica que a crise só venceu as sólidas barreiras que o Brasil tinha erguido contra problemas internacionais porque alguns empresários gananciosos resolveram especular, entraram num tal mercado de derivativos, perderam e internalizaram o problema que era dos outros.
Quem puder, atire a primeira pedra! A verdade é que, exceto os excluídos, somos todos especuladores. Famílias e empresas aplicam a poupança e recursos em caixa no mercado financeiro, em fundos que carregam maior ou menor risco teórico. Outros aplicam diretamente nas bolsas, adquirindo ações na expectativa de que os preços subam. A especulação, no caso, é útil para capitalizar as empresas, valorizar seus ativos e alavancar novos recursos para investimentos. E não havia nada de errado em especular e obter ganhos espetaculares com as ações da Petrobrás ou da Vale nos anos anteriores. Era o sinal da recuperação da economia brasileira após tantos anos de estagnação. Os fundos de pensões - privados e de empresas públicas - também são grandes especuladores, cujos prejuízos com a crise corrente terão graves conseqüências no futuro.
Os agricultores são os maiores especuladores deste país, beirando à loucura. Correm todos os riscos de uma natureza cada vez mais imprevisível e inquieta com as agressões que vem sofrendo, não têm a menor idéia, hoje, do preço a que venderão a safra no futuro, compram insumos em alta quando os preços estão em queda, sofrem corte de crédito e... insistem em produzir. Só a especulação explica.
*Antônio Márcio Buainain é professor do Instituto de Economia da Unicamp(buainain@eco.unicamp.br)
O OUTRO LADO DA MOEDA
TERÇA NOS JORNAIS
- Folha: Fusão de Itaú com Unibanco cria maior banco do Brasil
- Estadão: Competição estrangeira e crise levam Itaú e Unibanco à fusão
- JB: Nasce um gigante das finanças
- Correio: Obama ou McCain – Disputa voto a voto na América
- Valor: Fusão cria megabanco de R$ 575 bi
- Gazeta Mercantil: Fusão Itaú-Unibanco fortalece setor em crise
- Estado de Minas: Começa a fusão de bancos no Brasil
segunda-feira, novembro 03, 2008
SEGUNDA NOS JORNAIS
- Folha: Governo conclui estudo para adiar tributo de empresa
- Estadão: Crédito escasso ameaça 324 grandes obras no País
- JB: Crise dificulta crédito para as empresas
- Correio: Repetência custa R$ 10 bi ao Brasil
- Valor: Empréstimo a empresas encolhe e juros disparam
- Gazeta Mercantil: Petrolífera descumpre regra de nacionalização
domingo, novembro 02, 2008
CELSO MING
JOGO COMPLICADO
Lula, o até aqui venturoso, chega às vésperas dos dois últimos anos de seu mandato com enorme sensação de perda. E isso terá conseqüências nas escolhas da política econômica e na condução do governo. É só conferir:
(2) A crise mundial puxou-lhe dois tapetes voadores na passarela eleitoral: as maravilhas do pré-sal e a consagração do PAC, com mãe e tudo. Para os dois projetos, ficou tudo mais difícil. No mínimo, faltará dinheiro e muita coisa terá de ficar para quando der.
(3) Em vez do deslizar de uma economia eleitoralmente vitoriosa, Lula terá agora de pilotar seu navio num mar de incertezas, perspectiva de recessão global, quebra de salários e adiamento de investimentos.
(4) Se tivesse de trocar o ministro da Fazenda, não teria à sua disposição nenhum nome com credibilidade suficiente para a tarefa, nem no PT nem nos partidos que formam a base do seu governo.
(5) Lula não guarda no bolso do colete o sucessor cujo nome possa ser facilmente vendido ao PT e aos partidos de sua base governista. Do ponto de vista eleitoral, o fiel da balança é o saco de gatos que leva a sigla PMDB. E o PMDB sorrirá apenas para quem tiver condições de se tornar governo.
Se as peças mais importantes são essas e se as posições do tabuleiro são essas, o presidente Lula terá escolhas de alto custo pela frente.
Se não abrir mão de seu projeto político-eleitoral de curto prazo, terá de atrair o PMDB para seu jogo. Isso exigirá certa criatividade (digamos assim) no manejo das verbas públicas. No mínimo, terão de ser elásticas e disponíveis para pronta entrega.
A nova argumentação nos arraiais da Fazenda e do Planejamento é a de que a hora é de colocar em movimento políticas contracíclicas e de só voltar a formar superávit primário (parcela da arrecadação para pagamento da dívida) quando o jogo virar. É um discurso que não parece ter nenhuma motivação técnica nem tampouco ideológica. Trata-se de gastar para financiar o projeto eleitoral de 2010, seja lá qual for.
A principal contra-indicação de uma estratégia dessas é seu custo em inflação. E Lula já entendeu o que isso significa do ponto de vista eleitoral. Convenhamos que há limites políticos se a idéia implica inflacionar a economia.
O presidente poderia optar por uma temporada de pausa na vida pública, de maneira a juntar forças para sua volta triunfal em 2014. Mas essa seria uma estratégia personalista de algum risco. Se a atual oposição levar o governo, o PT terá de desocupar cerca de 20 mil postos, aparelhados apenas na administração federal. Pode-se imaginar o impacto que um vazio de tais proporções produziria sobre as finanças do partido. E, na medida em que a máquina estivesse com a atual oposição, o projeto de 2014 também ficaria mais difícil.
Senhoras e senhores, façam suas apostas.
JOÃO UBALDO RIBEIRO
A ilha na vanguarda
Neste belo domingo de sol, etc. etc., ia começando outra vez, mas me bateu algo que tenho de dizer antes, praticamente por uma questão de educação. Muita gente, notadamente alguns estrangeiros que vivem no Brasil e lêem português bem, ficou baratinada com os dois primeiros parágrafos da coluna passada. Desculpem, por favor, sobretudo os que tomaram tranqüilizantes achando que a imprensa brasileira estava sendo inopinadamente ocupada por loucos e os que se encontram com a musculatura dolorida por levarem aquilo excessivamente a sério e terem levantado dicionários em demasia, mesmo em dia de exercício. O marido holandês de uma amiga nossa teve um princípio de crise nervosa e minha irmã me telefonou da Bahia querendo o número de meu psiquiatra e perguntando se eu já considerara a hipótese de ter recebido um caboclo ou coisa assim - o que, aliás, me levou a indagar se ela estava me estranhando, pois que eu não recebo nem nunca recebi nada, nem no concreto nem no figurado, é bom deixar isto bem claro. Desculpem, não torno a outra, embora, baiano sendo, não possa garantir, já que a baianada vive tomando intimidades descabidas com a língua.
Mas, ia dizendo eu, neste belo domingo de sol, com tudo a que tenho direito e se o Senhor foi servido, estou em Itaparica, na companhia de meus amigos Beto Atlântico, rico milionário e renomado esportista oceânico, Toinho Sabacu, filósofo estóico com acentuadas influências de Sêneca e, last but never least, Zecamunista, que adiou um comício que vai fazer em Itabuna sobre a transformação dos castelos (baiano chama bordel de castelo, lá todo mundo é nobre) em cooperativas das profissionais que neles militam, com socialização dos lucros e previdência privada, entre outras dezenas de reivindicações. Antes do fim do ano, ele já deverá inaugurar a sede provisória da Fundação para a Defesa da Mulher-Dama Desamparada, a Fudemedê, e a iniciativa já encontra apoio em todo o País e de todos os setores. Acho até que uma das intenções dele é me convidar para discursar na cerimônia, o que não deixa de me atrair um pouco, pois penso na possibilidade de encher a boca e dizer que sou o primeiro escritor na história deste país a subir no palanque para defender a sofrida categoria das mulheres-damas e raparigas e o maior escritor da História a fazer a mesma coisa, incluindo o grande romancista grego Almero, que botou na princesa Suelena a culpa pela guerra de Trolha.
Não creio que, mesmo com a presença do militante, orador e polemista Zecamunista, a política ocupe parte muito significativa das tertúlias. Vicente levou novamente a prefeitura e deve ter feito maioria na Câmara, ele é danado. E é manda-chuva local há muito tempo. Quando eu morava lá, lhe fazia um pouco de oposição, mas na base da lealdade, sem falarmos mal um do outro em público (dentro da casa dele e da minha é outra coisa e eu acho que tanto ele quanto eu, desde essa época, andamos com as orelhas meio empretecidas, como se tivessem sido queimadas) e, pelo contrário, nos dando muito cordialmente, até porque ele é afilhado de meu avô e as famílias sempre tiveram aproximação. E, de certa forma, trata-se de uma vitória da terceira idade, porque ele deve estar com mais de oitentinha. O itaparicano é antes de tudo um forte e, se dr. Jorge, o diretor do hospital, suprir nossas mínimas necessidades, já tenho organizado o time da ilha contra quem aparecer, embora haja certas restrições aos planos já revelados por Zecamunista ao telefone, que consiste na construção do Memorial do Comunista Desconhecido. Para o início do financiamento o plano dele é desafiar o time do Chico Buarque para um jogo beneficente, mas impõe condições. O juiz e os bandeirinhas serão nossos e Chico terá obrigação de cantar músicas subversivas nos festejos que comporão o certame. Vicente, claro, será o goleiro e capitão do time. Nós nunca entendemos o que é volante, ala, cabeça de área e essas coisas, de maneira que vamos revolucionar com uma formação WM, assim constituída: Vicente Prefeito, Martinho Limpeza Pública (casado e com filhos, antes que d. Marta implique com o quase xará) e Esmeraldo da Pensão; Zé Pretinho, Güeba e Xepa; Delegado (este que vos fala), Beto Atrântio (nome popular de Beto Atlântico, porque lá nós somos contra proparoxítonas e não assinamos o Acordo Ortográfico, itapariquiquês é outro idioma), Toinho Sabacu (Sabacu é uma ave, minha senhora, uma parenta da cegonha, de moral ilibada), Rapa-Ficha (nome de guerra de Zecamunista no carteado) e Espanha do Bar. Não chamamos a seleção de Dunga porque é um confronto desigual para ela e ia atrair muito menos gente que o time do Chico.
Em relação à situação nacional, o panorama da ilha, pelos contatos que fiz antes da viagem, não deixa perceber grande entusiasmo, ou mesmo interesse. Zecamunista me disse pelo Skype que está fazendo um apanhado dos acontecimentos, para retirar lições preciosas. Numa antecipação que, em mais um esforço de reportagem, esta coluna lhes faz com exclusividade, ele estabeleceu algumas premissas para o que ele chama "A primeira lei lulática". Essa lei estabelecerá que a popularidade de Lula é basicamente intransferível, assim como, ou principalmente, os votos.
- A primeira premissa me parece cada vez mais clara - disse Zecamunista. - A popularidade de Lula é baseada no trinômio Asneirol, Mentirol e Calabocol. É o que o povo gosta, porque dá risada com os números dele, curte com a cara de quem ele está enrolando e recebe todo tipo de esmola de nome chique. Não tem mais pra ninguém, é a mesma coisa que, no tempo dele, você querer substituir Oscarito, com todo o respeito. A Oscarito, é claro.
LICITAÇÃO BRASILEIRA NO PAC
- Faço por US$ 3 milhões
- disse o alemão:
- Um pela mão-de-obra;
- Um pelo material;
- E um para meu lucro.
- Faço por US$ 6 milhões - propôs o americano:
- Dois pela mão-de-obra;
- Dois pelo material;
- E dois para mim. Mas o serviço é de primeira!
- Faço por US$ 9 milhões - disse o brasileiro.
- Nove? Espantou-se o prefeito. Demais! Por quê?
- Três para mim;
- Três para você;
- E três para o alemão fazer a obra.
- Negócio fechado! - respondeu o prefeito.
Enviada por APOLO
DOMINGO NOS JORNAIS
- Estadão: Indústria reclama do crédito e vai reduzir investimentos
- Correio: Impunidade diplomática nas ruas de Brasília
- Valor: Governo reduz o superávit de 2009 para 3,8%
- Gazeta Mercantil: Bancos médios cortam pessoal e empréstimos
sábado, novembro 01, 2008
CRISE? TOME UMA CAIPIRINHA!!! O GOVÊRNO ENSINA COMO FAZER
Às vésperas do fim de semana, o Ministério da Agricultura resolveu ensinar aos apreciadores de bebidas alcoólicas a preparar uma autêntica caipirinha, bebida feita à base de cachaça, limão e açúcar, e que é capaz de alegrar até os mais preocupados com os rumos da economia brasileira em tempos de crise mundial. Para o Ministério, não basta misturar os três ingredientes aleatoriamente. É preciso ter critérios, como deixa claro o artigo 4º da Instrução Normativa (IN) 55, publicada na edição de ontem do Diário Oficial da União e assinada pelo ministro Reinhold Stephanes.
Para o ministério, só será definida como caipirinha "a bebida preparada por meio de processo tecnológico adequado que assegure a sua apresentação e conservação até o momento do consumo". Também foram detalhadas as características de cada um dos ingredientes. "O açúcar aqui permitido é a sacarose - açúcar cristal ou refinado -, que poderá ser substituída total ou parcialmente por açúcar invertido e glicose, em quantidade não superior a cento e cinqüenta gramas por litro e não inferior a dez gramas por litro, não podendo ser substituída por edulcorantes sintéticos ou naturais", ensina o governo.
O limão utilizado poderá ser adicionado na forma desidratada e deverá estar presente na proporção mínima de um por cento de suco de limão, lembra a IN. Mas não vale qualquer limão: "com no mínimo cinco por cento de acidez titulável em ácido cítrico, expressa em gramas por cem gramas". Para aqueles que não têm o hábito de consumir caipirinha, o governo abre a brecha para um refresco. "Ingrediente opcional - água". Ainda segundo o ministério, a bebida alcoólica e não alcoólica utilizada na elaboração da batida deverá atender ao seu respectivo padrão de identidade e qualidade definido na legislação vigente.
Para quem não gosta de caipirinha, o ministério oferece dicas sobre outros tipos de bebidas alcoólicas, inclusive para aqueles que não sentiram os efeitos da crise financeira. "Poderá ser denominado de licor de ouro o licor que contiver lâminas de ouro puro". A IN também traz informações sobre a produção de bebida alcoólica mista aromatizada gaseificada, que também é conhecida como "cocktail".
EFEITO LULA?
Publicada em 01/11/2008 às 11h51mO GloboReuters
RIO e UTICA, Estados Unidos
- As divergências entre as pesquisas de intenção de voto voltaram a esquentar a corrida à Casa Branca, com a informação do Instituto Zogby de que na sondagem realizada em apenas um dia o candidato democrata, Barack Obama , ficou 1 ponto atrás do republicano, John McCain , embora apareça 5 pontos à frente na pesquisa divulgada diariamente, que reflete a média dos três dias anteriores. Este último resultado coloca os dois novamente em empate técnico, já que a margem de erro é de 2,9 pontos. Em seu site , o analista John Zogby, fundador do instituto de pesquisa, chega a questionar se McCain não estaria num movimento de virada a três dias da eleição, embora outras pesquisas dêem larga vantagem a Obama.
"A média de três dias continua estável, mas McCain superou Obama na pesquisa de hoje, 48% a 47%. Ele está começando a diminuir a vantagem de Obama entre os independentes, está agora liderando entre os trabalhadores de classe baixa, fortaleceu sua liderança entre investidores e entre os homens e está destruindo Obama entre eleitores 'Nascar' (conservadores)", escreveu Zogby em texto publicado neste sábado, atribuindo parte do efeito a "Joe, o encanador", eleitor que interpelou Obama num comício sobre sua política fiscal e passou a ser citado por McCain para criticar os programas econômicos do adversário. LEIA MAIS AQUI
*Lula ontem declarou apoio a Obama
SÁBADO NOS JORNAIS
- Folha: Crise faz Vale diminuir produção
- Estadão: Crise faz Vale cortar produção de minério
- JB: Crise força Vale a reduzir produção
- Correio: Planalto corrige Mantega sobre salário de servidores
- Valor: Governo reduz o superávit de 2009 para 3,8%
- Gazeta Mercantil: Bancos médios cortam pessoal e empréstimos
- Estado de Minas: Revendas fecham a torneira do crédito
sexta-feira, outubro 31, 2008
MÁFIA DA GASOLINA 1
Voces hão de perguntar, Cadê a Imprensa? Essa não dá um pio, pois está comprometida até as bobinas do papel. Como? Elementar meu caro, Xico.
Os postos, hoje, são um dos principais pontos de vendas de jornal, além da venda direta ao consumidor, eles compram grandes quantidades de exemplares para distribuírem com os clientes que abastecem no posto.
AMANHÃ, SE EU TIVER SACO PARA ESCREVER:
-Agiotas lavam dinheiro no posto
-Não se fala por telefone
FIM DE SEMANA EM NATAL
Música e festas |
HOJE NOS JORNAIS
- Folha: BC pune banco que segurar crédito
- Estadão: Governo admite economizar menos para aliviar crise
- JB: BC aperta bancos em dia de trégua
- Correio: Três homens e um destino
- Valor: Governo reduz o superávit de 2009 para 3,8%
- Gazeta Mercantil: Bancos médios cortam pessoal e empréstimos
- Estado de Minas: Consumidor de BH vai às compras mesmo na crise
quinta-feira, outubro 30, 2008
CERVEJA
Editado por Adriana Vandoni
Por Ralph J. Hofmann
É impressionante o número de vezes que neste país somos brindados pela cena de altos funcionários públicos desperdiçarem tempo e recursos públicos na tentando impor seus tabus pessoais aos outros.
Uma leitura do material abaixo é um caso em pauta:
Ministério Público cobra R$ 2,7 bi de cervejarias por danos do álcool
O procurador do Ministério Público Federal Fernando Lacerda Dias entrou com uma ação civil pública contra as cervejarias Ambev, Schincariol e Femsa (que distribui a marca Kaiser) cobrando uma indenização de R$ 2,76 bilhões por danos causados pelo álcool. O valor impressionante, à primeira vista, parece superestimada, mas o procurador diz ter chegado a esse número com base em danos mensuráveis (gastos do SUS decorrentes do consumo excessivo de bebidas alcoólicas e despesas previdenciárias) e incomensuráveis (danos individuais, como o afastamento da família por conta do alcoolismo). A ação, segundo o Estadão, determina que as três empresas paguem a indenização ao governo e ainda invistam o montante gasto com publicidade em programas de prevenção e tratamento de dependentes.
Não sei o que move o procurador do Ministério Público. Quer acabar com a fabricação de cerveja? Quer reeditar o Volstead Act da Proibição na década de vinte dos Estados Unidos? Não vou supor que esteja querendo criar um novo mercado para contrabandistas e laboratórios ilegais produzindo cerveja na moita.
Lembrem-se, o dia depois da aprovação da Lei Seca nos Estados Unidos, Joe Kennedy um homem medianamente próspero foi ao Canadá e obteve a representação das destilarias canadenses para os Estados Unidos. Foi um tão bom negócio que algumas décadas depois, já tendo comprado a embaixada americana na corte e Saint James para si, conseguiu adquirir a presidência dos Estados Unidos para seu filho.
Antes de qualquer coisa, a cerveja não foi inventada ha séculos. Foi inventada ha milênios. Para uns é um veneno, mas para a maioria é uma companheira ocasional, parte da família em dias festivos.
Que eu saiba todas as cervejarias citadas possuem alvará. Alvarás não são concedidos senão para negócios considerados lícitos. Por outro lado a cerveja paga enormes impostos e taxas. Teoricamente a indústria da cerveja já contribui para pagar as despesas do SUS como para o imenso salário do procurador do Ministério Público.
Imagine que as cervejarias de repente decidissem que à luz do proposto pelo procurador, ante a probabilidade de isto ser uma rotina, de quando em quando serem responsabilizados pelos pinguços e multados, anunciariam um locaute. Parariam as máquinas. Recusar-se-iam a carregar os caminhões de entrega que viessem ter às suas portas.
Caos total. Em meia semana não haveria mais cerveja nas prateleiras. Enquanto não se estabelecesse um sistema de contrabando e fabricação clandestina de cerveja o povo tomaria cachaça ou vinho de garrafão. Isto enquanto o promotor não assestasse suas baterias contra os alambiques e as vinícolas.
A receita federal e as secretarias estaduais da fazenda entrariam em pânico. Em quinze dias a fonte de renda secaria. E mais, os secretários da fazenda e ministros seriam levados a beber compulsivamente para esquecer a falta da receita dos impostos do álcool.
Por outro lado, guardas de fronteira e policiais estariam celebrando. Finalmente um crime que todos aprovam. Bares clandestinos, cerveja clandestina, e grandes propinas. Poderiam até prender ladrõezinhos e traficantes de droga de graça. Podiam abrir mão de salário. O mero fato da carteira de policial já lhes garantiria uma renda farta.
Boa sorte para o promotor. Mas que seu nome seja lembrado por todos. Se a cerveja ficar mais cara o nome da mãe dele será lembrado por milhões de brasileiros.
MALDADE
- Zé! Fala uma coisa ruim.
- Minha sogra!!!
- Não, sô!!! Coisa ruim de cumê!
- A fia dela!!!
ENVIADA POR APOLO