A Costa Rica decidiu livrar-se das Forças Armadas e vive muito bem sem elas
Declarações e notas da elite castrense divulgadas nos últimos dias mostram que alguns de nossos generais ainda não entenderam o que é democracia e menos ainda o papel das Forças Armadas em uma.
Primeiro foi o general Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da Secretaria de Governo, que, em entrevista à revista Veja, afirmou que não há risco de as Forças Armadas desferirem um golpe, mas alertou que o “outro lado” não pode “esticar a corda”. Queixou-se especificamente de comparações de Bolsonaro a Hitler.
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Receio que Ramos esteja desatualizado quanto ao nível de liberdades democráticas em vigor no país. Até onde vai a teoria, a oposição sempre pode esticar a corda (o fato de poder não quer dizer que deva), e todo cidadão sempre pode comparar qualquer um a Hitler (também não quer dizer que deva). Aliás, Bolsonaro não fez outra coisa que não esticar a corda desde que assumiu o poder.
Logo em seguida, o presidente Jair Bolsonaro e os generais Hamilton Mourão (vice-presidente) e Fernando Azevedo (ministro da Defesa) soltaram uma nota em que dizem que as Forças Armadas não aceitam tentativas de tomada de poder decorrentes de “julgamentos políticos”. Da última vez que abri a Constituição, vi que todos os cidadãos brasileiros estão obrigados a acatar decisões da Justiça, quer as considerem políticas, apolíticas, justas ou injustas. Pode-se discuti-las, lamentá-las, mas não desobedecer a elas.
Eu esperaria que, a essa altura, os militares tivessem aprendido mais sobre as virtudes da democracia. Seu valor, é oportuno lembrar, não está nas figuras que elege —Collor, Dilma e Bolsonaro não me deixam mentir—, mas nos meios não violentos que ela oferece para que nos livremos de maus governantes. Eles são o voto, processos penais e eleitorais e o impeachment, todos perfeitamente legais.
Em tempo, a Costa Rica decidiu livrar-se das Forças Armadas e vive muito bem sem elas.
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