Jair Bolsonaro transformou o flerte de sua Presidência com o golpismo num processo de corrosão da imagem do Brasil. Cada vez que o capitão dá uma de cachorro louco, confraternizando com apoiadores golpistas, envergonha o país no estrangeiro e constrange a cúpula militar.
As Forças Armadas trabalham para "manter a paz e a estabilidade do país, sempre obedientes à Constituição Federal", sentiu-se obrigado a esclarecer o general Fernando Azevedo e Silva, ministro da Defesa, numa nota oficial. A manifestação foi constrangedoramente imprescindível.
A nota é necessária porque o silêncio dos militares poderia soar como um aval para a presença de Bolsonaro na manifestação de domingo em defesa da intervenção militar, da reedição do AI-5 e do fechamento do Congresso e do Supremo. O texto constrange porque todos sabem que ele não deveria existir.
Assim como o perfume não precisaria ser inventado se não existisse o fedor, também a nota do Ministério da Defesa não teria sido redigida se Bolsonaro exibisse um comportamento compatível com o que se espera do chefe de uma nação democrática.
Sem mencionar Bolsonaro, o general Azevedo e Silva sinalizou o que o presidente deveria estar fazendo em vez de desperdiçar o seu tempo em manifestações antidemocráticas. Fez isso ao informar quais são, no momento, as prioridades das Forças Armadas.
O general escreveu que a crise do coronavírus requer o "entendimento e esforço de todos os brasileiros." Realçou que a tropa se equipa para combater o vírus, "inimigo comum a todos", e suas "consequências sociais".
O Brasil não teria sido pendurado de ponta-cabeça nas manchetes da imprensa internacional se Bolsonaro cultivasse os mesmos objetivos das Forças Armadas. O mal de um presidente declara "nós não queremos negociar nada" no meio de apoiadores hidrófobos e de miolo mole é o pessoal que observa de longe não conseguir distinguir quem é quem.
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