“Não adianta ser tigrão no Twitter e tchutchuca com caminhoneiro.” – Renan Santos, MBL
A Petrobras anunciou aumento de preços do diesel, mas veio a ordem de cima, determinando que era para cancelar tal aumento. Segundo O Antagonista, a decisão teria vindo do ministro Onyx Lorenzoni, que, preocupado com uma eventual greve dos caminhoneiros, teria ligado para Roberto Castello Branco, presidente da estatal, e mandado abortar o aumento.
Para piorar, o presidente fez uma declaração extremamente ignorante, dizendo que a Petrobras terá de convence-lo do aumento de 5,7% se a inflação projetada é inferior a 5%. Vergonha alheia! Momento Dilma do presidente, que não entende a diferença entre uma cesta de preços e um preço específico de uma commodity. Já ofereci meu curso online de economia básica ao então candidato Bolsonaro, que pelo visto não se interessou. A oferta continua de pé.
A maioria condenou a decisão, e as ações da Petrobras desabaram no mercado. Mas a turma bolsominion, que precisa defender sempre o governo e seu “mito”, saiu em campo para justificar o injustificável: é pragmatismo para aprovar a reforma!
Sério que tem gente defendendo o comentário estúpido e a medida absurda de Bolsonaro sobre preço do diesel como estratégia legítima de se evitar uma nova greve dos caminhoneiros? É sério isso?! Então, por pragmatismo, vale congelar preços e destruir os manuais de economia, como fazia o PT?
E tudo para evitar uma greve que, antes, quando não era governo, Bolsonaro ajudou a fomentar? A greve que seu ex-ministro Gustavo Bebianno ajudou a insuflar? A mesma que seu “chanceler do B” Filipe G. Martins viu como um belo ato revolucionário, enxergando um George Washington em cima de cada caminhão? Quem faz esse malabarismo dialético e adota esse duplo padrão difere do PT exatamente em quê?!
“Já falei que não entendia de economia”. Assim o presidente justificou sua medida petista de congelamento de preços do diesel. Ué, mas não tinha seu Posto Ipiranga para isso? Alguém acha que o liberal Paulo Guedes concorda com tabelamento de preços?! A conversão ao liberalismo, cada vez fica mais claro, era oportunista. Estatais continuam por aí, até mesmo a EBC e os Correios, que o ministro-astronauta se recusa a vender; temos populismo tarifário agora; e o presidente ainda se esquiva da responsabilidade alegando ignorância, sendo que é o presidente. Assim complica…
Os mesmos jacobinos que ontem condenavam o pragmatismo da articulação com o Congresso, que é simplesmente fazer política (nem velha nem nova), agora aplaudem congelamento de preços com base no argumento pragmático: vale tudo para evitar greves e aprovar a reforma. Ou seja, não pode negociar cargos e emendas com deputados, mas pode apelar para o populismo econômico e ficar refém dos caminhoneiros, cuja greve no passado foi aplaudida pelos próprios bolsonaristas? Quanta falta de coerência!
A cada dia, a cada tropeço do presidente, a cada incoerência, fica mais visível que há uma militância virtual disposta a embarcar junto nas contradições para defende-lo, não importa o que seja. E ainda partem para cima com sangue nos olhos, como chacais ou hienas famintas, para atacar os analistas independentes, aqueles de cujo futuro não depende bajular o presidente para preservar cargos públicos. São mesmo, como disse Janaina Paschoal, petistas com o sinal trocado…
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