Nas considerações finais de seu depoimento ao juiz Sergio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva traçou o roteiro de sua campanha para a Presidência em 2018.
Ele disse que é "vítima de uma caçada jurídica", que está sendo "julgado por um power point mentiroso", que "ninguém nunca foi tão atacado pela imprensa" e que "tem orgulho de ter feito a Petrobras ser uma empresa extraordinária".
Não vou entrar nos dois primeiros pontos, porque só o andamento dos processos em que o ex-presidente é réu vão demonstrar se o Ministério Público tem provas suficientes para condená-lo por algum crime.
Sobre o papel da imprensa, é natural que Lula se torne o foco da cobertura pela envergadura política que teve e tem no país, embora também seja verdade que existe muita notícia enviesada para ambos os lados.
Mas o que mais me choca é a declaração sobre a Petrobras, que é um absurdo de qualquer ponto de vista. Só não deu para entender se ele diz o que diz por ignorância, oportunismo político ou algo pior.
Nesta quinta-feira (11), a Petrobras divulgou um lucro líquido R$ 4,45 bilhões no primeiro trimestre, que marca o início da recuperação da companhia, depois de acumular R$ 71,6 bilhões de prejuízo em 2016, 2015 e 2014.
As gestões Lula e Dilma foram um desastre para a Petrobras. Não apenas pela corrupção (que não começou com o PT, mas que tomou proporções impressionantes com o partido), mas também por conta de má gestão.
Em seu depoimento a Moro, Lula diz que "tem orgulho de ter elevado os investimentos da Petrobras de US$ 3 bilhões para US$ 30 bilhões", mas esquece que isso provocou uma explosão na dívida da estatal, que chegou a US$ 100 bilhões.
Também não menciona que boa parte desses investimentos são projetos de refinarias que foram abandonados ou reduzidos, porque se tratavam de promessas políticas sem viabilidade econômica, que se tornaram apenas uma torneira de recursos para corrupção.
Lula afirma ainda que tem "orgulho da contratação de funcionários pela Petrobras". Nos governos Lula e Dilma, a Petrobras dobrou seu número de funcionários, chegando a mais de 400 mil pessoas, um inchaço enorme em relação a suas concorrentes.
Ainda vale lembrar que as investigações apontaram que o PT tinha um esquema com as terceirizadoras de mão de obra na estatal, que repassavam parte do dinheiro dos contratos para o partido.
"Se dentro da Petrobras, teve alguém que roubou, que pague pelo roubo, mas eu tenho orgulho do que fiz", arremata Lula.
Ele garante que não tinha ciência dos crimes na estatal, mas não explica porque quis perguntar a Renato Duque, ex-diretor da Petrobras preso há dois anos em Curitiba, se ele tinha conta no exterior e porque pediu ao tesoureiro do seu partido para marcar a reunião.
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