Mercado vive novo ciclo de colapso nos preços
Para enfrentar a maior crise da sua história, a Petrobras apresentou ao mercado um ambicioso Plano de Desinvestimentos, que prevê a venda de ativos de US$ 52 bilhões até 2018, sendo US$ 15 bilhões em 2015 e 2016.
O mercado de petróleo vive um novo ciclo de colapso nos preços. O atual ciclo guarda semelhança com o chamado contrachoque de 1986. Naquela época, como agora, o mundo viveu abundância de petróleo. Ou seja, a oferta superou a demanda. A principal explicação para a atual abundância é a revolução do chamado petróleo e gás natural não convencional ocorrida nos EUA. O advento do shale oil e shale gas recolocou o país como o maior produtor de petróleo e gás natural do mundo. Hoje, o petróleo não convencional representa 50% das reservas no planeta. Outro fato que diferencia o momento atual de 1986 é a chamada agenda ambiental. Hoje, os planos de negócio das petroleiras levam cada vez mais em conta a política do clima. A consequência disso é que, dificilmente, voltaremos a ter barril a US$ 100.
Esse cenário de preço de barril baixo vai dificultar a venda de ativos. O mercado de petróleo hoje está vendedor, e a Petrobras terá de enfrentar e concorrer com a venda de ativos semelhantes que está ocorrendo em países como a Colômbia e o México.
A ausência de regulamentações definidas em margem de refino, transporte de gás e infraestrutura de transporte, entre outros, cria ainda mais dificuldades para a Petrobras maximizar o valor de venda dos ativos.
Nos ativos onde há monopólio natural, seria oportuno aproveitar essa venda, para modernizar a regulação, atraindo concorrência entre investidores de qualidade e protegendo o consumidor do poder de monopólios privados.
O grande problema que o Brasil e a Petrobras enfrentam é o trade-off entre arrumar, sob o aspecto econômico e de regulação, os ativos para venda e a necessidade urgente de fazer frente à enorme dívida da empresa. Dá tempo para esperar? Difícil a resposta. Do ponto de vista da diretoria da Petrobras, não há tempo. Porém, causa preocupação a venda de ativos, em particular aqueles que são qualificados como monopólios naturais e possam criar uma desarrumação no mercado de óleo e gás no Brasil.
A venda recente de Carcará, campo do pré-sal, mostra uma diretoria disposta a encarar com coragem o problema da dívida da empresa. Até bem pouco tempo atrás, era um sacrilégio e mesmo uma traição ao Brasil falar de venda de campo no pré-sal. Segundo a empresa, a venda de Carcará faz todo o sentido, dadas as características do campo, e não compromete meta de produção. Mais do que nunca, depois dessa venda, o mercado aguarda ansioso o novo plano estratégico da Petrobras.
Um outro desafio que a empresa terá de enfrentar é em relação às bacias maduras, como a de Campos, que entraram em declínio acelerado, trazendo efeitos que comprometerão, essas sim, as metas de produção — além de ser devastador para as finanças dos estados produtores dessa bacia, como o Rio e o Espírito Santo. A Petrobras deveria assinar “contratos de serviço” com performance agreement com empresas especializadas nesse tipo de operação, como já ocorre hoje no Equador e na Argentina.
Adriano Pires é diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura
Para enfrentar a maior crise da sua história, a Petrobras apresentou ao mercado um ambicioso Plano de Desinvestimentos, que prevê a venda de ativos de US$ 52 bilhões até 2018, sendo US$ 15 bilhões em 2015 e 2016.
O mercado de petróleo vive um novo ciclo de colapso nos preços. O atual ciclo guarda semelhança com o chamado contrachoque de 1986. Naquela época, como agora, o mundo viveu abundância de petróleo. Ou seja, a oferta superou a demanda. A principal explicação para a atual abundância é a revolução do chamado petróleo e gás natural não convencional ocorrida nos EUA. O advento do shale oil e shale gas recolocou o país como o maior produtor de petróleo e gás natural do mundo. Hoje, o petróleo não convencional representa 50% das reservas no planeta. Outro fato que diferencia o momento atual de 1986 é a chamada agenda ambiental. Hoje, os planos de negócio das petroleiras levam cada vez mais em conta a política do clima. A consequência disso é que, dificilmente, voltaremos a ter barril a US$ 100.
Esse cenário de preço de barril baixo vai dificultar a venda de ativos. O mercado de petróleo hoje está vendedor, e a Petrobras terá de enfrentar e concorrer com a venda de ativos semelhantes que está ocorrendo em países como a Colômbia e o México.
A ausência de regulamentações definidas em margem de refino, transporte de gás e infraestrutura de transporte, entre outros, cria ainda mais dificuldades para a Petrobras maximizar o valor de venda dos ativos.
Nos ativos onde há monopólio natural, seria oportuno aproveitar essa venda, para modernizar a regulação, atraindo concorrência entre investidores de qualidade e protegendo o consumidor do poder de monopólios privados.
O grande problema que o Brasil e a Petrobras enfrentam é o trade-off entre arrumar, sob o aspecto econômico e de regulação, os ativos para venda e a necessidade urgente de fazer frente à enorme dívida da empresa. Dá tempo para esperar? Difícil a resposta. Do ponto de vista da diretoria da Petrobras, não há tempo. Porém, causa preocupação a venda de ativos, em particular aqueles que são qualificados como monopólios naturais e possam criar uma desarrumação no mercado de óleo e gás no Brasil.
A venda recente de Carcará, campo do pré-sal, mostra uma diretoria disposta a encarar com coragem o problema da dívida da empresa. Até bem pouco tempo atrás, era um sacrilégio e mesmo uma traição ao Brasil falar de venda de campo no pré-sal. Segundo a empresa, a venda de Carcará faz todo o sentido, dadas as características do campo, e não compromete meta de produção. Mais do que nunca, depois dessa venda, o mercado aguarda ansioso o novo plano estratégico da Petrobras.
Um outro desafio que a empresa terá de enfrentar é em relação às bacias maduras, como a de Campos, que entraram em declínio acelerado, trazendo efeitos que comprometerão, essas sim, as metas de produção — além de ser devastador para as finanças dos estados produtores dessa bacia, como o Rio e o Espírito Santo. A Petrobras deveria assinar “contratos de serviço” com performance agreement com empresas especializadas nesse tipo de operação, como já ocorre hoje no Equador e na Argentina.
Adriano Pires é diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura
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