Uma eleição para a presidência da Câmara em meio a um dos momentos mais conturbados da política em que o País convive com dois presidentes da República _ um de fato e outra de direito _, com um processo de impeachment em andamento, crise econômica e investigações lavando a jato episódios de corrupção envolvendo políticos de alta patente, tinha tudo para dar errado para o lado do governo. No entanto deu certo. Mais certo que o esperado pelo Palácio do Planalto.
O preferido era Rogério Rosso que acabou perdendo de lavada para Rodrigo Maia. Dócil e novato em seu primeiro mandato de deputado federal, Rosso seria a garantia de uma relação de paz. Para não dizer de submissão aos interesses do Poder Executivo. Já Maia, dará mais trabalho. Não porque tenha ideias oposicionistas em relação ao governo. A questão é a personalidade do deputado dado a atritos e imaturidades. Mas, diante da situação, esse é o menor dos problemas.
Os maiores deles estão resolvidos: o sepultamento do mito da influência de Eduardo Cunha, a volta do chamado centrão ao seu real tamanho e importância (um ajuntamento de nulidades) e a retomada de um ambiente minimamente orgânico em decorrência da vitória de forças mais tradicionais e organizadas. PSDB, DEM, PSB, PPS e parte do PMDB ficaram com Rodrigo Maia e é esse conjunto que tende a prevalecer. E a esquerda que também ajudou? Aí reside a ironia, levando em conta que esse grupo é contrário ao governo Temer, prega a tese do “golpe”, mas contribuiu com ele fazendo o papel de verniz na candidatura Maia. Não terá tratamento hostil, não obstante as hostilidades que continue produzindo. Afinal, uma cereja não garante o sucesso da receita, mas melhora muito a aparência do bolo.
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