sexta-feira, junho 24, 2016

Todo amor desta vida - PAULO DE TARSO LYRA

CORREIO BRAZILIENSE - 24/06

Antes mesmo da prisão do ex-ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, na manhã de ontem, em decorrência da Operação Custo Brasil, o presidente em exercício, Michel Temer, tinha decidido dedicar todo o seu carinho, afeto e atenção ao Senado, Casa que, em breve, julgará definitivamente o afastamento ou não da presidente Dilma Rousseff. Mais do que pedir a ministros e líderes governistas que cabalem votos entre os indecisos, Temer tem dedicado atenção especial aos políticos da Câmara Alta.

Mesmo tendo confidenciado a interlocutores que achou entediante o convescote, Temer fez questão de marcar presença no jantar oferecido pelo senador Zezé Perrela (PDT-MG) na noite de terça-feira. Sentou à mesa com o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), o líder do governo. Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), entre outros.

Riu, ouviu histórias e aproveitou para agradecer a Renan pela aprovação do texto original da lei das estatais, que impõe regras mais rígidas para indicações a cargos públicos. A Câmara desvirtuou a quarentena de três anos para a proibição de dirigentes partidários e sindicais ocuparem as funções públicas. Temer não chiou - não é seu estilo - mas deu um like para os senadores que restituíram a vedação original.

Não é só. O presidente em exercício também avocou, como se sempre tivesse sido sua, a pauta do Senado. Além da lei das estatais, estão no bojo a Lei dos Fundos de Pensão, as novas regras para o pré-sal, que tira da Petrobras a prerrogativa de operadora única. Prometeu também - onde for possível, claro, para não ferir a lei que defende - dar preferência para os afilhados políticos dos senadores.

Até mesmo a renegociação da dívida dos estados tem essa finalidade. Aliviar a vida dos administradores estaduais é bem-visto pela Casa responsável pelo debate federativo, ocupada por ex-governadores , futuros postulantes e presidida pelo pai do governador de Alagoas.

Quer mais amor? O todo poderoso Henrique Meirelles, czar da economia, jantará com a bancada de senadores na próxima terça-feira para explicar o que eles quiserem sobre o futuro do país. Temer faz tudo em busca do remédio que lhe tire da interinidade.

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