Não é pelo lado externo que residem os maiores desafios à retomada do crescimento da economia brasileira
O estrago é grande e há muito por consertar. Os principais indicadores do estrago estavam à vista de todos há muito: a paralisia da economia e o aumento do desemprego; a deterioração dos indicadores sociais; e a trajetória explosiva da dívida pública. A recessão se estenderá por 11 trimestres até o fim deste ano e, caso entre por 2017, será a maior e mais profunda retração econômica da história do Brasil. A correção do estrago depende tanto da evolução da economia mundial quanto da retomada da confiança dos consumidores e investidores.
Ao contrário do que muitos pensavam, a economia global não está tão ruim assim. A Grécia não foi excluída da zona do euro e da União Europeia. O país não provocou a debacle econômica da Euro- pa nem sua crise de liquidez contagiou outros países do continente.
Ao contrário do que muitos pensavam, os países do núcleo duro do G20 estão praticando uma coordenação informal de políticas macroeconômicas. A União Europeia, o Japão e a China puseram em prática políticas monetárias expansionistas para fazer face à crise. O Federal Reserve – banco central dos Estados Unidos – prudentemente reduziu o número de altas da taxa de juros programadas para este ano. Caso não o fizesse, estaria contribuindo para derrotar os esforços das demais grandes economias para retomar o crescimento global.
Ao contrário do que muitos pensavam, a China não se tornou um problema para a economia mundial. O “novo normal” chinês, com a mudança de estratégia de privilegiar o investimento e a produção para a exportação por outra, calcada no consumo interno, está ocorrendo com um soft landing, uma desaceleração suave do crescimento – que ainda se situa, conforme os dados do primeiro trimestre deste ano, na ordem de 6,7% ao ano.
Tampouco a mudança na política cambial chinesa iniciou um processo de “desvalorizações competitivas”. Ajustada a paridade cambial a uma cesta de moedas de seus principais parceiros, o valor do renminbi está flutuando em torno de 6,45 renminbi por dólar. Esse valor não difere muito da paridade cambial de 6,48 vigente nas semanas que se sucederam à desvalorização de agosto do ano passado.
Da mesma forma, após perder US$ 100 bilhões mensais de suas reservas internacionais entre novembro de 2015 e janeiro de 2016, a saída líquida de divisas do país estabilizou-se em torno de US$ 30 bilhões nos dois meses seguintes – perda confortável para quem dispõe de reservas da ordem de US$ 3,3 trilhões.
Incertezas. Nem tudo são flores no cenário externo, contudo, já que incertezas persistem. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta uma retomada mais saudável da economia mundial somente em 2017. Mas, a despeito disso, o quantum das exportações brasileiras aumentou 37% na comparação de fevereiro deste ano com fevereiro do ano passado – compensando com folga a perda de 19% no índice de preços das exportações.
Não é pelo lado externo, portanto, que residem os maiores desafios à retomada do crescimento. O encaminhamento da solução para a crise política ajuda, por reduzir as incertezas. Ajuda também o fato de as taxas do CDS brasileiro (instrumento financeiro utilizado para compensar o comprador na eventualidade de calote do devedor) terem se reduzido dos 500 pontos básicos, em janeiro de 2016, para a faixa dos 320 pontos, atualmente.
Consertar o estrago passa por resolver os problemas mais imediatos, como restabelecer a confiança dos agentes econômicos de que há luz no fim do túnel. As tão adiadas reformas terão de sair do papel. O crescimento explosivo da dívida pública deverá ser estancado. O investimento privado, retomado.
Tão importante quanto, o novo governante deve ser mais que um gestor; o momento requer um líder. O gestor, por mais competente que seja, decide apenas o que fazer; o líder motiva as pessoas a desejarem o que precisa ser feito. Sem essa liderança, não será possível retomar o diálogo entre o Poder Executivo e o Congresso Nacional, indispensável para passar as medidas que permitirão a retomada do crescimento e do emprego.
O estrago é grande e há muito por consertar. Os principais indicadores do estrago estavam à vista de todos há muito: a paralisia da economia e o aumento do desemprego; a deterioração dos indicadores sociais; e a trajetória explosiva da dívida pública. A recessão se estenderá por 11 trimestres até o fim deste ano e, caso entre por 2017, será a maior e mais profunda retração econômica da história do Brasil. A correção do estrago depende tanto da evolução da economia mundial quanto da retomada da confiança dos consumidores e investidores.
Ao contrário do que muitos pensavam, a economia global não está tão ruim assim. A Grécia não foi excluída da zona do euro e da União Europeia. O país não provocou a debacle econômica da Euro- pa nem sua crise de liquidez contagiou outros países do continente.
Ao contrário do que muitos pensavam, os países do núcleo duro do G20 estão praticando uma coordenação informal de políticas macroeconômicas. A União Europeia, o Japão e a China puseram em prática políticas monetárias expansionistas para fazer face à crise. O Federal Reserve – banco central dos Estados Unidos – prudentemente reduziu o número de altas da taxa de juros programadas para este ano. Caso não o fizesse, estaria contribuindo para derrotar os esforços das demais grandes economias para retomar o crescimento global.
Ao contrário do que muitos pensavam, a China não se tornou um problema para a economia mundial. O “novo normal” chinês, com a mudança de estratégia de privilegiar o investimento e a produção para a exportação por outra, calcada no consumo interno, está ocorrendo com um soft landing, uma desaceleração suave do crescimento – que ainda se situa, conforme os dados do primeiro trimestre deste ano, na ordem de 6,7% ao ano.
Tampouco a mudança na política cambial chinesa iniciou um processo de “desvalorizações competitivas”. Ajustada a paridade cambial a uma cesta de moedas de seus principais parceiros, o valor do renminbi está flutuando em torno de 6,45 renminbi por dólar. Esse valor não difere muito da paridade cambial de 6,48 vigente nas semanas que se sucederam à desvalorização de agosto do ano passado.
Da mesma forma, após perder US$ 100 bilhões mensais de suas reservas internacionais entre novembro de 2015 e janeiro de 2016, a saída líquida de divisas do país estabilizou-se em torno de US$ 30 bilhões nos dois meses seguintes – perda confortável para quem dispõe de reservas da ordem de US$ 3,3 trilhões.
Incertezas. Nem tudo são flores no cenário externo, contudo, já que incertezas persistem. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta uma retomada mais saudável da economia mundial somente em 2017. Mas, a despeito disso, o quantum das exportações brasileiras aumentou 37% na comparação de fevereiro deste ano com fevereiro do ano passado – compensando com folga a perda de 19% no índice de preços das exportações.
Não é pelo lado externo, portanto, que residem os maiores desafios à retomada do crescimento. O encaminhamento da solução para a crise política ajuda, por reduzir as incertezas. Ajuda também o fato de as taxas do CDS brasileiro (instrumento financeiro utilizado para compensar o comprador na eventualidade de calote do devedor) terem se reduzido dos 500 pontos básicos, em janeiro de 2016, para a faixa dos 320 pontos, atualmente.
Consertar o estrago passa por resolver os problemas mais imediatos, como restabelecer a confiança dos agentes econômicos de que há luz no fim do túnel. As tão adiadas reformas terão de sair do papel. O crescimento explosivo da dívida pública deverá ser estancado. O investimento privado, retomado.
Tão importante quanto, o novo governante deve ser mais que um gestor; o momento requer um líder. O gestor, por mais competente que seja, decide apenas o que fazer; o líder motiva as pessoas a desejarem o que precisa ser feito. Sem essa liderança, não será possível retomar o diálogo entre o Poder Executivo e o Congresso Nacional, indispensável para passar as medidas que permitirão a retomada do crescimento e do emprego.
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